XXI

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O som das gotas da recente chuva era o único barulho, fora sua respiração, que ele ouvia. Era a única companhia naquele lugar.

Quando decidiu afastar-se de tudo e todos, somente Say e Rubens sabem de seu paradeiro, ele pensava que conseguiria esquecer de tudo. Do real motivo por seu afastamento. Tinha medo do que as pessoas que amavam sofressem se ele permanecesse. Nem mesmo Rubens sabia de toda a verdade, somente Say.

Não tenho alguém que eu possa dar meu coração, ou que valha minha dor. Os únicos que eu tinha, se foram.

Foi o que ela lhe disse na primeira noite. Ele sempre se surpreendia com a amiga, muito nova, mas sabia mais do que muitos velhos. Tinha sofrido muito. Se lembrava dela ainda criança deitada em seu colo enquanto derramava lágrimas e mais lágrimas. Naquele dia ela tinha lhe confidenciado uma promessa que fizera. Ele havia achado absurdo tal promessa, mas entendia o motivo que levou a fazê-la. O destino tinha sido cruel com sua amiga, que ainda tão nova há tanto peso para carregar em seus ombros.

- Eu preciso vê-la - sussurrou para as paredes rochosas da caverna.

Próximo a fogueira, pegou sua capa e vestiu-se antes de abandonar a caverna, seu presente lar, ainda com algumas finas gotas caindo do céu.
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Andry chegou na casa de Amélia um pouco molhado. O tempo a surpreendeu enquanto tomava seu caminho de volta para casa, presenteando-a com uma chuva repentina pós fracasso. Sua visita a Say serviu apenas para uma coisa: nada. Voltem sem resposta para suas respostas. Além de que havia sido ameaçada. Agora realmente não sabia quem era Say. Aliada ou inimiga?

Assim que chegou, foi recepcionado por uma cachoeira de perguntas. Tais como: '' Onde você estava?'' ou '' Por que não avisou?''. Após conseguir, finalmente, livrar-se das perguntas, Andry somente pensava em uma única coisa. Sono.

Seu corpo estava exausto, mesmo sem que Andry soubesse onde tinha ficado tão desgastada. Ele clamava por um macio colchão e cobertas quentinhas. Era isso ou tornar-se um zumbi sonolento pela casa, então apenas pediu um rápido ''com licença'' e caminhou para o quarto onde estava instalada. A cama parecia chamar seu nome, então deixou que o cansaço falasse mais alto e dormiu.
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Say estava sentada próxima a janela, fitando a dança silenciosa das chamas da lareira. Agora, a casa parecia ser enorme para somente ela morar, não tinha outra respiração a não ser a sua, nem outra voz a não ser a dela. E como sua única visita era sua não tão preferida bruxa, ela apenas contentava-se com o silencio e vazio de sua vida.

O som de um graveto sendo quebrado a despertou de suas quase lamentações, capiturou sua atenção. Com isso ela virou para fitar a janela, onde alguém coberto por uma capa quase negra se aproximava. Ela sabia quem era, somente ele viria nessas condições. Andou até a porta e destrancou a fechadura, abrindo-a em seguida, e assim que viu aqueles olhos cinzas brilhante como um céu nubloso, um pequeno traço de um sorriso surgiu em seu rosto, tão pequeno que mal pode ser notado por ele. Ela apenas sedeu passagem, ele entreu sem cerêmonias, m seguida ela fechou a porta, mas antes certificou-se de que não havia ninguém por perto.

- Então querida como está? - perguntou. Ela revirou os olhos enquanto ele apenas riu, ele sabia o motivo por isso, o fato de tê-la chamado de querida.

- Na medida do possível. No andar de cima há roupas secas e outra capa - avisou e apontou o dedo indicador para a escada de madeira escura, com alguns quadros emoudurando as paredes.

A profecia de SamanthamOnde histórias criam vida. Descubra agora