As luzes piscavam no teto. Era tudo tão absurdamente claro e branco que doía nos olhos verdes delicados, recém abertos. A boca estava seca. Sentia todo o corpo dolorido, além de se sentir extremamente fraca. Tentou levantar a cabeça, mas a sentiu presa por algo que estava envolvendo sua testa. Além, é claro, de sentir algo no braço. Era uma agulha? Ouvia barulho de máquinas apitando aqui e ali, além de um zumbindo constante que a estava deixando enjoada.
O que era aquilo?
Respirou fundo e sentiu os pulmões queimarem.
Onde estava?
Ouviu um barulho de porta abrindo. Virou os olhos na direção do barulho, mas não conseguiu enxergar nada.
Ouviu passos se aproximando e em seguida, um homem. Ele estava todo de branco, com uma roupa plástica. Uma máscara cirúrgica, luvas, bata, óculos de proteção transparente.
Observou o que ele fazia e até tentou se debater quando ele pegou uma seringa metálica com uma agulha enorme e espetou no braço. Sentiu uma fisgada e quis gritar, mas a voz não saiu. O que estavam fazendo consigo?
De repente, o coração começou a pulsar forte, a cabeça girou e os olhos perderam o foco. O ar começou a faltar nos pulmões e ela pensou que iria morrer, mas então o homem pegou uma máscara de oxigênio e colocou em seu rosto. Ela ainda balançou a cabeça tentando se livrar daquilo, mas a escuridão a alcançou, fazendo-a apagar.
Abriu os olhos, ofegante, assustada. Sentia o suor escorrer pelas costas e têmporas. Estava levemente perdida, mas quando piscou os olhos com força, focou no homem sentado à frente. Ele a olhava de forma fixa com o cenho levemente franzido.
Itachi.
Parecia confuso.
Não o julgava.
Engoliu em seco, passando a língua nos lábios enquanto desviava o olhar do dele, mas sentia o rosto queimar. Havia falado enquanto dormia? Será que resmungou? Pelo visto, ficou claro que estava sonhando, afinal, o homem a olhava de forma intrigada.
Pigarreou, percorrendo os olhos pelo local, tentando fugir ao máximo dos olhos negros. Percebeu uma movimentação vindo dele e finalmente olhou para o moreno, vendo-o levantar e seguir até uma mesa. Fechou brevemente os olhos e suspirou, tentando se recompor. Odiava aqueles sonhos. Odiava não entender o que se passava. Odiava absolutamente tudo o que não conseguia compreender.
Era frustrante.
- Já é manhã. - ele pontuou baixo, girando nos calcanhares enquanto trazia na mão direita um copo com água, caminhando na direção dela, estendendo-o logo em seguida - Beba.
Sakura olhou para o copo com água, depois para Itachi e pegou o copo com a mão livre, levando-o até a boca, sorvendo uma boa quantidade do líquido. Estava morrendo de sede.
- Obrigada. - pigarreou - Acho que dormi demais.
- Eu disse ontem que você estava exausta. - tornou a sentar na cadeira, voltando a olhar para a Haruno que agora devolvia o olhar - Sasuke não possui muito senso.
- Percebi isso. - tornou a beber a água, passando a língua entre os lábios depois - Pensei que fosse você o chato da família.
- Não confunda necessidade com bondade. - resmungou - Não estou sendo bonzinho. Estou sendo lógico.
- Vocês precisam de mim. - concluiu.
- Ouvi a conversa de vocês ontem. - se remexeu na cadeira. Só então Sakura percebeu que ele não usava o sobretudo. Itachi vestia apenas a calça escura jeans, coturnos e uma camisa de manga comprida leve. Os cabelos permaneciam presos em um coque frouxo - E você tem razão... Se fossemos capazes de destruir aquilo sozinhos, já teríamos feito.
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Inalterados
FanfictionAno de 2030. "O apocalipse passou, mas seus efeitos seguem perseguindo cada sobrevivente." As ruas estão mais desertas, as pessoas em extinção, o tempo é lento e parece que nada está em seu devido lugar. Nem mesmo os pensamentos da destemida Sakura...