"Isso é apenas o começo, cunhada"

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Depois do que pareceu uma eternidade, encarando e sendo encarada por aqueles olhos incrivelmente azuis, Angelina conseguiu vencer o torpor o suficiente para forçar algumas palavras saírem da boca. O que não foi lá grande coisa, pois acabou por soar tão insegura quanto se sentia, quando na verdade, estava se esforçando ao extremo para aparentar firmeza. Ela sabia, qualquer mínimo deslize poderia colocar tudo a perder.

— Des-desculpe-me. — gaguejou, afastando-se.

— Desculpe-me também, senhorita Blogorodna. — Liam respondeu rapidamente. — Afinal, você não foi a única que esbarrou em mim. — pausou propositalmente, sabendo o efeito de suas palavras. — Eu também esbarrei em você.

O sorriso que pontuou a última frase era quase como se dissesse "esbarrei em você de propósito".

Mas não, não podia ser. Ou podia? Angelina tinha dúvidas, pois nada do que vira e ouvira em relação àquele homem era certo para si.

— Tudo bem. — sorriu hesitante, não sabendo nem minimamente se portar perante àquela altura, força e beleza!

— Se me permite dizer... — o homem fez outra pausa, sem dúvida novamente premeditada, para causar um efeito maior com a próxima afirmação: — Está encantadora, senhorita Blogorodna.

Ai Deus, como lidar com isso?

Não era como se Angelina nunca tivesse sido alvo de elogios, galanteios e flertes. Ela até gostava. Branimir, um dos atendentes da lanchonete da universidade, por exemplo, era o seu mais querido paquera. Além de ser um jovem muito atraente; com seus belos olhos verdes, cabelos castanhos encaracolados e porte atlético, ele sabia como fazer uma garota se sentir bonita e valorizada, mas era sempre muito respeitoso. E o mais importante; sem segundas intenções. Desde sempre, ele e Angelina tinham uma espécie de acordo tácito de que o que rolava entre os dois era apenas brincadeira. Nada ofensivo ou qualquer promessa de desenvolver algo mais. E com aquilo, ela sabia lidar muito bem.

Porém, tais palavras elogiosas e um tanto provocativas, saindo da boca de um homem que parecia ser maior do que a própria vida, e que, certamente era perigoso, mostrava-se ser algo intenso, e Angelina não conseguia lidar em totalidade. Não sabia ser uma mulher vivida e esperta ao ponto de devolver o elogio ou mesmo pular para a próxima etapa dos flertes.

Ela também não conseguia evitar que seu rosto queimasse de embaraço quando se via em tais situações. Aquilo era algo que Lucas havia lhe dito algumas vezes que deveria aprender a domar, apesar de que, poderia também ser um charme, uma mostra da inocência e docilidade da melhor amiga. Mas poderia queimá-la de tantas formas... E agora mesmo, Angelina sentia como se suas bochechas estivessem pegando fogo! Assim sendo, preferiu a saída mais comum e segura de todas. Agradeceu, e tratou de se afastar.

— Obrigada — ela fez menção de seguir seu caminho, mas parou quando a voz de Liam se fez ouvir novamente.

— Por que está ruborizada? — estreitou os olhos, deixando a jovem ainda mais abismada, pois nem fazendo uma espécie de careta ele ficava menos atraente. Por que aquele homem tinha que ser tão malditamente bonito?! — Uma mulher bonita como você, é sem dúvida, merecedora de todos os elogios. — falou com a naturalidade de quem diz que o Sol brilha, mas também queima. — E deve se acostumar com eles.

Boom, boom, boom.

O coração de Angelina foi a mil, ao ouví-lo referir-se a si como sendo uma mulher bonita, merecedora de todos os elogios. Caramba, se ela bem não soubesse o quão a situação era tensa, poderia pensar que Liam Schroeder, assim como seu chefe na Beaumont, estava cantando-a, com o único intuito de entrar em suas calcinhas de modo mais fácil, como diria Dara.

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