Bao Bao acordou, se libertou de mais um de seus horríveis pesadelos. Percebeu que estava coberto de suor, então levantou-se e trocou sua túnica suada por uma túnica seca. Bao Bao olhou pela janela de seu quarto e viu Sarah alimentando uma égua com um ramo de feno que segurava em suas delicadas mãos. Bao Bao foi até Sarah.
- Você está atrasado! De novo! - Sarah exclamou sorrindo quando ouviu os passos de Bao Bao no gramado. - O que houve? Outro pesadelo?
- Sim, mas foi com o touro - Bao Bao disse. - Dessa vez, pareceu muito real. Acho que o Simas estava tentando contar pra mim o que aconteceu no dia em que ele morreu.
- Eu não acredito que os mortos possam entrar em contato com vivos por meio de sonhos. - Sarah disse com deboche.
- Eu não sei por qual motivo eu ainda falo do Simas pra você - Bao Bao disse. - Você não se importa.
No mesmo dia em que Bao Bao sonhou com a morte de Simas, em outra cidade Mateo lutava para sobreviver.
Com passos rápidos, um homem chamado Mateo fugia de quem queria mata-lo. Sabia que se parasse de correr, seria o seu fim.
- MATEO!!! - Mateo ouviu uma voz se aproximando. - Pare de correr se você é um homem de verdade!
Mateo continuou correndo, ignorou o homem bravo, barbudo e cabeludo que estava o perseguindo.
Logo na frente, uma senhora estava empurrando uma carrocinha de laranja no meio da estrada de terra.
- Senhora, sai da frente! - Mateo gritou para a senhora da carrocinha.
- Meu Deus!!! - a senhora gritou e se afastou da carrocinha.
Mateo passou correndo ao lado da carrocinha. Quando estava a uma pequena distância da carrocinha, olhou para trás e viu o homem cabeludo e barbudo chutando a carrocinha. A carrocinha quebrou e as laranjas rolaram pela terra.
Mateo voltou a olhar para frente e correu o mais rápido possível. Ele viu uma taverna na estrada do seu lado direito, cruzou para a direita e entrou na taverna.
Entrou na taverna e fechou a porta, começando a respirar fundo. Todos os homens da taverna olharam para Mateo, tentando adivinhar o motivo de ele estar tão ofegante. A mulher que atendia na taverna levantou uma das sobrancelhas, achando estranho aquele comportamento.
A cada passo que Mateo dava para chegar até o balcão, era possível ouvir sussurros como " ele está louco? ", " quem é esse esquisito? ", " tomem cuidado, ele pode estar fugindo dos guardas, e se ele estiver armado? "
- Boa tarde - Mateo cumprimentou a moça do balcão.
- Boa tarde, no que posso lhe ajudar? - a moça do balcão perguntou com um lindo sorriso no rosto.
- Eu quero três copos de cerveja, por favor. - Mateo disse, olhando no fundo dos olhos azuis da moça.
- São vinte e sete moedas de prata e noventa moedas de bronze. - a moça informou o preço total dos três copos de cerveja.
- Tudo isso? Ah, maldição. Aqui, pode ficar com o troco. - Mateo tirou as mãos dos bolsos e colocou as mãos sobre o balcão, despejando as moedas que ainda lhe restavam.
- Tudo bem - a moça disse, colocando as moedas entre seus seios que estavam semicobertos por um tecido vermelho. Mesmo com aquele tecido vermelho cobrindo seus seios, era possível ver seus mamilos, pois o tecido tinha uma tonalidade fraca. Aquela roupa tinha a função de excitar os clientes, mas não de uma forma tão explícita. - Escolha uma mesa, daqui a pouco eu levo as cervejas.
- Obrigado. - Mateo agradeceu e se encaminhou até uma mesa.
" Eu já tenho vinte e um anos, e vivo há dezesseis anos nessa terra e nunca pensei em morrer como um devedor. O pior de tudo é que não tenho como pagar a minha dívida! Sou obrigado a viver fugindo de Lorenço, mas até quando terei que viver fugindo? Eu tenho que arranjar uma forma de resolver as coisas, sempre fiz isso! Sempre agi como um homem, não posso morrer sem honra ", pensou Mateo enquanto olhava para a moça que enchia os copos de cerveja.
- Não, cara. Estou te dizendo, é verdade! Essa é a minha ambição e a ambição de muitos homens do sul. Se eu quiser enriquecer, preciso fazer isso. - Mateo ouviu uma conversa que vinha da mesa atrás da sua.
- Como você quer que eu acredite nessa história?
- Na cidade de Hardema há um touro muito valioso! Esse touro possui chifres de PEDRA!
- Eu nunca vi um touro assim.
- Ele é único! Existe um evento no coliseu de Hardema, nesse evento o touro é solto na arena, junto do homem que estiver disposto a mata-lo. O homem que conseguir matar o touro, pode ficar com seus chifres.
- Mesmo que essa história seja verdadeira, qual idiota vai querer arriscar a vida por dois chifres de pedra? Se fossem chifres de ouro, até eu viajaria para Hardema.
- Pedro, você não prestou atenção em nada do que eu disse? É o único touro que possui chifres de pedra! O homem que conseguir matar o touro, pode vender os chifres, são itens raros que qualquer nobre compraria! Pensa, muitos homens vão desejar os chifres, por isso estou ficando sem tempo e o meu povo também.
- Paulo, me conte mais sobre esse touro.
- Senhor, suas cervejas. - a moça disse, já próxima da mesa de Mateo. Ela acabou tirando a atenção de Mateo, atenção essa que estava direcionada para a conversa da mesa de trás.
- Obrigado. - Mateo agradeceu pelas cervejas.
- De nada, volte sempre. - a moça sorriu novamente, exibindo seus belos lábios rosados.
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Chifres de PEDRA
General FictionBao Bao viveu a sua vida inteira como membro de uma organização de assassinos que eliminava toureiros por uma questão ideológica relacionada aos maus tratos de animais, até que um dia Bao Bao descobre que ele é filho do falecido Simas, que era o mel...