O infortúnio muitas vezes traz consigo trauma e medo, até mesmo solidão. Sakura estava passando por um drama, um acidente fez com que sua rotina mudasse completamente. A dor da perda e os sentimentos confusos da separação tiraram o brilho e a imagin...
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Mudanças são necessárias, criar um novo ciclo de amizades e viver novas experiências. Eu de fato não estava preparada para isso, mas eu não podia negar que eu precisava disso. Acordar com a voz estridente de minha mãe era o suficiente para me trazer a realidade que eu estava prestes a viver.
O seu berro ficava mais intenso, eu ignorava na tentativa de voltar a dormir, mesmo sabendo que isso poderia me render uns belos tapas.
⏤ SAKURA HARUNOO! EU ESPERO QUE VOCÊ JÁ ESTEJA PRONTA QUANDO EU SUBIR AÍ, MOCINHA!
Não seria inteligente da minha parte ignorar esse quinto aviso, pelo tom me parecia que minha querida mãe não estava de bom humor. Como uma boa filha que sou e atenta aos seus avisos, virei-me para o outro lado da cama e a ignorei novamente.
⏤ VOCÊ, POR ACASO, SABE QUE HORAS SÃO SAKURA?! ⏤ Grita após abrir a porta com brutalidade.
Viro o rosto, ela estava com as mãos na cintura, sua face era de pura irritação, poderia facilmente me matar com os olhos.
Carinha de brava, a coisinha mais linda, parecendo o anticristo.
⏤ Bom dia para a senhora também, Mebuki. ⏤ Lanço a ela um sorriso, vendo seus olhos cerrarem, me encarando com mais irritação.
Era claro o quanto ela odiava ser chamada desta forma, além de se sentir velha. Isso era o que mais a irritava, se sentir velha por ser chamada de "dona".
Seus olhos se fecham e a vejo respirar fundo, em seguida segue em passos largos até a janela, abrindo as cortinas, fazendo a claridade entrar e iluminar consequentemente o quarto inteiro. Meus olhos se incomodam, e de imediato pego a coberta e me cubro por inteira.
⏤ Sakura, levante! Temos que ir para o aeroporto, querida. ⏤ Ordena com a voz manhosa.
⏤ Ah, mãe! Eu não quero. ⏤ Finjo uma voz chorosa, de modo a convencê-la a me deixar ali.
⏤ Sakura, deixe de drama e vá logo tomar um banho e dar um jeito nessa cara de morta-viva.
⏤ Caraca, valeu, mãe. ⏤ Digo com uma feição ofendida, sua risada ecoa pelo quarto.
⏤ Vou preparar o seu café, enquanto isso vá se arrumar. ⏤ Diz, e segue em direção à porta. ⏤ Dez minutos para se aprontar, está me ouvindo?
⏤ O quê! ⏤ Sento-me na cama em um pulo. ⏤ Mãe! Eu não sei se percebeu, mas eu estou com um ninho de passarinhos na minha cabeça. ⏤ Aponto para o cabelo. ⏤ Em dez minutos, é impossível eu arrumar isso! ⏤ Falo com indignação.
Mebuki me encara com tédio e seguidamente continua seu trajeto até a porta, encerra seus passos e, antes de fechar a porta, me olha por cima do ombro.
