Cheiro de Mar - VegasPete

4 - Cheiro de Mar

VEGAS

Acordar é a pior coisa que eu gosto de fazer, não tenho um motivo para levantar e viver o dia. Meu irmão ainda é muito pequeno, e se não fosse por Macau, eu já teria saído de casa a muito tempo.

Uma família rica que só pensa em dinheiro, eu sou gay, e isso nem deveria ser um motivo de alarde na sociedade em que vivemos, Ômegas, alfas, todo tipo de gênero possível. Mas meus pais têm uma grande expectativa sobre mim, bem provável que eles tentaram marcar algum casamento arranjado com uma mulher influente quando eu terminar a faculdade.

Eu era cobrado por tudo já pequeno, eu apanhava porque Kinn aprendeu a andar de bicicleta primeiro que eu, apanhei porque Kinn era o primeiro da classe, eu apanhava por tudo, por falar em algum tom fora do aceitável, por não ser tão alto de altura como Kinn, se não fosse pela tia Khunn mãe do Kinn, eu estaria sem andar até hoje.

Eu vivia com a perna quebrada, com o braço, a costela, meu pai é uma pessoa que gosta de bastante de contato físico quando expressa suas emoções, e minha mãe, bom, ela concordava com tudo.

Eu odeio minha mãe, que as vezes quando me perguntam qual era o nome dela, eu não sei nem dizer, quando ela casou ela era uma modelo internacional, fez algumas novelas, e ainda fazia participações em alguns programas de variedades, ela aparentar ser muito jovem.

Já "pa" foi alguém muito importante no meio social, conquistou muitas coisas, era um empresário bem-sucedido, mas por seu mérito? Não mesmo, ele usou e abusou do nome da família Theerapanyakul do dinheiro do vovô, mas agora estava velho, e isso deixa ele desesperado, com medo de perder sua fortuna, como se o dinheiro que o vovô Korn tem fosse acabar.

Macau acabou de fazer 2 anos, ele é incrivelmente carinhoso, mas na frente de "pa" ele já entendeu que tem que agir como um idiota para não se destacar de mais, e acabar sendo o centro das atenções.

Eu sei que as vezes sou rígido de mais com meu irmão, mas se aqueles dois chegarem em casa e ele está fazendo algo que os desagrade, eles acabam de alguma maneira fazendo Macau chorar, e eu não suporto isso.

Então Macau acabou ficando depende de mim de uma certa maneira, e eu dele, ele ainda não come sozinho, não sabe se vestir, mais infantil que as de mais crianças, e um pouco chorão, ele é um bebezinho ainda, e eu não me importo com isso, só quero preservar ele da realidade que é a nossa vida de merda.

Me pergunto onde meus pais estão agora? Porque foram viajar faz dois meses e nunca mais voltaram me deixando sozinho com meu irmão. Estou procurando uma empregada para me ajudar nisso, mas está sendo difícil.

Eu tenho minhas manias, e se não for assim, temo que tudo saia do controle e quando aqueles dois voltarem eu acabe apanhando. "pa" levantou uma vez a mão para Macau, "criança inútil, isso era caro, sabe quanto custou?" Macau estava engatinhando e bateu em uma estátua que ele tinha trazido de suas viagens, o coitadinho foi tentar se segurar para ficar de pé, e acabou derrubando e quebrando, "nem andar com as pernas sabe ainda, esse garoto deve ter problemas", sim ele tem vários, e o principal era ter pais tão horríveis. 

Macau só tinha medo, ele entendeu que tudo que ele fazia e saia errado, alguém gritaria com ele, então ele tinha medo, e estava só um pouco atrasado, mas o medico disso que um ambiente calmo e acolhedor vai fazer ele desenvolver mais rápido, depois disso cada passo que eu dou é meticuloso, tenho que proteger meu irmão que é mais meu filho do que irmão.

Macau quando nasceu era virado em olhos, tão grandes e brilhantes, a primeira coisa que eu disse, foi... "ouh que olhos", mas de forma positiva, eu era todo miudinho para um Alfa, Macau provavelmente teria o corpo de "pa", moreno, grande e seria alto, e isso era bom, mas mamãe achou que eu estava dizendo que ele era disforme, e passou a odiar tudo em Macau. "olha esse menino, saiu de mim?" "esse nariz, é igual aos olhos enorme, que vergonha", e desde então sou eu que dou banho, comida, mamãe nunca deu de mama para o meu irmão, ela não queria estragar o corpo, então sim eu sempre vou proteger como se fosse meu próprio filho.