Convocação de Resgate

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_ Ah, você não me entenderia S/n, eu realmente acho que estou apaixonada pelo Aizawa -disse Joker pela milésima vez aquela manhã.

Sinceramente não sei do porquê resolvi acompanhá-la nesse teste da licença provisória, poderia muito bem ter ficado descansando da patrulha que fiz ao longo da noite. Suspiro cansada e reviro os olhos com um mínimo sorriso de canto. A esverdeada já falava deste assunto desde que eu cheguei, e dava em cima dele desde que o conheceu na minha formatura na U.A.

Mesmo que eu também gostasse dele, jamais diria isso à ela. Não queria que ela pensasse que sou talarica, além de outra coisa...

Ele me odeia. Bem, mas digamos que com motivos, eu acho.

_ Já entendi Joker, vocês dois foram feitos um para o outro. Não sou tão burra como você para não entender -digo brincando e ela me olha indignada.

_ Você que é burra seu pedaço de papel alumínio -ela retruca e me abraça- Credo, sua temperatura está um pouco elevada, não acha? -diz e retira o braço de mim rapidamente.

_ Oxe, queria o que? Eu estava no sol e sou basicamente feita de metal, né? -digo e encho um copo com um pouco de água.

Regra n° 1: Não entre muito em contato com água.

_ Ah, a propósito... -ela para e olha para trás de mim com um olhar alegre- AIZAWAAAAAAA! OIEEEE! -ela grita e com o susto que eu tomo derrubo água sobre mim.

_ Puta merda, olha o que você me fez fazer! -digo irritada e saio marchando até o banheiro para me secar.

Agora você se pergunta por que eu evito tanta água. Resposta simples. Minha individualidade não tem como ser desativada em cem por cento, então como sou parcialmente de metal, posso enferrujar muito fácil. E isso é um grande problema pra uma super-heroína de ranking. A quarta, para ser mais específica.

Depois de me secar com papel, eu saio de lá e volto para o bebedouro, tentando encontrar minha prima. Sim, a Joker é minha prima. Infelizmente.

Ao chegar lá, encontro ela conversando com o Aizawa e...

_ Hizashi sensei! -digo e aceno empolgada para o loiro.

_ S/n, quanto tempo garota! Já falei que não é para me chamar de sensei porque não lhe dou mais aulas, não é? -ele diz simpático e me abraça de lado.

_ Desculpa, é força do hábito -dou risada e olho para o moreno que me encarava sério-Olá para você também Aizawa.

O mesmo não responde, apenas assente com a cabeça e continua ouvindo os vários assuntos da minha prima. Olho para o loiro ao meu lado e cutuco sua costela com meu cotovelo de leve, chamando a atenção do mesmo.

_ O que foi? -ele me olha curioso.

_ Preciso te contar um assunto... delicado -digo e o puxo um pouco para mais longe.

_ É sobre o Aizawa, né? -ele pergunta e eu assinto. Ele era a única pessoa a quem eu já havia contado sobre- Já falei para você se declarar, por que não me escuta? Vai que dá certo menina.

_ Tem problema na cabeça? Ele já deixou bem claro no meu ensino médio que me odeia, mas até hoje não sei como me redimir pelas merdas que eu fiz -digo e suspiro- Também nem sei se vou insistir muito nele, a Joker não para de falar dele e isso já está me incomodando bastante.

_ Nunca vai saber se não tentar pequena -ele diz e eu concordo com a cabeça.

Ficamos um tempo ali em silêncio, até que a Joker acena com a mão para mim, dizendo que era hora de irmos. Me despeço de Hizashi e aceno para Aizawa, indo até a esverdeada.

_ Se você fizer graça com aquela moto de novo, eu acabo com sua raça -ela diz séria e dou um leve tapa em sua nuca, enquanto dou uma curta risada da mesma.

Fomos até o estacionamento e lá encontramos minha H2-R. A moto mais rápida do mundo. Eu utilizava muito dessa coisinha linda, até porque meu corpo, por ser mais pesado que de outras pessoas da minha altura, compensava a velocidade. Subimos na moto e a ligo, e logo sinto o calor e a vibração do motor. Aquele som era incrível demais, principalmente quando se era possível atingir sua velocidade máxima.

Dou um sorrisinho de canto e dou partida, acelerando em uma velocidade ainda razoável em relação aos radares da cidade. Joker, atrás de mim, berrava desesperada, mesmo estando de capacete, era possível escutar seus gritos. Sem mencionar ainda os apertos exagerados em minha cintura. Em pouco menos de vinte minutos chegamos no seu apartamento, e ela desce desesperada do veículo.

_ Sua maluca, se fizer isso novamente eu acabo com você, está me ouvindo? -ela diz enquanto se escora em uma parede. Eu apenas solto uma gargalhada de sua cara.

_ Pode deixar, passarei dos limites de velocidade na próxima vez -digo recuperando o fôlego e guardando o capacete dela- Enfim, até a próxima.

_ Próxima que nunca vai acontecer! Vou comprar uma moto para mim porque depois não preciso infartar com você -ela diz e eu apenas aceno com um sorriso.

Fecho o vidro do capacete e ligo novamente minha doce menina, acelerando com todo cuidado possível para evitar acidentes. Passo por vários lugares de Musutafu, até mesmo pela grande U.A.... lugares de tantas memórias e traumas. Pego alguns atalhos e viro algumas ruas, até finalmente chegar na agência que eu trabalhava, junto do meu melhor amigo.

Estaciono perto da entrada, local reservado para mim, e desço tranquilamente da moto. Tiro meu capacete e o deixo ali, pendurado, já que eu sabia que ninguém o roubaria. Caminho até a recepção e cumprimento a recepcionista, indo direto para o elevador. Aperto os botões e em dois minutos chego no meu andar. Eu deveria dormir? Sim. Mas nada que um pouco de café não resolvesse para mim.

_ Kaya, chegou alguma coisa para mim? -pergunto para a moça que contratei como minha secretária.

_ Apenas alguns arquivos de investigações senhorita, mas já os enviei para seu computador -ela diz e eu confirmo com a cabeça e agradeço.

_ "Bom, agora vou apenas resolver estes arquivos rapidamente e depois faço a patrulha" -penso enquanto pego uma latinha de bebida com cafeína na máquina- "Depois posso tirar um curto cochilo na minha casinha".

Saio da máquina e vou para minha sala, abro a porta e a tranco, não gostava que ninguém entrasse ali sem minha permissão. Dou um longo gole na minha bebida, sentindo o gosto amargo descer pela minha garganta, mas engasgo após escutar uma voz masculina vir da cadeira detrás da mesa... minha mesa.

_ Isso são horas de se chegar no trabalho? -disse Hawks enquanto virava a cadeira em minha direção.

_ Cof cof -engasgo e começo a bater em meu peito- Que... susto seu maldito-digo com dificuldade e a voz baixa, tentando recuperar o fôlego.

_ E ainda me xinga? Que maus modos são estes S/n? -ele pergunta e vem até mim.

_ Seu avestruz de asas tingidas, você quase me matou de susto -eu digo assim que recupero o ar que me faltava e o encaro com raiva- Se eu morresse, voltava em forma de demônio para lhe assombrar!

_ Nossa, você está bem nervosinha para quem dormiu até mais tarde, não acha? -Hawks diz e se senta no sofá do canto. Local onde eu costumava dormir as vezes.

_ Dormir? Não me faça rir agora -resmungo e vou até minha cadeira- Tive que acompanhar o Joker até a prova da licença provisória, então não dormi nada desde que acordei ontem às seis e meia da manhã -me jogo com desgosto na voz e bebo mais um gole na latinha.

_ Ah, encontrou algum adolescente que lhe interesse? -se espreguiçou no sofá e se deita de maneira relaxada.

_ Não. Sabe que não tenho muita paciência com estagiários -ligo a tela do computador e começo a mexer nos arquivos que Kaya me enviou- Hm?

Abro um em específico, que havia sido enviado pelo próprio Nezu, diretamente a mim. Espero a pasta carregar enquanto escutava Hawks falar sem parar de coisas aleatórias e me enchia o saco, do seu jeitinho extrovertida de sempre. Deixo um riso escapar e quando finalmente a pasta abre, clico novamente com o mouse e um documento aparece. Passo os olhos rapidamente, mas uma frase em específico me chama a atenção.

_ Missão de resgate?

Minha ex pior aluna-Imagine AizawaOnde histórias criam vida. Descubra agora