ESFERAS ( Em Andamento )

CAPÍTULO 5

  —Todos já estão aqui? Acho que não falta ninguém, então vamos tomar aqui as devidas decisões—Pronunciou Olivia iniciando a reunião com os responsáveis com a busca de mantimentos e das outras áreas—Hoje tive uma conversa com Roger e Augusto e concordei com eles que devemos começar imediatamente a procurar um novo lugar para todos nós nos instalarmos, temos que agir logo, não vai demorar para que toda a comida e as demais coisas acabem.

—Realmente é o que precisamos fazer, e sem demora, a situação lá no armazenamento não tá legal não—Falou Dominique, uma das organizadoras da área de alimentação do agrupamento.

—Está muito ruim? Perguntou Augusto preocupado.

—Pior do que você imagina, mas só nós sabemos disso, não contamos a todos aqui para não gerar desespero e isso aqui virar uma confusão—Respondeu Dominique—Mas  uma hora eles vão começar a perceber, se isso não já estiver acontecendo.

—Mas mesmo assim vamos deixar isso só entre nós por enquanto—Pediu Olivia, não queria alarmar todos no agrupamento, muitos iriam se desesperar, e poderiam perturbar a paz do lugar—Então, eu acho que o melhor a fazer é mandar alguma de vocês em duplas para procurar um lugar melhor para irmos, vocês vão levar uma certa quantidade de mantimentos para alguns dias, caso encontrem algum local que pareça promissor vocês devem analisar bem e confirmar que vai valer a pena levar todos para esse lugar que encontrarem, entendido? Alguém tem alguma coisa a acrescentar?

—Eu não tenho, é o melhor a fazer mesmo—Disse Roger e logo todos também concordaram com a decisão.

—Hoje mesmo vocês começam, formem as duplas e se preparem para partir, mas tomem bastante cuidado lá fora, e boa sorte a todos, espero que encontrem—Finalizou Olivia após desejar sorte a todos.

    Tínhamos mesmo que iniciar logo isso, é o certo a se fazer, quanto mais demorasse pior seria, aqui é um bom lugar,  bem escondido, nunca fomos encontrados por selvagens ou Observadores, mas infelizmente temos que ir embora, ou nossa ruína será inevitável, eu nem quero imaginar o que seria desse agrupamento quando a fome começasse. Quer dizer, ainda nem sabemos se vamos encontrar um lugar melhor,vamos ter que ir para lugares muito mais distantes, passar dias do lado de fora, é muito perigoso, porém necessário, espero que dê certo, tem que dar. 

—Agnes, já tem alguém para ir com  você?—Perguntou Roger enquanto Agnes arrumava algo em sua mochila.

—Não tenho, quer ir comigo?

—Sim sim, me dê só alguns minutos e já estarei pronto—Disse Roger e já se adiantou para se preparar.

—Sem pressa, vai lá—Respondeu Agnes voltando para a mochila.

    Não demorei muito para me aprontar, só levei mesmo o que iria precisar para a jornada, e acho que a Agnes também fez o mesmo, não nos demoramos e partimos, nós e as demais duplas, cada dupla para uma direção diferente, com um único propósito, achar um novo "lar", todos sem nem saber se vão encontrar ou se vão ficar vivos nesse novo mundo que a qualquer momento você poderá ser morto por Observadores ou humanos selvagens. É uma tarefa difícil, desde quando o agrupamento foi criado, os voluntários que saem para procurar por mantimentos, nunca ficavam mais de dois dias aqui do lado de fora, claro que teve umas exceções, mas normalmente nunca passávamos de dois dias, agora nós os selecionados para achar um lugar novo para todos, nem sabemos quantos dias levaremos para voltar. Estou tentando ser esperançoso, mas não é algo fácil, vendo nossa situação e como o planeta está, é meio difícil imaginar um final bom para a humanidade. Não consigo imaginar um fim positivo para tudo isso, nada aqui é capaz de deter esses Alienígenas, o que pode acontecer? Eles do nada resolverem ir em embora? Duvido muito, ao me ver eles já têm esse planeta como a casa deles, são donos, e nós somos como ratos correndo e se escondendo com medo deles. Fico pensando se essa invasão fosse feita futuramente, a uns 30 anos na frente, a humanidade seria vencida? Os humanos teriam a tecnologia suficiente para impedir a dominação desses alienígenas?  As armas seriam eficazes? Quem pode saber, talvez sim, talvez não, não tem como sabermos, infelizmente eles vieram quando não tínhamos ainda como resisti-los.

