4 - Draco Malfoy

71 11 1
                                    

Inspiro profundamente e folgo o nó da gravata. Sinto uma onda de calor subir pelo meu corpo, e cedo à minha vontade incessante: beijo Harry. Seguro o menino pela cintura e o beijo numa tentativa desesperada de acalmar a tempestade que se formou dentro de mim. Ele tem esse efeito calmante com sua presença, seu toque, seu cheiro e sua forma de falar. Harry devolve o gesto e posiciona as mãos na minha nuca. Arfamos e nos separamos por causa da falta de ar. Depois me dou conta da besteira que fiz. Merda, Draco! Você não consegue se controlar uma única vez quando se trata de Harry?

— Eu... eu não devia... — Encaro meus pés e torno a olhar pra Harry. — Sinto muito.

— Eu não sinto. — Ele abre um sorriso (o sorriso mais lindo que já vi na vida). — Não sinto nem um pouco.

Um silêncio se instala sob nós, e continuamos nos encarando por pelo menos dois minutos, mas que pareceram duas horas. Retomo minha consciência e me endireito, ajeitando o nó da gravata.

— Na verdade, Harry, vim aqui falar com você sobre a nossa primeira sessão de estudos. Que tal amanhã depois da minha última aula? Tenho uma a mais que você, então vai dar pra você descansar e preparar a cabeça pra lidar com Poções. Sei que é uma matéria que te cansa.

— Draco atencioso. — Ele me olha e sorri tanto que aperta os olhinhos. Merda. Odeio o fato desse mal entendido ter acontecido. — Pode ser amanhã, sim. Te conhecendo como conheço, vai querer que eu vá pelo menos com a camisa, a gravata e a calça da escola, não é?

Sorrio.

— Pode passar o tempo que for que você vai continuar sendo a pessoa que mais me conhece no mundo. Amanhã, no meu dormitório, às 18:00. Não...

— "Não se atrase", eu sei. Conheço você.

Assinto com a cabeça e começo a descer as escadas. Coloco as mãos nos bolsos da minha calça e olho uma última vez pra trás, só pra me certificar de como Harry está. Dou um pequeno pulo quando vejo que ele também está olhando pra mim. Dou um sorriso de canto de boca e torno a descer as escadas, direto para a Masmorra da Sonserina.

Ao entrar no salão comunal, me deparo com Blaise e Pansy me encarando enquanto me dirijo ao encontro deles. Com certeza sabem que eu estive com Harry, já que não estava aqui depois do jantar. Sento-me na poltrona de couro preta ao lado do sofá onde os dois estão e folgo novamente o nó da minha gravata.

— Onde você esteve, Draco? — Pansy pergunta, levantando as duas sobrancelhas, enquanto Blaise se endireita no assento e se inclina um pouco para a frente. — Já que não estava aqui depois do jantar.

— Fui no banheiro dos monitores tomar um banho. — Minto, mas não soa muito convincente. — Pra relaxar, sabe?

— Sei. Então o banheiro dos monitores passou a ser na porta do salão comunal da Grifinória? Foi o que me pareceu quando escutei Potter gritar seu nome da escadaria.

Mas que merda. Todo mundo sabe tudo da minha vida nessa porcaria.

— Fui marcar sobre a sessão de estudo de amanhã com ele, só isso.

— Espero que vocês voltem. — Blaise diz com uma sinceridade verdadeira em seu tom de voz. — Continuo achando vocês um casal bonito. E odeio ter que admitir a isso, mas acabei me apegando a Potter. É um cara bom.

— Concordo com Blaise, Draco. — Pansy acrescenta enquanto joga os cabelos para trás. — Acho que a maior bobeira da sua vida é ficar sem o amor da sua vida por medo de machucá-lo de novo. E machucar entre muitas aspas, porque até ele sabe que tudo aquilo foi um mal entendido estúpido que os fofoqueiros de Hogwarts proporcionaram a vocês. Ele te quer de volta, Draco. Você não vai por um medo que está te levando a cometer a maior burrada do século.

Ela se joga no encosto do sofá e Blaise passa o braço por trás de Pansy. Acho legal a amizade colorida dos dois, supostamente secreta, até eu ouvir a garota gemendo o nome dele certa noite. Se aquela noite foi inesquecível pra mim, imagine para os dois.

— Usa os neurônios que você usa pra pensar em Poções pra pensar nessa situação. Não é nem um pouco difícil de ver. — Blaise expira profundamente e relaxa no sofá. — Impressionante como você tem duas cabeças e não pensa com nenhuma.

Nós três nos entreolhamos e rimos até a barriga doer. Sou muito feliz de tê-los como amigos. Não sei o que faria sem eles por aqui. Me levanto da poltrona e me espreguiço enquanto bocejo.

— Já deu minha hora de ir dormir. Não demorem também, o dia amanhã é puxado. Boa noite.

Me jogo entre os dois e os abraço. Beijo a cabeça de cada um e subo as escadas até meu dormitório. Me jogo na cama com meu uniforme mesmo e adormeço no mesmo segundo.

Amor&Poções - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora