06.

3.6K 471 127
                                    

Núbia,
Um mês depois...

Estou fugindo do Guerra a um tempinho, a real é que eu tô morrendo de vergonha, pulei no colo do homem igual uma safada, minha cara até esquenta só de lembrar, pior que nem foi de maldade, juro.

Desde o episódio ridículo do Matheus, que até então nunca mais botou as caras, inclusive Manuela liga, manda recado e ele nem tchun.

Me machuca o coração e me sinto uma pessoa horrível, por ter me envolvido e ter dado um pai tão merda pra ela, já me peguei chorando várias vezes e de coração, nem sei quando esse sentimento vai passar, minha filha não merece tudo isso tão novinha.

Mas é aquilo, me agarro no que minha irmã e minha mãe falaram, sou pai e mãe pra ela e vou honrar isso sabe, mato e morro pela a minha filha e também, mesmo o sangue sendo ruim, tem o avô, que por sinal, tá bem paradinho encostado no carro, de braços cruzados enfrente ao meu portão, ia passar direto, fingir que nem conhecia né, mas ele fez questão de me gritar chamando atenção.

— Só te encurralado mermo pra falar contigo né parceira. — falou se aproximando de mim e eu olhei pra cima com o nariz empinado.

Ele era bem mais alto que eu, meus meros 1,50 e ele beirando os 1,80...

— Tenho negócio contigo? Trafico ou estou contrabandeando algo pra você? — Perguntei, colocando as mãos na minha cintura.

— Ih qual foi, tô nem entendendo.

—Se tu não tá, imagina eu, contigo me chamando de parceira, eu ein, tenho nome e é Núbia tá? Ih é zero bagunça. — Falei mesmo, porque não sou baú e ele colocou um carão pra mim.

Tu ligou? Nem eu.

— Caralho, namoral, é tendo muita fé no pai pra não sair te estourando — falou balançando a cabeça em negação, rindo — papo reto, vim trocar uma ideia séria contigo.

— Hum, fala lá dentro que eu tô cansada, acabei de chegar do batente e ainda tenho que buscar a Manu la na minha mãe.

Abri o portão, entrei e ele veio andando atrás de mim, tirei meus sapatos na porta e ele já ia entrando com tênis sujo da rua, dei só um olhadão nele que rapidinho se ligou e tirou o tênis deixando o mesmo na porta, minha casa limpinha, cheirosinha, toda arrumada, ainda joguei uma canela pra purificar, eu ein, não sou nenhuma vagabunda né.

Joguei a bolsa no sofá e sentei no mesmo o encarando e ele ajeitou o boné, se sentando ao meu lado.

— Tô ligado que depois daquele ocorrido, o filho da puta do meu filho não brotou mais aqui, mas quero tu saiba que é ordem minha, tá de castigo numa outra favela distante pra ele pensar um pouco nas merdas dele... — ele ia continuar falando, mas eu o cortei.

— E lá por um acaso não tem sinal? Porque tua neta liga, manda mensagem e ele não é capaz de mandar um áudio. — falei curta e grossa.

— Na moral, minha parte tentando corrigir eu tô fazendo, mas não posso também forçar o moleque a ser pai, no final quem perde é ele, vou tá aqui sempre pela a minha neta e é por isso que eu vim falar contig... — cortei ele novamente.

Juro, foi o fim, já levantei puta colocando a mão na cintura e comecei a rir incrédula.

— É por isso que ele não toma jeito, corrigir? Meu amor, teu filho tem 25 anos, cheio de pelo no saco e leite nas bolas caralho, não tá em idade alguma de corrigir e sim de colocar ele pra trabalhar, ter responsabilidade, virar homem! Corrigir, é uma criança, não um burro velho, ah faça-me o favor né Guerra.

— Posso terminar? — falou com os braços cruzados, me encarando e ignorando tudo o que eu tinha falado.

— Fala logo que eu tô sem tempo. — falei perdendo a paciência pela a décima vez.

— Como eu tava falando antes, já tô ligado em tudo o que vem ocorrendo, sei da rua correria, da tua luta e te admiro pra caralho por isso, sem neurose... Quero da pra minha neta a mesma condição de vida que meus outros netos tem, entendeu?

— Ainda não sei onde tu quer chegar.

— Se tu calar a porra da boca e me escutar, tu vai entender.

— Grosso.

— Tu não sabe o quanto.

Olhei pra cara dele mega sem graça e dei um risinho, mostrando o dedo do meio pra ele.

— Sei que daqui a uns dias é o aniversário dela, então comprei um apê pra ela lá na pista, um bagulho maneiro, já tá no nome dela e eu já assinei e depois é só tu da aquela rabiscada...

— Guerra...eu não posso aceitar.

— Pode, como deve pô, tá maluca? A partir de amanhã já começa a ver uma escola particular pra ela, vou te mandar uma meta pra tu montar o apartamento do jeito que tu e ela quiserem, carta branca pra isso...

— É muita coisa pra eu assimilar Guerra, não é assim... tem o meu trabalho também.

— Faz doce não Núbia, pensa no que é melhor pra ela tá ligado? E quanto ao teu trabalho, tu sai de lá e caça um curso, alguma parada pra tu fazer que eu banco, quero tu se dedicando, dando uma atenção 100% pra ela, sei como é essa parada de ausência de pai, porque tive um assim e eu acabei me tornando um também...

— Também não é assim André... — tomei a liberdade de chamar ele pelo o nome.

— Não é tu mermo que vive falando que a culpa do Matheus ser assim não é minha pô? — falou dando uma risada e se levantou pra ir embora.

— Eu preciso buscar a Manu, já tá tarde e tem muita informação pra eu assimilar.

— Pensa pô e eu como te dei o papo, é o melhor pra ela, abraça o papo doidona. — balançou a cabeça pra mim e saiu, batendo o portão com cuidado.

Depois que ele saiu, corri pra tomar um banho rapidinho e fui correndo buscar minha cria, como ela já tinha jantado na minha mãe, só me dei o trabalho de buscar e colocar pra dormir, afinal, ela mesmo dormiu como um bebê, porque eu fiquei a madrugada toda pensando se eu aceitava ou não, essa ideia do André... ou melhor, guerra, sem intimidades em dona Núbia.

[Status 📸]

Preciosa pra mim 💖

Preciosa pra mim 💖

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

•••

+1 capítulo pra vocês, comentem, comentem, comentem, é muito importante pra mim a opinião de vocês e claro, não se esqueçam de voltar, até mais, beijo, amo vocês!

Acasos Onde histórias criam vida. Descubra agora