Capítulo XXII - Acaba Onde Tudo Começou

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POV Kathe

Voltar para o lugar onde minha vida como demônio começou não estava no topo da minha lista de afazeres pra hoje. Ainda assim, aqui estou.

O lugar está exatamente como me lembro. Nada mudou.

As árvores ainda estão frondosas e fortes; os animais correm livres e saudáveis por entre as árvores; os pássaros cantam alegremente em seus ninhos; ainda há uma harmonia presente neste lugar, e todos os animais aqui vivem sem medo. Nada mudou ao longo dos séculos, desde que tudo aconteceu. Tudo ainda continua exatamente igual.

Exceto pela energia maligna que espreita entre as sombras. A energia da minha Graça, somada a pureza das plantas e dos animais, é quase forte o bastante para esconder a magia de Samantha. Quase. Só alguém com sentidos aguçados seria capaz de sentir sua presença. Mesmo assim, ainda não consigo vê-la.

Ouço o barulho de um galho se quebrando atrás de mim, e me viro pra ver o que é, me preparando para me defender. Mas é só um filhote de raposa. A pequenina vem até mim, hesitante e curiosa, tentando decifrar quem é a nova visitante. A raposinha se aproximou de mim, e eu me abaixei para acariciar sua pequena cabeça, sentindo os pelos laranjas e macios sob meus dedos. A raposinha parece baixar a guarda, e me permite que eu acaricie o resto do seu corpo. De repente, as feições da pequena raposa mudam bruscamente e ela se contorce, como se estivesse sentindo dor. Ganidos de dor saem baixo de sua boca, e tento ajudá-la. Mas meu poder parece não surtir efeito. Ela continua se contorcendo.

Até parar.

Quando o que quer que estivesse acontecendo com ela acaba, ela fica jogada no chão, encolhida.

Imóvel.

Sem vida.

Sinto uma dor no peito. Por não ter conseguido fazer nada. Por não ter conseguido ajudar a pequena raposa.

Ao meu redor, tudo começa a morrer.

As árvores começam a ficar marrom, sua densa folhagem caindo no chão. Os pássaros caem de seus ninhos, ou em pleno vôo. Os outros animais ao redor também começam a se contorcer de dor, e logo morrem. Assisto a tudo isso impotente. Sem conseguir fazer nada.

De repente, ouço uma risada vinda do meu lado esquerdo, e enxergo uma sombra pela visão periférica. Sinto uma energia vindo em minha direção, e me jogo no chão rolando, desviando por um tris.

Ela lança seu poder em minha direção novamente, enquanto crio uma barreira com o meu. Ela é forte, mas ainda sou mais. Ao meu redor, as coisas continuam morrendo. Sinto a energia do lugar diminuir. Minha Aura está sumindo.

- Por que está fazendo isso? - pergunto, enquanto desvio mais uma vez.

- Porque eu quero! - ela lança seu poder e eu rebato - Porque eu posso! - novamente, desvio de seu ataque, MS dessa vez, com dificuldade. Estranho - E porque hoje é seu último dia nessa terra!

Começo a me sentir mais cansada a cada minuto. Mas isso é impossível. Eu sou um demônio, e nem demônios e nem anjos se cansam. O que está acontecendo? Mas acho que já sei a resposta.

Não pode ser...

Não tem nem como...

Mas é a única opção que me parece razoavelmente plausível.

Ela achou uma maneira de sugar minha energia, assim como está fazendo com minha aura, presente na montanha. Teoricamente, não é impossível. A não ser que você tenha encontrado uma forma de proteger seu poder com uma espécie de barreira. Foi o que eu fiz. Mas mesmo assim, ela continua drenando meu poder.

Um Amor Entre Um ANJO E Um DEMÔNIO ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora