XXII

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Os sons dos próprios passos a acalmava. A floresta foi um bom refúgio, tinha grande espaço e estar cercada por natureza a fazia se sentir um pouco mais livre de costume. Ela sabia que logo teria de voltar para casa, pois haveria um chá mais tarde com Margareth, a princesa. Para isso precisaria estar como de costume: neutra, calma e educada. Não que tivesse motivos para não gostar da princesa, Margareth era um amor de jovem.

- Andando sozinha Say? - uma voz questinou, conhecia aquela voz, ou melhor, o dono dela muito bem.

- Olá Vossa Alteza Real - cumprimentou segurando a vontade de chamá-lo de babaca.

- Sem formalidades Say - pediu - Uma carona?

- Seria uma honra, preciso buscar uma amiga. Incomoda-se duas garotas animadas em seu cavalo? - perguntou rindo da expressão confusa do principe.

- Não. Amiga nova? - perguntou estendendo a mão para ajudá-la a subir no seu cavalo. Alguns segundos depois sai estava perfeitamente montada, com as mãos arrodeadas em sua cintura.

- Digamos que sim - respondeu antes deles começarem a galopar pelas árvores da floresta próxima a casa de Say.
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Andry acordou renovada e totalmente disposta. Estava tão disposta que não implicou com Christian e até mesmo acompanhou a mãe no mercado, também arrastou Christian, literalmente, de casa para fazer companhia as duas e protege-las.

- Ainda não acredito que você me arrastou - falou chateado enquanto andava lado a lado da mãe.

- Se você treinasse sua mágia teria impedido-me - disse enquanto o puxava para um rápido abraço que lhe foi negado. Ela ficou triste e manteu-se o resto do caminho em silencio, sem icomodá-lo.

Naquela manhã os dois haviam discutido, ele e Helena. Estava sendo mais dificil para Christian, ele além descobrir ser um bruxo e saber de toda a verdade, ele havia entrado em um lugar desconhecido e de brinde havia ganhado uma irmã biológica metida em uma profecia antiga feita por uma bruxa a beira da morte. Andry sentiu-se egoista pelo fato de desde que chegou focou em uma maneira de descobrir coisas, sobre a profecia e até mesmo sobre Say, uma desconhecida que não tinha nada haver com seu desespero e seu medo de não ser capaz de cumprir a profecia, o medo de falhar. Precisava desculpar-se com Christian, com Say e tentar recomeçar com ambos.

- Sinto muito, sei que estou sendo egoista. Te trouxe para cá, te meti em algo que você não tem nada haver e me esqueci que está sendo difícil para todos - falou baixo, enquanto mantia a cabeça baixa, olhando para a rua de pedra sob seus pés.

- Não estou com raiva, estou...somente estou preocupado, preocupado com tudo - revelou e Andry levantou sua cabeça pada olhá-lo. Viu os olhos acinzentados do irmão gêmeo transmitia uma nova emoção, medo, coisa nunca vista por ela em Christian, bem mais corajoso do que ela.

- Também estou com medo - confessou - Tenho medo de falhar.

- Amélia conversou comigo, disse que você terá tempo para treinar e que sairá tudo bem. Talvez ela esteja certa, mas sozinha você não consegue. Não se ofenda, só que...- deixou a frase morrer no ar e enquanto Helena caminhava na frente em direção as primeiras barracas do mercado, Andry aproveitou a oportunidade de privacidade e o puxou para um abraço, um abraço de saudades.

- Eu sei, realmente sozinha eu não consigo, preciso de você, da sua ajuda - confessou. Sentiu-se mais leve após fazer as pazes novamente com o irmão.

Christian queria que fosse ele no lugar de Andry, ela sempre foi sua irmãzinha. Sempre foram os três, ele, Andry e Jully, os três mosqueteiros nas brincadeiras de infância. Andry foi privada de muitas coisas, do amor da mãe, da verdade sobre si mesma, até mesma que os dois eram irmãos biológicos, mesmo que o sangue nunca fosse um problema entre eles. Preferia morrer em seu lugar do que passar os dias sem poder mais ouvir seus isultos, ironias, sem poder implicar com ela. Seria uma tortura.

A profecia de SamanthamOnde histórias criam vida. Descubra agora