    Eu e Agnes já estamos andando a algumas horas, e até então não encontramos problemas ainda, nada de Observadores ou selvagens por enquanto, espero que não encontremos nem tão cedo. Depois do evento com Augusto, eu tenho estado mais atento, tenho que estar, aquele dia tivemos muita sorte, e essa sorte talvez não esteja conosco uma próxima vez, as chances são bem mínimas, então não posso me dar o luxo de ficar desatento, e tenho absoluta certeza que Agnes está muita atenta a qualquer coisa também, e nisso ela é muita boa, em outras ocasiões até já me deu dicas que ajudam muito a não ser pego desprevenido, tão jovem e já sabe se virar muito bem aqui do lado de fora. 

    O que sei do passado da Agnes, é que ela cresceu praticamente sozinha, os pais sofreram um acidente terrível e acabaram falecendo quando ela tinha apenas 12 anos. A avó de idade já bem avançada ficou com a guarda, a partir daí Agnes teve que aprender a se virar sozinha. Quando tinha 17 anos a avó faleceu, agora a jovem não tinha ninguém, os outros parentes nunca quiseram saber dela ou da avó, completamente ignoradas, como de não existissem, mas Agnes nunca se importou com isso, ou tentou procurar eles para qualquer coisa, até porque se procurasse não ia dar em nada, seria apenas humilhada. Ela seguiu em frente, sempre determinada nos seus objetivos, e sempre alcançou eles, a vida a ensinou a ser forte, e Agnes aprendeu isso muito bem, se tornou uma jovem excepcionalmente forte, com uma determinação inabalável, e além de tudo uma pessoa muito boa e agradável.

—Vamos dar uma olhada naquelas casas ali, quem sabe encontramos algo útil—Disse Agnes apontando o local onde estavam as casas, algumas ainda estavam completamente inteiras, outras parcialmente destruídas.

—Vamos, pode ter algo mesmo, aproveitamos e paramos para comer um pouco dentro de uma delas, melhor do que fazer aqui em fora, comer tira um pouco da nossa atenção—Respondeu Roger.

—Preciso comer mesmo, minha barriga tá suplicando aqui—Agnes falou colocando a mão na barriga.

—Sua barriga está sempre suplicando, que barriga é essa?—Roger disse rindo.

—Pior que é verdade—Confirmou Agnes rindo também.

  Acontece de encontrarmos algo interessante ou útil nessas casas, eu particularmente gosto de entrar nela e olhar tudo, confesso que é bem divertido às vezes, mas trás uma certa tristeza, me faz lembrar do passado, de quando a terra era um lugar só dos humanos, sem nenhum desses miseráveis alienígenas.

—Achou algo interessante aí?—Perguntou Agnes.

—Até o momento não, só encontrei um diário, quer dizer parece ser um diário, está bem velho—Respondeu Roger abrindo o pequeno caderninho.

—Tem alguma data?

—Sim, na primeira página tem, 21/04/2019—Disse Roger folheando as páginas—Tem um nome também, Cornélio, deve ser quem escreveu.

—Mas alguma informação?—Agnes perguntou um pouco curiosidade para saber o que esse tal de Cornélio escrevia.

—Estou olhando aqui, ele escreve umas coisas estranhas, sobres testes, criaturas monstruosas, um tal projeto alguma coisa—Respondeu Roger intrigado com o achado.

—Guarda, para lermos depois, parece ser bem interessante isso—Pediu Agnes com mais curiosidade para saber desses escritos.

—Vou guardar, lemos quando pararmos para descansar—Disse Roger guardando o diário na mochila.