céus, ele (realmente) me trata tão bem!

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Devia?

— Devia. — Como se respondesse a narração da história, Chuuya repetiu. — Você combina com o seu lar. Com as pessoas dele.

— Não há nada pra mim aqui.

— E no Japão?

— Nunca deveria ter existido.

— E cadê o resto do pessoal? — Sempre alheia as conversas, Gabriela já estava subindo as escadas quando tomou a atenção de Chuuya e Cora.

— Você não tem jeito menina. — Jorge foi até os pés da escada. — Isso não é jeito de agir na casa dos outro.

— Estão dormindo, acorde eles por favor. — Cora pediu. — Só cuidado com o de óculos, ele odeia barulho de manhã.

— Viu. — Desceu até a cozinha e pegou uma panela e uma colher de pau, começando a levantar os detetives.

— Adorei ela. — Chuuya disse.

Cora suspirou.

— Isso vai ser complicado.

Não, não seria, a verdadeira complicação entrou pela porta às 10:57 daquela manhã, junto a ela, outros três homens entraram no sítio de Assis.

— Eu não entrei. — Nikolai negou, este havia usado seus poderes.

— Desculpe... mas com quem está falando? — Sigma, um homem comum, apesar dos cabelos bicolores, perguntou.

— Com a narradora. — O outro respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — E é. Estranho seria não ouvir você.

Sigma não respondeu, apenas negou com a cabeça baixa, Fyodor parecia achar graça da situação.

— Adoraria ouvir os comentários de alguém onipresente pelas coisas que se sucederão agora.

— É uma dádiva meu amigo.

Dostoevsky olhou ao redor, aquele local parecia uma bagunça e no meio do caos estava ela, Coralina não precisou pousar seu olhar em Fyodor durante muito tempo, ela já sabia que era ele. Dostoevsky também não conseguia pregar peças em Cora.

— Fedya! — Ela exclamou, sorrindo, Fyodor sentiu o calor que ela emanava. Coralina estava no segundo andar.

— Myshka. — Ele fora mais contido, apenas sorriu curto e a olhou enquanto ela vinha até ele. — Você parece feliz.

— A segunda não está cinza, você viu? Tá fazendo Sol lá fora.

— Tem razão. Acho que não há dias assim no Brasil.

Ela dançou o olhar pelos camaradas que ele havia trago.

— Bem. — Ele voltou a atenção para si, como era egoísta esse Fyodor. — Estes são Sigma, Nikolay e... Kolya, onde está o Bram?

— É dia. — Foi tudo que o metido a palhaço disse. — Vou levar isso como uma ofensa.

— Com quem ele está falando? — Cora questionou.

— Não é tão importante assim.

— Que amigos excêntricos você tem, Fyodor. — Dazai falou com os braços apoiados no corrimão, Fyodor sorriu mais quando viu um roxo em seu olho esquerdo, aquela manhã parecia agitada antes mesmo dele chegar ali.

— Não tanto quanto os seus eu suponho. — Ele retrucou, desta vez até os mais avoados, como Kenji e Gabriela, sentiram o clima ficar tenso. — Espero que não tenha se chateado tanto com essa aliança.

— Nunca me chateio com nada que a minha bela dama faz. — Mentiu passando o braço na cintura de Coralina, que falhou em manter a mesma expressão de antes. Fyodor se tornou um pouco sombrio ao ver aquilo.

— Aconteceu alguma coisa, ele está mentindo. — Nikolai dedurou em russo.

— Mas não vai mais. — Fyodor retrucou no mesmo idioma, Dazai não evitou revirar os olhos.

— Ô Cora, falta mais alguém chegar? — Edogawa quis saber.

— Não. — Todos voltaram a atenção para ela. — Escutem, tem gente uns três países aqui, eu vou ficar muito confusa se tiver que ficar traduzindo as coisas toda hora, então vou passar o plano em inglês, certo?

— E quem não sabe? — Jorge perguntou.

— Eu passo pra você. — Fyodor respondeu, em português e Cora o olhou.

— Desde quan...

— Ele aprendeu enquanto estava preso. — Gogol dedurou o amigo. — Por sua causa. 

Coralina não evitou sorrir, Gabriela sussurrou um “bellos novios” para Chuuya, que preferiu não avisar quem era o verdadeiro namorado da amiga, estava mais bonito assim.

— Você deveria segurar sua língua antes que eu tire ela. — Fyodor ameaçou, não negando o que o palhaço disse. — Cora, apenas diga o que precisa, todos vão ouvir.

— Certo, certo. — E então ela se preparou para passar o plano, que consistia em Kenji, Sigma, Gabriela e Jorge enrolarem os irmãos Assis enquanto Cora, Fyodor e Nikolai levavam a pedra para o Meursault, no final da armação, Ranpo, Chuuya e Dazai prenderiam os brasileiros e todos seguiriam suas vidas como de costume.

╰☼╮

— Preciso saber. — Fyodor iniciou a conversa se espreitando na janela que Chuuya estava sentado. — Aquela coisa no olho do Dazai, foi você, não foi?

— Por que quer saber, ratinho anêmico?

O russo emitiu um "tsc" mas não havia qualquer tom de desaprovação em sua voz.

— Estou com inveja. Um ratinho anêmico feito eu jamais teria força para isso.

— Me avise quando estiver com vontade de socar o Dazai, geralmente esse serviço é de graça.

Eles riram curto, uma brisa quente passou por eles, ambos fecharam os olhos.

— Eu vou sequestrar a Cora. — Fyodor anunciou ainda de olhos fechados, os músculos da sua face ainda não haviam se acostumado aos sorrisos que ele dava quando o assunto era a brasileira.

Chuuya parou por pouco e deu de ombros, não costumava julgar muito por primeiras impressões mas era óbvio que Fyodor jamais faria algum mal a Coralina.

— Acho melhor assim. Ela sabe?

— Sabe.

O Nakahara soltou um longo “ah”.

— Então o Dazai sabe e a Cora não vai a canto algum.

Fyodor fez um sim com a cabeça, voltando para o seu grupo de camaradas.

— Estou contando com isso.

#𝟎𝟏 mondays╰☼╮𝐎𝐒𝐀𝐌𝐔 𝐃𝐀𝐙𝐀𝐈Onde histórias criam vida. Descubra agora