O Email

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NATASHA ROMANOFF MEXEU o ombro esquerdo apenas alguns milímetros. Depois, mais um pouco. Ela não poderia arriscar se mexer demais. Droga, esse era um momento muito inapropriado para sentir coceira na clavícula. Em pé e de frente para cento e vinte convidados, fazendo o papel de madrinha profissional de Hope, sua mais nova cliente.

— É de livre e espontânea vontade que você aceita Scott como seu esposo? – o vigário continuou com o discurso.

Natasha segurou o buquê de flores com um pouco mais de força enquanto esperava as palavras saírem da boca da noiva. A coceira foi embora de repente. Isso era mais importante. Olhou para o cabelo perfeitamente penteado de Hope, os brincos de diamantes redondos brilhando sob a luz abafada da igreja. Nem ela poderia estragar o momento, não é?

Alguns segundos se passaram.

Mais alguns.

Alguém na igreja tossiu de maneira inoportuna.

Por favor, Hope.

Natasha olhou para Scott, o noivo. Sabia que ele estava pensando a mesma coisa.

Sentiu um calor subir por suas costas, chegando ao pescoço. Acariciou a parte de trás do braço de Hope com a ponta dos dedos.

— Sim – Natasha balbuciou, alto o suficiente para que Hope ouvisse, mas baixo o bastante para que Scott não pensasse que era ela quem queria se casar. Isso não poderia estar mais longe da verdade.

Hope e Scott eram perfeitos um para o outro. Não exatamente um par romântico, mas biologicamente adequados.

Hope se retraiu e virou a cabeça.
Natasha franziu o cenho e fez um gesto para Scott, esperando que Hope entendesse que ela realmente precisava responder à pergunta. Era a parte essencial de se casar.

Presumiu que ela tivesse entendido. As duas praticaram tudo: andar, sorrir, fazer pose para fotos e até mesmo respirar, mas acabaram pulando a parte do “Sim, aceito”. Nesse momento, Natasha percebeu que foi otimista.

Hope encontrou seu olhar antes de se virar novamente para o noivo e o vigário.

Natasha cerrou os dentes.

De frente para Hope, Scott repetiu as palavras sem som.

Finalmente, após mais alguns segundos agonizantes, ela respirou fundo e abriu a boca pintada de rosa brilhante.

— Sim, aceito – a noiva disse, sua voz ecoando alto e verdadeira.
Quase como se realmente dissesse a verdade.

O alívio tomou a expressão de Scott.
Todos os convidados soltaram a respiração.
Natasha relaxou os ombros.
Ela conseguiu.

Conseguiu fazer com que Hope chegasse ao altar, acalmou todos os seus anseios matrimoniais e impediu que ela tomasse champanhe demais enquanto estava sendo maquiada.

Hope se comprometeu com Scott. Essa era a tarefa que sua família deu a Natasha quatro semanas atrás. A taxa por ser a falsa madrinha de casamento não dependia de a noiva chegar ao altar, mas com certeza tornava muito mais fácil enviar a cobrança.

— Eu vos declaro marido e mulher – o vigário disse. — Pode beijar a noiva!

Natasha voltou sua atenção ao presente. Abriu um sorriso radiante para a câmera, algo que dizia que esse casamento foi fácil. Então empurrou os cabelos ruivos na altura dos ombros para trás, endireitou a postura e alisou o vestido verde-claro como se fosse a melhor coisa que já vestiu.

Não era. Não tinha forma e fazia com que ela parecesse um ramo de salsão.

Natasha mal podia esperar para tirar tudo, colocar seu jeans e ir para o bar tomar uma taça de Sauvignon Blanc com os amigos.

Antes que Você diga SimOnde histórias criam vida. Descubra agora