IV

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-- Tek'yrr, acorde! Teky

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-- Tek'yrr, acorde! Teky...--Abro os olhos com um pouco de dificuldade, sentindo minha visão um pouco embaçada. Podia ver o rosto com traços calmos de minha irmã, que me balançava de um lado até o outro, com desespero estampado em sua face.

--Zwew, acordei, estou acordada.--Enquanto recobrava consciência, ainda deitada enxergava uma fumaça escura subindo extremamente rápido, junto com sons de gritos e correrias.--O que..--Tento levantar, mas minha cabeça não permite. A mesma estava latejando muito então me contentei em apenas mapear o local.

--O povo do céu, irmã. São eles. Vieram para nos destruir! Tente levantar, por favor..--Ela puxou meu braço, fazendo com que meu corpo subisse e então me apoiasse nela.

Começamos a andar em seu ritmo, quando finalmente prestei atenção neles. Eram iguais aos Omaticaya, mas fardados e segurando armas. Eles ateavam fogo nas tendas e suas máquinas destruiam a floresta, fazendo a fumaça se elevar sobre nosso céu, nossa casa.
Neste ponto só podia sentir lágrimas descendo sem pedir permissão, elas se acumulavam e me cegavam temporariamente.

Por que aquilo estava acontecendo?

--Nossa mãe nos espera perto da gruta dos Eknam, ela pode fugir junto com alguns dos nossos.

--Por que eles estão aqui?

--Nosso território é rico, Teky, além de ser um bom esconderijo. Não vê que os canalhas estão aqui para se abastecer e então fugir?--Com isso ganho força nas pernas. Esses seres não cansam de sugar o nosso planeta, logo depois de fazer isso com todo o seu?

--Não podem fazer isso.--Murmuro, me soltando da mesma para segurar sua mão. nós pegamos o caminho mais oculto que ficavam perto das armas.

--Pegue uma lança, vai precisar.--Ela joga para mim, que pego e giro sobre as mãos, se acostumando com o material. Ela faz o mesmo e finalmente chegamos à gruta.

Estava silenciosa e escura, não me parecia familiar, o que me fez ficar em alerta. Minhas orelhas se moviam para procurar alguma origem de som, assim como minha lança já estava pronta para ataque.

--TEK'YRR, CUIDADO!

Me viro rapidamente para trás, bloqueando o ataque feito por uma lança, e sem nem perceber quem era eu somente bato com a parte dura em sua mão, fazendo o estrangeiro soltar sua arma, e então o perfuro com a parte afiada, sentindo seu sangue respingar sobre meu rosto.

Sem tempo para respirar, outros atacam por trás. Posso ouvir sons de luta por perto, deduzindo que minha irmã não está indefesa.
Giro a lança na horizontal, levantando as duas armas inimigas para cima, o que me dá brecha para somente socar a parte de seus pescoços notando o desmaio imediato deles.

Silêncio. Só podíamos escutar nossas respirações ofegantes.
Meu peito subia e descia com a adrenalina que se manifestava em meu corpo.

--Garotas! Oh, minhas meninas...--Ouço a voz de minha mãe acoando pelas cavernas quando nos aprofundamos mais, ela estava com suas vestes pintadas do sangue inimigo, mas mesmo assim permanecia com sua expressão preocupada.

--Mãe, temos que ajudar nosso povo!

--Devemos ir. Eles estão sendo levados.

--Certo, Wew, procure seu pai e se junte a nós próximo a floresta da geada.--Ela assente com a cabeça e se despede, saindo em passos apressados do lugar.-- Tek? Vamos.

A Tsahik pega em minha mão com firmeza, me guiando entre as rochas e lugares onde somente ela conhecia. Em passagens secretas de sua própria autoria podíamos ver que despistamos a maioria dos avatares fardados.
Ela, ainda agarrada em mim, faz impulso para que eu fosse para frente, a encarando.

--Escute bem, querida. Eu tive uma visão vinda de Eywa esta noite.--ela pausa por um tempo, observando minha expressão de dúvida.

--Mãe?

--Eu vi nosso povo sendo capturado e usado.--Ela prossegue.-- Mas também vi você.--Os olhos de minha progenitora encaravam os meus, um de cada vez lendo minha mente e aquecendo meus pensamentos.

--O que viu?

--Salvará nosso povo, Tek'yrr. E precisa confiar em mim para isso.-- franzo minhas sobrancelhas rapidamente tentando raciocinar tamanha facilidade que a mesma tem de dizer isso.

--Não sei se posso.

--Você deve buscar ajuda. Toruk Makto.--Minha cabeça segue sua mão, que se fecha e aponta o dedo para o norte.-- Procure-o por mim, por nós.--um sorriso estampava o rosto dela.

--Mãe..

--Filha, eu vejo você.

--Eu vejo vo-- antes que pudesse completar a frase, um tiro alto ecoa pelo lugar. Acertaram ela. Acertaram o ombro dela.--MÃE! Vai ficar tudo bem, ok? vamos, acho que ainda podemos fugir..

--Sem fugir. Morrer não é uma opção para mim, nem para você.--estava ofegante, o homem azulado estava quase chegando em nós duas e tudo o que eu pensava era puxar ela para longe deles. Mas meu mundo parece se reerguer com o gesto delicado da mulher.

Seus dedos tateavam minha pele até que chegassem próximas ao coração.

--Coração forte.--Sorri ela.

Ela empurra meu peito, fazendo com que eu tivesse um impulso forte para trás. Posso ver minha mãe sendo presa.

Corra pela sua vida.

Avatar: OS GIGANTES DE GELOOnde histórias criam vida. Descubra agora