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A noite já havia caído e  Sam perambulava pelas ruas frias de Bangkok em busca de um táxi, o que era incomum, existia mais táxi naquela cidade do que elefantes na Tailândia. Só podia ser dívida de jogo.  A última coisa que precisava acontecer para o dia dela terminar pior do que já estava, era  chegando atrasada na apresentação de Mon. Não poderia se atrasar por nada, não teria tempo e paciência para ouvir Mon reclamar a noite toda.

O vento estava frio, e uma pequena névoa atrapalhava a visão das coisas ao redor, e antes que Sam pudesse praguejar-se por está sem seu sobretudo um táxi surgiu.

— Boa noite. — comprimentou o motorista — Quero ir para o Music Academy, por favor.

— Boa noite. É aquela escola de música, certo? — O motorista pergunta, olhando pelo retrovisor.

— Sim — respondeu.

— Sua namorada é musicista?

— Hum... Sim.

— E você está com muitos problemas amorosos, certo?

Sam pensou por um tempo antes de responder. Era estranho um desconhecido perguntar sobre algo tão específico. Mais afirmando do que perguntando.

— Sim... E como você sabe disso?

— Minha jovem, assim como os barmens, os taxistas sabem dos sentimentos dos outros.

Sam preferiu não responder. Pura coincidência. É o mesmo quando algum charlatão para você na rua e diz que você tem mágoas do passado e problemas com a família ou amorosos, a chance de acertar umas dessas coisas é quase de 99,9%, e de levar o seu dinheiro é 100%. Uma espécie de senso comum que todos usam.

O homem continuava olhando-a pelo retrovisor. Ela sabia que ele queria puxar assunto novamente.

— Puro senso comum. — Sam resmungou

O homem riu.

— E qual é o motivo do seu senso comum? — frisou as últimas palavras.

— Sinceramente, eu não quero conversar sobre isso e muito menos com um estranho.— respondeu.

Sam fingiu se distrair com as luzes da cidade.

— É sempre bom conversar sobre sentimentos com um ESTRANHO, afinal, é um estranho que provavelmente vai ouvir sem julgar suas atitudes.

A insistência do estranho estava começando  irrita os nervos de Sam. Odiava pessoas invasivas. Mas o que ela poderia fazer? Pular no pescoço dele ou conversar até seu destino? A segunda opção era menos agradável, porém não teria como consequências anos de cadeia.

— Eu não consigo entender ela, nunca sei o que ela quer e eu não consigo fazer-lá feliz — suspira frustada — Como é possível amar alguém e... Não saber amar?

— Então, você a ama?

— Você ouviu o que eu acabei de dizer? —  perguntou, grosseira.  Não esperou resposta e voltou a falar — Óbvio! Óbvio que eu amo ela!

O homem pareceu está pensando em algo, franziu a testa por uns segundos, e como se uma lâmpada tivesse acendido no seu cérebro ele respondeu:

— Esse é o problema...

Sam ficou confusa, mas decidiu não ligar, fingiu não ter escutado.

— Vou viajar daqui uns dias, quando eu voltar vou tentar resolver as coisas com ela.

— E se você não voltar?

— Como assim?

— E se por acaso você não voltar?

ANTES QUE O DIA TERMINE (MONSAM)Onde histórias criam vida. Descubra agora