8 || Fazia muito tempo

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+ É, não vamos comentar sobre meu desaparecimento, toma aí o capítulo (ironia pretendida no título). 

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  O garoto de antes não foi a única criança a ser trazida para a sala esterilizada, como Anya descobriu mais tarde, mas foi a única que permaneceu por mais tempo, e até o último dia de gravação. Último dia, sim, pois os números dos arquivos eram as datas da gravação. A primeira era de meados de 2003 e a última era de 2005. 

  Anya não teve tempo de assistir a todos os vídeos, mas pôde observar o exato momento em que uma criança não foi trazida de volta e o cientista chefe apenas declarou que estavam usando uma "nova cobaia". Cada vez que aquele homem abria a boca ela sentia um arrepio na espinha, e não podia deixar de imaginar que o pior havia acontecido com aquelas crianças. Crianças sem nome, sem família, sem nem mesmo consciência do que estava ocorrendo, considerando que estavam sempre dopadas. 

  E a mesma pergunta surgia em sua mente: por que sua mãe estava com aquilo? E a única coisa que ela sabia com certeza era que isso provava que a polícia estava errada na investigação que fizeram um ano atrás.

  A garota estava tomada de dúvidas. Ela devia entregar aquilo à polícia e deixá-los resolver tudo. Mas outra parte de si não queria problemas, não mais do que já tinha. Não com tantos segredos que ela devia manter guardados...

  O estrondo dos pratos da bateria retumbou em seus ouvidos, a fazendo pular no lugar.

  — Rodriguez! — chamou o professor de Teoria Musical. — Você ouviu qualquer coisa que foi dita aqui agora?

  Anya finalmente percebeu os olhares de todos do auditório sobre si, e as risadinhas das garotas ao seu lado. Ela olhou para a lousa rapidamente.

  — É... sim. — a garota respondeu.

  — Então por que ainda está olhando para o nada sem fazer a atividade?

  — O senhor mandou começarmos as atividades rítmicas, professor. Estava esperando a bateria marcar o tempo certo. — e ao notar o olhar indignado do mais velho a sua frente, ela acrescentou: — Desculpe, Sr. Martin.

  — Do começo! — o homem retomou a aula.

  Anya posicionou o violino sob o queixo, acompanhando a turma no ritmo quase sem melodia que acabara de começar.

  Uma hora depois, durante o intervalo, a garota se viu na clássica tortura de ensino médio: intervalo. Ela estava prestes a sair do refeitório com a bandeja em mãos quando viu um oásis em meio ao deserto. Não podia ser. A garota correu em sua direção.


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— Ô do cabelo desgrenhado! — a voz feminina soou por trás de Peter, que estava prestes a se sentar numa mesa no fundo do refeitório.

Ele se virou para ver a expressão surpresa de sua amiga de infância.
— Como vão as aulas de música? — ele questionou casualmente.

Todos os dias que fiquei sem vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora