Pov Penny
Fiquei a manhã inteira na porta do Walmart na cidade vizinha tentando em vão vender a minha mesa, deu muito trabalho mas ninguém parecia querer pagar mais de 30 libras por ela e isso não daria pra eu sobreviver nem por uma semana.
Eu já estava desistindo quando Almofadinhas se jogou na frente de uma senhora de idade, brincando e lambendo o rosto dela como se a conhecesse. Confesso que fiquei com ciúme, ele nunca brincava assim comigo.
- É seu? - a velhinha perguntou.
- É, sim.
Ela olhou para trás de mim com muita curiosidade.
- Está vendendo essa mesa?
- Sim, faço por 80.
- É um bom preço, e ela combina muito com minha sala - ela deu uma boa olhada em cada parte do movel e das cadeiras - dou noventa se me ajudar a amarrar no meu beetle.
Não foi uma tarefa fácil, principalmente porque o carro era velho e muito arredondado, mesmo usando toda corda disponível, ainda ficou balançando, com sorte não iria cair e no final ela me deu cem pratas.
- Pratas... as pessoas ainda falam assim?
Almofadinhas saltitou para dentro do carro, se sentando no banco do passageiro.
- Bem - eu disse contando as notas mais uma vez - acho que podemos comer algo especial hoje, que tal pizza?
Um latido alto demais.
Sirius veio a minha mente como um furacão e era quase como se eu pudesse sentir ele, balancei a cabeça com foça, o afastando.
- Não, não. Só eu e você, almofadinhas - eu afaguei a cabeça do cachorro - só eu e você.
A caminho de casa, pouco antes de entrar na estrada de terra, eu avistei na caçamba de lixo, três tonéis de óleo industrial e eu os queria. Parei o carro no acostamento e comecei a árdua tarefa de retirá-los do lixo.
- Você podia me ajudar, Almofadinhas. Almofadinhas?
- Eu te ajudo - a mão forte e calosa passou bem perto do meu rosto me fazendo arrepiar - está tensa?
- Só me assustei - ele desceu os tonéis e eu agradeci, colocando os objetos no porta malas, mesmo que fosse obrigada a dirigir com ele aberto - mas agora tenho que esperar o cachorro.
- Acho que ele já deve estar em casa, não se preocupe.
Eu olhei em volta e nem sinal de Almofadinhas.
- Você quer carona?
- Sabe que não tenho pra onde ir, não é? - ele sorriu de canto sem se ofender.
- É, eu sei.
- Mas posso te acompanhar até em casa.
- Claro - eu sorri e abri a porta pra ele.
- Devia ser o contrário.
- Sem convenções sociais, ok?!
O trajeto não levou nem dez minutos e quando chegamos o cachorro não estava lá.
Sirius desceu do carro e colocou os barris para dentro da garagem mais rápido do que eu sonharia e nem vi como ele fez isso.
- Ele não voltou.
- Não se preocupe, cachorros são assim. Eu te faço companhia até ele voltar.
- Obrigada, quer entrar?
- Não se for te deixar preocupada.
Eu me sentei nos degraus da varanda e ele encostou no corrimão bem a minha frente.
- De onde você é, Sirius?
- Londres. Nascido e criado. E você?
- Canadá.
- E como veio parar aqui?
- Meu ex-marido... ele conseguiu uma oferta de trabalho, era boa então viemos.
- Foi quando ele ficou violento?
Minhas bochechas esquentaram instantaneamente.
- Tá tão na cara assim?
- Você se assusta toda vez que chego perto, tem um cachorro enorme...
- As coisas são saíram como ele esperava, perdeu o emprego e começou a beber...
Eu abaixei a cabeça tentando cobrir as lágrimas com meu cabelo recém tingido, senti Sirius se sentando ao meu lado.
- Não é desculpa, Andrea.
- Penny - eu olhei para ele, procurando seus olhos escuros e profundos - meu nome é Penélope Laker ou só Penny.
- Só, Penny.
- Seu sorriso.
- O que tem?
- Eu o quero mais perto.
- Assim? - ele se inclinou e eu encurtei mais a distância, fazendo seu nariz encostar na minha bochecha.
- Mais.
Sirius levantou o rosto devagar, tocando seus lábios tão suave que eu mal senti, eu devolvi o beijo agora com mais contato e ele separou os lábios, procurando minha língua com a sua, foi intenso, calmo ao mesmo tempo e viciante. Quando ele se afastou eu já o queria de novo.
Mas sempre ia existir aquilo, aquela sensação de que ele ia aparecer a qualquer momento com sua crise de ciúme.
- Você precisa ir.
- Penny. Eu não vou te machucar.
- Você não entende - eu me levantei a caminho da porta da frente - tem que ir, por favor.
- Certo, mas vou estar por perto, se precisar.
Não respondi, fechei a porta e dei alguns passos mas antes de chegar na escada ouvi o latido e voltei a abrir a porta.
- Sua pata já está curada, não é?! Boa o suficiente pra ficar correndo de mim o tempo todo.
Eu não sabia porque estava tão brava com o cachorro, subi para o quarto e me deitei na cama, Almofadinhas se deitou ao meu lado e eu o abracei forte, enterrando o rosto em seu pelo e deixando-o molhado com minhas lágrimas.
- Você tem que parar de me deixar.
Ele se virou e lambeu meu rosto com sua língua áspera.
A campainha tocou me deixando sobressaltada e Almofadinhas soltou um rosnado profundo.
- Calma, deve ser só o Sirius.
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Cão Negro
FanfictionO que o destino reserva a dois fugitivos de coração partido? Uma fanfic Sirius Black