3 - Harry Potter

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Detesto o fato de eu estar sentando em uma posição que me faça encarar Draco durante o jantar. Vez ou outra trocamos olhares, mas nada mais que isso. E pensar que vou ter que vê-lo pelo menos quatro vezes por semana me dá nos nervos. Me faz sentir uma agonia, tristeza e um pouco de culpa. Malditos fofoqueiros de Hogwarts. Estou perdido em pensamentos quando Hermione os interrompe:

— ... e quanto a você, Harry? Já decidiu como vai lidar com as sessões de estudo com Malfoy?

— Pra ser bem sincero, Hermione, não. Mas vou dar um jeito. Nem que a gente precise entrar no tópico proibido pra conseguir estar no mesmo ambiente sem um clima pesado.

— Caramba! — Ron exclamou enquanto engolia um pedaço de frango. — Não estava preocupado até você cogitar entrar no tópico proibido. Você acha que vai ficar tudo bem?

Penso um pouco antes de responder. Não sei. Não faço a mínima ideia de como vão ficar as coisas. Mas acho que não custa nada tentar esclarecer. Óbvio que não espero o retorno do nosso relacionamento, mas pelo menos um clima de paz.

— Sim, Ron. — Sorrio, sem ter certeza da veracidade da minha resposta. — Vai ficar tudo bem.

                                               |~|

Após o jantar, dirijo-me ao meu dormitório de monitor. Ron quase enlouqueceu no último ano exercendo esse cargo, então conversou com Dumbledore e a tarefa de monitorar os alunos da Grifinória foi concedida a mim. Confesso que gosto de ter um quarto isolado, mas às vezes sinto falta dos meninos durante a noite.

Estou quase na porta do salão comunal da Grifinória quando ouço um "psiu" vindo de algum lugar. Olho para os dois lados, confuso, quando vejo uma figura sair das sombras das paredes da escada: Draco. Tinha que ser. Olho sem jeito pra ele e levo a mão para trás do pescoço. Ele me olha de cima a baixo e sorri.

— Sabe, não precisa ficar nervoso toda vez que me vir. — Ele se aproxima lentamente. — Estudamos na mesma escola, frequentamos a mesma aula e agora somos obrigados a estudarmos juntos pelo menos quatro vezes por semana.

— Não estou nervoso, Malfoy. — Avanço em sua direção tão lentamente quanto ele se aproxima. — Nem um pouco nervoso.

— Se não estivesse, não teria colocado a mão na sua nuca quando me viu, muito menos ficado rígido como ficou. Acho que às vezes você esquece que eu te conheço mais que você mesmo. Namoramos por um ano, caso precise te lembrar. E por que "Malfoy"? Já perdemos toda a intimidade que tínhamos?

Ele me olha com um misto de tristeza e confusão, e então, passa a encarar o chão. Odeio vê-lo assim. Há meses, ele me olhava com essa mesma expressão, mas que foi originada por uma situação completamente diferente. Um mal entendido que resultou no fim de um dos melhores acontecimentos da minha vida.

— Não, não perdemos. —Respondo, e ele ergue o olhar novamente. — Me desculpa, Draco. Pensei que pudéssemos conversar sobre o que aconteceu, pra o clima entre nós ficar mais leve.

Agora ele é quem enrijece. Arregala os olhos e põe as mãos nos bolsos da sua calça de tecido fino. Ele fica ridiculamente bonito com ela. Merda.

— Não temos mais sobre o que conversar sobre aquilo, Harry. Passou.

— Não. Eu sei que foi um mal entendido. E não importa quantas vezes você me diga que não devemos mais ficar juntos porque você me machucou, vou sempre continuar tentando. Meu coração é seu, Draco. Sempre vai ser. Me machuca mais que qualquer coisa ver você rejeitá-lo por um medo seu de alguma coisa dar errado de novo e você quebrá-lo mais ainda. Pode fazer o que quiser com ele. Ele é seu. Mas não me deixa sem você, por favor.

— Harry, eu faço isso por você. Faço porque ainda te amo muito. Porque não quero te ver sofrer como vi há alguns meses, por culpa minha. Que bom que você sabe que eu não seria capaz de fazer o que toda a Hogwarts dizia que eu tinha feito. Fico muito feliz. Mas quando te vi com os olhos cheios de lágrimas por minha causa, por mais que fosse por uma mentira sobre mim, vi que não podia continuar vivendo com a possibilidade de te machucar de alguma forma. Não vamos entrar nisso de novo, por favor.

— Mas eu quero que exista esse risco, droga! — Bato o pé no chão e me aproximo mais do loiro. — O que é a vida sem riscos? Eu te quero comigo, te quero de volta na minha vida. Sempre vai existir o risco de um machucar o ouro, afinal, é um relacionamento. Mas quando você vai entender que eu sei que você não faria nada pra me machucar, e que eu não faria nada pra te ver ferido? Caramba, Draco, você é tão inteligente pra umas coisas, mas pra outras...

Ele me olha, estático. Inspira profundamente e folga o nó da gravata. Ganhei. Conheço essa reação melhor que qualquer um.

Amor&Poções - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora