Capítulo 5

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Pov Penny

Fiquei a manhã inteira na porta do Walmart na cidade vizinha tentando em vão vender a minha mesa, deu muito trabalho mas ninguém parecia querer pagar mais de 30 libras por ela e isso não daria pra eu sobreviver nem por uma semana.

Eu já estava desistindo quando Almofadinhas se jogou na frente de uma senhora de idade, brincando e lambendo o rosto dela como se a conhecesse. Confesso que fiquei com ciúme, ele nunca brincava assim comigo.

- É seu? - a velhinha perguntou.

- É, sim.

Ela olhou para trás de mim com muita curiosidade.

- Está vendendo essa mesa?

- Sim, faço por 80.

- É um bom preço, e ela combina muito com minha sala - ela deu uma boa olhada em cada parte do movel e das cadeiras - dou noventa se me ajudar a amarrar no meu beetle.

Não foi uma tarefa fácil, principalmente porque o carro era velho e muito arredondado, mesmo usando toda corda disponível, ainda ficou balançando, com sorte não iria cair e no final ela me deu cem pratas.

- Pratas... as pessoas ainda falam assim?

Almofadinhas saltitou para dentro do carro, se sentando no banco do passageiro.

- Bem - eu disse contando as notas mais uma vez - acho que podemos comer algo especial hoje, que tal pizza?

Um latido alto demais.

Sirius veio a minha mente como um furacão e era quase como se eu pudesse sentir ele, balancei a cabeça com foça, o afastando.

- Não, não. Só eu e você, almofadinhas - eu afaguei a cabeça do cachorro - só eu e você.

A caminho de casa, pouco antes de entrar na estrada de terra, eu avistei na caçamba de lixo, três tonéis de óleo industrial e eu os queria. Parei o carro no acostamento e comecei a árdua tarefa de retirá-los do lixo.

- Você podia me ajudar, Almofadinhas. Almofadinhas?

- Eu te ajudo - a mão forte e calosa passou bem perto do meu rosto me fazendo arrepiar - está tensa?

- Só me assustei - ele desceu os tonéis e eu agradeci, colocando os objetos no porta malas, mesmo que fosse obrigada a dirigir com ele aberto - mas agora tenho que esperar o cachorro.

- Acho que ele já deve estar em casa, não se preocupe.

Eu olhei em volta e nem sinal de Almofadinhas.

- Você quer carona?

- Sabe que não tenho pra onde ir, não é? - ele sorriu de canto sem se ofender.

- É, eu sei.

- Mas posso te acompanhar até em casa.

- Claro - eu sorri e abri a porta pra ele.

- Devia ser o contrário.

- Sem convenções sociais, ok?!

O trajeto não levou nem dez minutos e quando chegamos o cachorro não estava lá.

Sirius desceu do carro e colocou os barris para dentro da garagem mais rápido do que eu sonharia e nem vi como ele fez isso.

- Ele não voltou.

- Não se preocupe, cachorros são assim. Eu te faço companhia até ele voltar.

- Obrigada, quer entrar?

- Não se for te deixar preocupada.

Eu me sentei nos degraus da varanda e ele encostou no corrimão bem a minha frente.

- De onde você é, Sirius?

- Londres. Nascido e criado. E você?

- Canadá.

- E como veio parar aqui?

- Meu ex-marido... ele conseguiu uma oferta de trabalho, era boa então viemos.

- Foi quando ele ficou violento?

Minhas bochechas esquentaram instantaneamente.

- Tá tão na cara assim?

- Você se assusta toda vez que chego perto, tem um cachorro enorme...

- As coisas são saíram como ele esperava, perdeu o emprego e começou a beber...

Eu abaixei a cabeça tentando cobrir as lágrimas com meu cabelo recém tingido, senti Sirius se sentando ao meu lado.

- Não é desculpa, Andrea.

- Penny - eu olhei para ele, procurando seus olhos escuros e profundos - meu nome é Penélope Laker ou só Penny.

- Só, Penny.

- Seu sorriso.

- O que tem?

- Eu o quero mais perto.

- Assim? - ele se inclinou e eu encurtei mais a distância, fazendo seu nariz encostar na minha bochecha.

- Mais.

Sirius levantou o rosto devagar, tocando seus lábios tão suave que eu mal senti, eu devolvi o beijo agora com mais contato e ele separou os lábios, procurando minha língua com a sua, foi intenso, calmo ao mesmo tempo e viciante. Quando ele se afastou eu já o queria de novo.

Mas sempre ia existir aquilo, aquela sensação de que ele ia aparecer a qualquer momento com sua crise de ciúme.

- Você precisa ir.

- Penny. Eu não vou te machucar.

- Você não entende - eu me levantei a caminho da porta da frente - tem que ir, por favor.

- Certo, mas vou estar por perto, se precisar.

Não respondi, fechei a porta e dei alguns passos mas antes de chegar na escada ouvi o latido e voltei a abrir a porta.

- Sua pata já está curada, não é?! Boa o suficiente pra ficar correndo de mim o tempo todo.

Eu não sabia porque estava tão brava com o cachorro, subi para o quarto e me deitei na cama, Almofadinhas se deitou ao meu lado e eu o abracei forte, enterrando o rosto em seu pelo e deixando-o molhado com minhas lágrimas.

- Você tem que parar de me deixar.

Ele se virou e lambeu meu rosto com sua língua áspera.

A campainha tocou me deixando sobressaltada e Almofadinhas soltou um rosnado profundo.

- Calma, deve ser só o Sirius.

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