WanYin não fazia o tipo que demonstrava sentimentos. Era tolo, contido. Acreditava no amor, mas não que poderia ser amado. Passou anos — ou melhor, décadas — vendo seus familiares e amigos se apaixonarem, evoluírem e casarem... No entanto, ele permanecia ali, estagnado no mesmo lugar.
Não, ele não era leigo. Havia sim alcançado a proeza de se apaixonar e o alvo de seus sentimentos foi um de seus melhores amigos. Contudo, quando compreendeu a profundidade de seus sentimentos, já era tarde demais para que o romance desse certo...
"Você virou um bobo!", foi o que o irmão lhe disse. Todavia, o que ele poderia fazer?
O homem que amava havia se casado com uma mulher infinitamente melhor. Estavam esperando uma criança e organizando os papéis para a compra da primeira casa. Não, WanYin não interferiria nos projetos e felicidades de alguém.
Para WanYin, estava tudo bem ocultar suas emoções já que sempre viveu desta maneira. Escondia a raiva, a insegurança, a dor... Mas esconder que amava era muito mais complexo que brincar de não sentir.
O amor desenterrava cada uma dessas emoções que ele cavou fundo para exterminar e ele as acolhia de forma calorosa, tornando cada vez mais insuportável e angustiante de controlar.
O Jiang acreditava que o tempo seria capaz de expurgar toda a angústia e inveja que sentia ao ver um casal de mãos dadas, mas não era assim que funcionava. Quanto mais o tempo passava, mais Wanyin se reprimia, mais ele queria, mais ele esperava.
Sentir e não demonstrar eram duas bombas altamente destrutivas que WanYin possuía e carregava para todos os lados.
Havia finalmente aprendido a conviver e controlar, quando o dono de seu coração... seu primeiro e único amor, apareceu em sua porta com uma criança no colo e dizendo ter sido enganado.As bombas triplicaram de tamanho e peso e, embora quisesse ser egoísta, ele não conseguiu virar as costas para a pequena família.
WanYin acolheu XiChen e o pequeno JingYi com os braços abertos e os ofereceu estadia até que o mais velho conseguisse contatar os parentes em Gusu.
No fim das contas, acabaram por compartilhar o apartamento e dividir às despesas. WanYin era colunista, então trabalhava em casa na maior parte do tempo e cuidava de JingYi até que XiChen chegasse do hospital local, onde atuava como obstetra plantonista.
XiChen era carinhoso, sempre passava em um café local e trazia doces para o filho e o amigo. Gostava de abraçar, morder, afagar os cabelos e, em dado momento, a convivência conjunta se tornou tão trivial que JingYi passou a chamar o "tio Jiang" de papai, quando o seu pai biológico não estava de vigia.
Na verdade, os três já agiam como uma verdadeira família, só não haviam ainda intitulado o seu relacionamento.
WanYin relutou, pensou em fugir, mas do que adiantaria fugir de seus sentimentos? Eles não desapareceriam apenas por um capricho ridículo. Aprendeu da forma mais dura e difícil que amor era algo que não desaparecia com o tempo e sim enfraquecia ou intensificava.
Exausto, o Jiang suspirou decidindo deixar às coisas correrem da maneira que estavam.
E mais uma vez a paixão encontrou as chaves que a mantia em cativeiro....
[...]
— WangJi? — indagou confuso, quando o cunhado apareceu em sua porta com XiChen apoiado em seu ombro.
Estava com JingYi nos braços, este que se recusava a fechar os olhos até que o pai o desse o abraço e beijinho de "boa noite". Já passava da meia-noite e meia e o Lan estava acostumado a chegar em casa, no mais tardar, às 22h00.
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MDZS (Songfics)
FanfictionColetânea de one shots baseadas em músicas que ouvi no decorrer da vida e relacionei à alguns personagens. * Cada capítulo conterá a história de um shipp (romântico ou não) relacionado a música indicada. * O nome da música e o cantor estará no fina...