| Eᴘɪ́ʟᴏɢᴏ |

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O semáforo em frente ficou vermelho e por este motivo Heejin precisou parar com cuidado o veículo. Quando fez isso, soltou uma risada vitoriosa e se gabou mais uma vez em voz alta sobre como havia melhorado muito desde que tirou oficialmente a carteira, alguns meses atrás — isso depois que ela reprovou cerca de cinco vezes, mas esse detalhe é algo que não precisava ser comentado.

Em resposta pelo exagero da vez, Heejin ganhou apenas um revirar de olhos do sobrinho ao invés de elogios. O beicinho em seus lábios serviu para ganhar um selinho da esposa, em compensação, pelo menos, antes de ela mesma mudar o clima dentro do automóvel.

— E aí, pirralho, já conseguiu corrigir tudo? Ou quer que eu dê mais uma volta no quarteirão? — Heejin perguntou com um sorriso brincalhão, abaixando o óculos escuro no cenho para olhar o adolescente no banco de trás.

— Eu consegui. Mas... — Jeongin esticou a mão para cima antes que a pequena Aeri de quatro meses, na cadeirinha ao lado, tentasse agarrar sua caneta outra vez. — Não me sinto muito confiante, eu confesso.

— Não quer ler pra gente rapidinho antes de chegarmos na sua escola? — Hyunjin perguntou, se virando para entregar um gatinho de pelúcia para distrair a garotinha.

Aeri soltou uma gargalhada quando agarrou a pelúcia com suas mãozinhas e abraçou o gatinho, mas a pequena ainda se mantinha atenta e curiosa na conversa sempre que escutava as vozes das mães e do primo, assim como sua irmãzinha dois meses mais velha, Yujin. A outra pequena integrante da família estava em sua cadeirinha também, um pouco mais quietinha, abraçada ao seu coelho de pelúcia.

— N-Não precisa, tia!

— A Nay me contou que é tipo uma redação sobre as pessoas que ele admira. — Heejin explicou, voltando a dirigir antes de explicar para a esposa o motivo do adolescente estar corado. — Ele está tímido porque é sobre a gente. O que fizemos nesses últimos anos depois do terceirão, na questão de carreira profissional e um pouquinho da vida pessoal. Como ele se inspira e essas coisas.

— Isso explica as entrevistas repentinas.

Hyunjin sorriu para tranquilizar o Jeon e Heejin riu nasalada da reação do garoto. Ela estacionou perto da entrada do colégio do sobrinho e com um sorrisinho travesso, se virou para o garoto.

— Oh, chegamos cedo, dá tempo de cê ler!

Jeongin olhou pensativo para as duas mulheres por um tempo enquanto seus dedos da mão livre mexiam em seus fios escuros na parte de trás da nuca. Constrangido demais para ler o texto em voz alta, foi de maneira envergonhada que ele pegou o caderno que estava em seu colo e o entregou para Hyunjin.

Quando o garoto retirou o cinto de segurança e virou o corpo para o lado, começando a brincar com suas priminhas em silêncio. Heejin tirou o óculos escuro da face e se acomodou melhor ao lado da esposa para que ambas pudessem ler o texto.

"Fiz muitas entrevistas ao longo de duas semanas, porque eu não tenho apenas uma pessoa como inspiração, assim como escutei a maioria comentando por aí. Pasmem ou não, mas eu tenho doze mulheres incríveis como inspiração! Então, sim, tive bastante trabalho para tentar fazer um resumo do aprendi com elas, e não só com o que ouvi nessas últimas duas semanas.

Inicialmente, quando fiz algumas perguntas referentes ao tema deste trabalho, elas me disseram de maneira gentil que quando nos formamos e saímos daquela rotina maçante do colégio, percebemos que, além de estarmos desempregados, os dias se passam rápidos demais. E, inevitavelmente, muitas coisas mudam já que a transição de adolescente para a vida adulta não é tão simples. Acho que elas perceberam minha expressão de desespero, porque então cada uma me acalmou dizendo que: "Mesmo com essas dificuldades que vêm, muitas coisas boas acontecem!"

Cʜᴀᴏᴛɪᴄ | LᴏᴏɴᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora