capítulo 35

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O natal havia sido incrível, a gente comeu até nossas barrigas doerem, cantamos rimos, abrimos presentes (que não eram muitos mas de verdade isso não importa) ouvimos músicas e tiramos algumas fotos aleatórias. Foi muito bom ver Penélope e Jay conversando sobre tudo, ver Louis se afundando na torta de maçã, Ver Lottie feliz em trançar meu cabelo denovo e ver o rumo que minha vida estava finalmente tomando.

      Todos estavam dormindo, e eu estava na cama, ao lado de Louis olhando as fotos que havíamos tirado nas últimas 24 horas. Não pensei muito em publicar a foto que tiramos juntamente com os meninos com a legenda:

       " _my family_ "

      Sorri profundo e me virei para dormir.


       (3 dias depois.)

       Eu estava chegando em casa, ciente de que meus pais já teriam voltado de viagem, mas conversar não era algo que eu pretendia agora.

       Senti minhas mãos suadas ao girar a maçaneta da porta principal, minha mente discava a mesma frase repetidamente, como um disco de vinil quebrado:

     "Não estejam de mau humor
      não estejam de mau humor."

     Entrei rápido indo instantaneamente em direção às escadas, mas escuto uma voz me chamando da sala de jantar, que era visível da escadaria:

      —Edward, vem aqui, eu estava com saudades. — minha mãe disse.

     — Eu também — A abracei. meu coração se esquentou com esse afeto, mas ainda algo doía.

     Meu pai entrou na conversa.

     — Styles, quer dizer então que não somos sua família? — falou firme com o celular virado para o meu rosto. Minha mãe me olhou, confusa, me soltando de seus braços. — eles são sua FAMÍLIA HARRY? DEPOIS DE TUDO QUE TE PROPORCIONAMOS VOCÊ NOS DESPREZA EM TAL NÍVEL?

      Tudo estava instável. Não conseguia sair do lugar, era incapaz de esboçar uma reação. Sentia minhas unhas indo de encontro às palmas de minhas mãos, minha boca tremia, minha mente procurava em alguma caixa, uma resposta para aquela situação. Meus olhos estavam se avermelhado, como morango florescendo no auge do inverno. Meu peito subia e descia de forma intensa para mim, mas para olhos alheios era sutil demais para perceberem.

      — VOCÊS SUMIRAM, COMO VOCÊS ACHAM QUE EU ME SENTI? EU MAL RECEBI MENSAGENS PERGUNTANDO COMO EU ESTAVA, NADA, VOCÊS ME DEIXARAM AQUI, E ME DEIXARAM NO DIA MAIS ESPECIAL PRA MIM. — Respondi, não contendo minhas lágrimas — E inclusive, trago novidades. Agora eu namoro, e ele se tornou parte da minha família assim como meus amigos que se importam comigo e a Penélope que foi praticamente uma mãe pra mim.

      — COMO OUSA? — mãe disse.

    — COMO EU OUSO? A PENÉLOPE ARRANCOU MEU PRIMEIRO DENTE, ELA QUE COMEMOROU COMIGO QUANDO LI MEU PRIMEIRO TEXTO ENQUANTO VOCÊ SÓ DEU UMA PALMINHA FROUXA, ELA FOI AO MEU PRIMEIRO JOGO, ELA FOI A PRIMEIRA PESSOA A ME ACOLHER POR EU SER BISSEXUAL, ELA SEMPRE FOI ELA. E você? E você mãe? Tirando o fato de que você e meu pai me usam de mascotinho pros seus amigos influentes, se tudo o que vocês já compraram pra mim simplesmente sumisse. O que sobraria? Suas respostas secas? Ou iria sobrar todas as vezes que o seu marido não estava aqui por quê quando ele não está trabalhando ele simplesmente sai pra algum lugar e eu nem sequer tenho proximidade com o meu próprio pai. Eu sempre me humilhei pra vocês olharem pra mim, sempre fiz questão de ser o mais atlético, o mais inteligente, o melhor músico, tudo. Eu não pedi nada além de ser profundamente amado por vocês, e isso, foi a única coisa que vocês não me deram.

    Essas palavras sairam dos meus lábios em uma intensidade tremenda, carregadas de tudo o que eu nunca disse durantes os anos, de repente, eu não enxergava meu pai, nem minha casa, mais nada. Eu me senti teletransportado para todos as situações que trouxe a tona.

       — Para com esse drama, Edward. — ouvi as palavras cuspidas pelo meu pai
      

     Aquelas feridas que sempre sangram.

     Meu pai começou a falar em um tom insuportavelmente alto enquanto eu saí andando em direção ao meu quarto. Eu já não sabia o que pensar naquele ponto.

    Corri pra minha cama, onde comecei a sentir lágrimas quentes rasgando a minha pele como giletes novas, meu corpo parecia duas placas tectônicas se chocando e causando um terremoto devastador, e o estrago era em minha mente.

       Eu olhava para o balde ao lado de minha cama com meu vômito dentro, eu estava chorando e tremendo a no mínimo quarenta minutos, eu estava deitado, de olhos fechados querendo simplesmente morrer. Eu acho que não sabia mais o que era real ou só devaneios meus.

     Acordei horas depois ouvindo meus pais no andar de baixo. Me aproximei da porta do meu quarto para conseguir ouvir com mais clareza.

     — Querido, a gente errou em literalmente tudo o que envolve ele, esse é o problema. Eu nunca imaginei que ouviria o que ouvi hoje

     — Anne, não vamos virar uma família perfeita do dia pra noite, acorda. Não tem como arrumar quase 18 anos em 18 horas.

    — A gente devia pelo menos tentar.

    — Vai falar com o Harry.
    

notas: Desculpem pelos capítulos curtinhos
:( :(

The new past [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora