Acasos

05.

Núbia.

Final de semana sem o meu bebê eu fico tristinha, mas é só receber as fotos dela se divertindo e eu já fico feliz, a felicidade da minha filha é a minha.

Hoje está um sol pra cada um, queria mesmo era está luxando na praia ou em uma piscina, mas fazer o que se eu resolvi dar pra pobre e ainda trabalhar em shopping, além de mal fudida, mal paga também.

Me dei ao luxo de me dar folga hoje, amanhã vou na upa e pego um atestado pra levar do trabalho. Não sou de fazer isso, sou muito responsável com essas coisas, mas não estava afim de ir hoje, não mesmo.

Então tirei minha picanha do freezer e coloquei minhas cervejas pra gelar. Tudo nas custas daquele filho da puta, só de falar nesse já me arrepia de ódio.

Como era pra mim sozinha, cortei só quatro bifes pra churrasco da peça, temperei um pouco de tulipa, mas conhecido como asinha da galinha, coração e pão de alho, amo. Fiz só um pouquinho de macarronese e salpicão, não podia faltar minha farofinha de cebola e ovo, gosto muito.

Queria que minha bebê estivesse aqui pra gente comer um churrasquinho juntas, mas sei que na minha irmã ela deve tá se intupindo de coisas gostosas também, fico imaginando a carinha dela quando chegar em casa e vê que tem os biscoitos que ela gosta, meu coração se enche de paz.

Minha casa não é grande, até porque é uma kitnet, mas tem uma área de serviço que eu uso pra estender minhas roupas, bem pequena, mas da pra ficar.

Eu não tinha churrasqueira, então dei um jeito com uns tijolos velhos, peguei a grelha do meu fogão, coloquei carvão e acendi, tudo sozinha. Desde novinha, sempre aprendi a me virar, a fazer as coisas por mim mesmo. Sou daquele tipo que, se eu não sei de algo , eu vou tentando até aprender.

Fiz uma pastinha de alho, azeite e sal grosso, pincelei na carne e coloquei na grelha, as asinhas, espetei os coração das inimigas no palito, por último o pão de algo e deixei assando. Peguei uma breja na geladeira e enchi no meu copinho de alumínio, dei aquele primeiro gole, feliz, geladinho.

Conectei meu celular na caixinha de som que eu comprei na feira, mas ela tem que ficar na tomada, veio viciada essa merda, pobre só tem história pra contar, pqp.

Ajeitei meu biquíni na lateral da minha cintura e liguei a mangueira, água estava geladinha, pagodinho rolando, breja, churrasquinho e aproveitando minha própria companhia. Tirei uma fotinha e bloqueei todo mundo lá do trabalho.

[ Status 📸 ]

Quando a carne ficou pronta, tratei logo de fazer meu prato, eu amo comida, como com gosto... aquela gordurinha da carne então, putss. Tanto tempo comendo ovo, que eu perdi as contas de quantas vezes eu repeti, estava mega satisfeita, estava guardando as coisas de volta na geladeira pra não azedas, quando eu escutei me gritarem no portão e depois só porradão, como era de chapa, fazia maior barulho, corri até o portão assustada, sem nem ligar pra como eu estava vestida.

— Vai quebrar caralh... — não terminei de falar quando eu senti um soco na minha boca, na hora senti o gosto do sangue.

Era o Matheus, transtornado, minha reação era só colocar a mão no meu rosto, tentando me defender. Mas ele era muito mais forte que eu.

— Matheus, para, para... por favor — comecei a me desesperar e num vacilo dele corri pra cozinha e peguei a primeira coisa na frente, a faca que eu estava cortando a carne.

— Tu é uma piranha, vagabunda, me colocou na justiça, me humilhou perante os amigos e ainda tá dando pro meu pai sua cadela, dando voltinha de carro, ganhando presentes, até saiu do emprego, minha mãe tem razão, tu é uma interesseira, Manuela deve nem ser filha minha, eu vou te matar! — Gritou vindo pra cima de mim mais uma vez e eu ameacei enfiar a faca nele.

— Vem, vem que eu te furo todinho. — Gritei apontando a faca na direção dele.

— Você é doente, maluco, psicopata Matheus, no que você se transformou cara? Quem tá envenenando sua mente garoto? Duvidar que a Manu não é tua filha? Tô com você desde os meus 15 anos seu escroto!

— Tu é uma vagabunda, isso que tu é, fala porra, tá dando pro meu pai, tá querendo patrocínio né piranha — veio pra cima de mim derrubando a faca da minha mão, mas só escutei o barulho dos tiros e fechei os olhos, pensando no pior.

Papum Papum

— Sai seu filho da puta, arrombado do caralho — abri os olhos quando escutei a voz do Guerra e vi o mesmo segurando o Matheus pela a camisa e jogando ele na rua.

— Dá uma coça pra ele nunca mais esquecer. — Escutei ele falando pro outro menino armado e eu estava em choque sentada no chão da cozinha, minhas lágrimas insistiam em cair.

Paz? Não tenho e nunca vou ter.

— Qual foi Núbia, para de chorar. — Me pegou no colo e minha única reação foi agarrar ele e envolver minhas pernas envolta da sua cintura e chorar como um bebê, enfiando meu rosto na curvatura do seu pescoço.

Senti uma das suas maos fazendo carinho nas minhas costas e desliza-las até minha nuca, fazendo um carinho com os dedos dentre os fios do meu cabelo.

— Cabô pô, ele já foi embora... fica calma, agora vai botar uma roupa, tá quase pelada aí pô — ele sussurrou no meu ouvido.

Me deu um estalo de volta pra realidade e eu desci do colo dele morrendo de vergonha. Ele me olhou de cima baixo e enterrou mais o boné no rosto.

— Vou pegar uma água pra tu.

Aproveitei a deixa e fui correndo colocar uma roupa mais apropriada. Quando cheguei na sala, ele estava sentado no meu sofá com o copo de água na mão, assim que me viu me deu e eu bebi de uma só vez, acho que estava com açúcar.

— Vim pra conversar contigo...

— Agora não, Guerra... por favor.

— Tranquilo, se acalma aí, toma um banho, amanhã broto aí pra nós trocar uma ideia é papo sadio.

— Você tá sendo educado? — falei tentando descontrair do clima que ficou.

— Não abusa, filha da puta. — deu um meio sorriso, fez um legal pra mim e saiu.

— Fala pro Marreco deixar dois menor na frente da casa dela, não quero ninguém incomodando ela, se broncar, pode passar o cerol.

Escutei a voz dele ao longe e fui tomar um banho e tentar entender, o que de fato tinha acabado de acontecer...

♡

+1 capítulo pra vocês, comentem, comentem, comentem e comentem meus amores e claro, aquele voto de lei.

Mega importante a opinião de vocês, um beijo, até o próximo.