Temos um acordo?

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"Volto meu rosto em sua direção e o vejo me encarar sério, mas desta vez preocupado. Sorrio de canto e me aproximo dele antes de deixar um selar em sua bochecha.

_ Eu já volto, ficarei bem! -me viro e saio andando novamente- 'Só me resta agora encontrar aquele desgraçado'. "

Entro em passos calmos na pequena casa noturna, olhando atentamente para os lados e qualquer coisa que pudesse ser uma ameaça. Sentia o olhar de algumas pessoas queimar sobre mim, mas pouco me importei, apenas continuei a andar até o balcão da recepção. Não seria possível que ele não estivesse ali.

_ Boa noite, poderia me dar uma informação? -chamo a atenção da atendente que me encara de cima a baixo, totalmente surpresa por me ver ali.

_ Ah, claro... do que precisa Silvergirl?

_ Um homem não muito alto, de cabelos ruivos e olhos escuros passou por aqui? O nome dele é Victor -ela fica séria e olha disfarçadamente para uma porta atrás de si.

_ Pode passar, só não faça bagunça por aqui, não queremos um tumulto nessa região -ela abre uma portinha e me dá passagem- Ele está sozinho lá embaixo, tome cuidado.

_ Certo, muito obrigada -passo por ela e abro a porta em um movimento rápido e a fecho, fazendo todo o barulho do lado de fora ser abafado e ficar quase mudo.

Um motivo deveria ter para ele ter escolhido este lugar, seja bom ou ruim, eu não confiaria em nada do que ele diria. Muito pelo contrário, eu acabaria com a raça dele neste exato lugar, sem dó ou piedade. Ele pagaria por todas as merdas que fez a mim.

Desço as escadas mal iluminadas e com uma aparência de estarem muito instáveis, imaginando o motivo de estar querendo me ver agora. Literalmente ele queria algo, só não sabia oque.

_ Eu sei, eu sei... estou te devendo uma carga completa, mas prometo que até o final do mês lhe envio tudo certinho -escuto ele dizer mas ninguém respondeu- Como assim vai vir me caçar? Eu não fiz nada para você vir atrás de mim! Quer dizer... eu peguei uma grana sua, mas já devolvi com juros ainda, por que me cobra tanto essa carga?

Me mantenho em silêncio e fico parada ao lado de uma parede escutando tudo o que ele dizia, sem entender muito bem o que estava tramando. Ele parecia estar devendo algo à alguém, isso era óbvio, mas o que seria este "algo"?

_ Blá-blá-blá, eu já entendi, agora estou ocupado. Depois te ligo, manda um abraço pra tua irmã -o escuto rir e desligar o celular- Pode aparecer, eu já notei você desde que abriu a porta.

_ O que você quer comigo? -produzo uma faca, mas não o encaro, continuo escondida no mesmo lugar.

_ Conversar um pouco, quem sabe negociar -escuto um som de algo caindo- Ai caralho!

_ Não vou negociar nada com você, não adianta nem tentar -me seguro para não aparecer e voar no seu pescoço.

_ Eu sei, você me odeia, com motivos, o que é uma pena.

_ Vai se foder -entro em seu campo de visão pronta para um ataque, mas o vejo deitado em um sofá velho, lendo uma hq.

_ Ah, você apareceu -ele me olha sorrindo e se senta- Bom, gostaria de conversar um pouco contigo, o que acha? Eu sei que já tentei te matar e fazer muita merda, mas hoje estou de folga da liga e posso contar tudo o que quiser ouvir, na verdade eu preciso -seu sorriso era calmo e gentil, não me lembrando nada de quando me agrediu- Por que não se senta aqui comigo? Vai ser divertido, prometo! Tenho biscoitos se quiser.

_ Não estou com tempo para suas gracinhas -avanço sobre ele e seu rosto simpático some, dando lugar à uma face fria e sem emoção.

Pulo na exata direção do seu pescoço, prestes à esfaqueá-lo, porém sinto algo quente tocar minha barriga e me desconcentro por alguns segundos, dando a oportunidade perfeita para que esquivasse e me derrubasse no chão.

Minha ex pior aluna-Imagine AizawaOnde histórias criam vida. Descubra agora