Start Over - WinRina

08

Winter's pov:

"Ouvir você não me assusta. Nem um pouco. Se a situação e o momento fossem diferentes, poderíamos dar uma chance a isso de verdade."

Ela me ajudou quando não tinha a menor obrigação de fazer isso.

Eu não consigo entender. Eu não consigo processar o que aconteceu na noite anterior. Yoo Jimin, a garota que tem facilidade em me irritar, me ajudou a passar por um momento de crise. Por que ela faria uma coisa dessas? Por que estendeu a mão e me acolheu em seus braços?

Tudo que eu sei sobre ela parece ser o oposto de suas ações, mas mesmo assim... Estou confusa, sem saber como esclarecer as coisas.

Além da irritação que sinto por Jimin e tudo que ela representa, também sinto uma enorme gratidão. Como isso é possível? Como eu posso ficar irritada e me sentir grata a ela ao mesmo tempo?

Eu não sei como me sentir, então opto por não sentir nada e volto a minha leitura, que é a única coisa sobre a qual eu tenho algum controle. E, nesse momento, eu preciso sentir um pouco de controle.

Mesmo assim, enquanto eu leio, os olhos dela vem à minha mente. Aqueles olhos castanho-esverdeados e intensos que sempre parecem enxergar através da minha alma.

Eu gostaria que ela não parecesse tão perfeita.

Minha mente fica dividida quando eu penso em Jimin. Uma parte de mim sente uma enorme gratidão pela forma como ela ficou ao meu lado. Eu quero acreditar na bondade que ela demonstrou e confiar que havia feito isso simplesmente porque tem um bom coração. Só que outra parte queria que ela não tivesse me ajudado porque isso faz com que eu me sinta em desvantagem. É como se ela tivesse sido feita para estar comigo... Só queria permanecer em seus braços, esquecer os meus problemas, ficar na companhia de outra pessoa.

Mas eu não posso permitir que isso aconteça. Não importa como.

Ouço uma batida leve na porta, e odeio a maneira como levanto a cabeça na maior expectativa e como meu coração fica um pouco mais acelerado.

Então lembro que Jimin não bate. É Hayun.

— Você parece cansada — ela murmura, enquanto entra na biblioteca.

— É. — Esfrego os olhos. — Não tive uma noite muito agradável.

Ela assente com a cabeça.

— Jimin também não teve. Ela levantou cedo e foi direto para a faculdade.

Eu me seguro para não pedir mais informações. Será que Jimin contou a ela o que aconteceu? Vasculho o rosto familiar da governanta com cuidado, procurando por algum sinal, mas ela se mantém calma e sem expressão, como sempre. Gosto disso nela. É uma das poucas pessoas que aprendeu a conviver comigo respeitando meu espaço.

Por um segundo, no entanto, eu gostaria que ela perguntasse. Gostaria que alguém perguntasse o que aconteceu. Como estou. Algo além do cansativo “precisa de alguma coisa?”.

É claro que eu preciso. Preciso superar o que aconteceu.

— Sua psicóloga acabou de chegar. Ela está aguardando você na sala — comunica Hayun, já se dirigindo à porta.

— Tudo bem — digo.

Hayun aperta os lábios.

— Você vai ficar bem. Quero dizer, não vai acontecer do nada, mas...

Tecnicamente, ela está falando comigo, mas sei pelo seu tom de voz que está tentando convencer a si mesma das suas palavras.

Olho para ela.