Gás do medo. Kara conhecia bem a substância química do meta horripilante de Gotham, sabia do que ela era capaz de fazer com o cérebro humano. Porém, ela não era humana, não tinha como ser afetada exatamente da mesma forma. Mas isso não significa que nada aconteceu, pois assim como o esperado, algo se fez sim presente em sua mente. Nos breves segundos que se manteve paralisada com o olhar perdido pelo espaço, se tornou possível embarcar em uma visão que voltou a lhe machucar como não acontecia há algum tempo. As lembranças eram dolorosas, mas reviver tudo era muito pior.
Naquele momento, minutos antes de demonstrar quem ainda continha todo o poder, A super se viu em uma nova situação ao lado de sua amada, onde outra vez não foi capaz de salvá-la. No fim, seria sempre esse o seu único maior medo, mas que agora só era visto como a sua grande dor. Não conseguir salvar a Luthor era como um castigo para ela mesma, e estava longe de se tornar uma ferida cicatrizada. O Espantalho só mexeu no que estava quieto, e para isso, pagou com a própria vida. Porém, o modo como a última filha de Krypton despejou a sua falta de sentimentos sobre o homem, causou uma onda de espanto muito grande. Dessa forma, abraçando a oferta que o seu superior não quis, os demais presentes naquela sala não faziam mais parte da linha comandada pela Zor-El. A partir daquele momento, após serem liberados de todos os seus afazeres, cada um ali se rebaixada a um simples cidadão de suas próprias cidades.
Sem se preocupar com o que fazer com o corpo estirado aos seus pés, Kara se perguntou o que faria para conter todo o problema causado pelo meta, pois em sua mente, estava claro que teria de lidar com uma possível mudança de lado dos Corvos. Com isso, a loira respirou fundo ao limpar suas mãos antes de retornar para o seu lugar de descanso. Precisava pensar, encontrar algo que finalmente pudesse lhe ceder paz e tranquilidade em um mundo limpo e agradecido. Não aguentava mais ter que prolongar aquela batalha final contra a resistência de heróis, estava mesmo na hora de aterrar todas as mínimas ameaças que pudesse existir contra o seu legado.
Legado, essa era mesmo uma palavra chave para tudo o que vinha acontecendo ali, mas não era apenas isso. Afinal, todos defendiam alguma coisa, todos queriam salvar e proteger a Terra. E com base nos estudos de Sara Lance, todos queriam resgatar um legado que vinha sendo destruído devido às péssimas escolhas feitas pela última Kryptoniana viva. Era um trabalho duro, difícil de se alcançar êxito. Mas apesar de tudo, as coisas começavam a balancear para o lado certo daquela guerrilha interna. Ao menos foi isso o que pareceu quando aquele contato foi estabelecido.
Dentro da força dirigida pela Super, demorou para que o saber sobre o que aconteceu com o Espantalho se espalhasse. Ela não disse nada a respeito, mas o único capanga do meta que ficou para trás não mediu o cumprimento da própria língua. Antes que Kara pudesse tocar o solo do apartamento, as notícias já corriam soltas por todo o prédio. O que fazia alguns se questionarem até onde havia veracidade naquela história, enquanto outros não pensavam duas vezes antes de pedirem por licença daquela força miliciana. Metade dos agentes Corvos foram embora. Entre eles, o diretor de comando Jacob Kane.
Quando levou seu comunicado aos ouvidos da Kryptoniana, o homem respirou fundo diante os próprios motivos para não poder continuar ali. Afinal, apesar de muito odiar a figura de proteção que Gotham oferece, ele jamais poderia permanecer naquela caça mortal com aquele saber. Sua filha era um limite que o Kane não estava disposto a ultrapassar, e depois de ter perdido tanto, não podia levar nas mãos o saber de que tudo foi novamente sua culpa. Já havia errado o suficiente com um lado da família, não precisava cometer os mesmos erros com o que restou dela. Retornar para casa era mesmo a sua escolha ideal para aquelas circunstâncias, e apesar de tudo, Kara não pensava em tirar isso dele. Independente do que viesse pela frente, naquele momento o caminho escolhido pelo homem não era de responsabilidade de ninguém, senão dele mesmo. E com isso a super respirou fundo.
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Terra 23
Fiksi Penggemar"[...] Daquele dia em diante, pelos seus feitos e pelo símbolo que mantinha estampado em seu peito, ela passaria a carregar o título de Supergirl. Não somente a prima do Superman, como também, alguém tão capaz de salvar o mundo quanto o próprio. [...