Cora precisava de mais

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Amanheceu cinza, mas Cora precisava de Sol.

— Cora? – Dazai verificou se ela estava acordada, seu toque era frio, mas Cora precisava de calor.

— Olá querido, bom dia. – Se espreguiçou um pouco. – Que horas são?

— Acho que pode dormir mais um pouco. – Ele a abraçou. – A casa está silenciosa hoje.

— Onde os meninos estão?

— Estão fora, podemos filar o trabalho um pouco. – Dazai afundou o rosto no travesseiro.

Cora se levantou.

— Vamos preparar nossos cafés. – Ela disse, mesmo relutante, Osamu se levantou.

Cora estava na beira do fogão, passando a água de café pata o coador, Dazai lhe dava apoio moral abraçando sua cintura e salpicando beijinhos pelos ombros e costas dela. O interessante era que Cora não sentia nada, nem o beijo, nem o abraço, nem Dazai, ela estava sozinha naquela cozinha.

Começou a se questionar então, quando os afetos de Dazai haviam se tornado cinzentos, frios, quando se tornaram um nada, era por causa da conversa do dia anterior? Foi no primeiro ato? Essa era uma pergunta que ela não sabia e nem queria responder. Afinal, Dazai não amava Cora mas Cora e̶r̶a̶ ̶o̶b̶c̶e̶c̶a̶d̶a̶, e̶r̶a̶ ̶d̶e̶v̶o̶t̶a̶, amava Dazai.

Isso, ela amava ele.

— Cora? – Ele a trouxe de volta a realidade, a mesa já estava posta. – O que está pensando?

— Sobre o caso, como será que as coisas tão indo lá no Japão? – Ela mentiu.

— Pelo que eu saiba, nada de novo. – Ele tomou um pouco de seu café, afiando Cora com seu olhar. – Acho que vou sair hoje, quer me acompanhar?

— Quero. – Ela não costumava perguntar, apenas seguia os passos duvidosos do amado.

Eles saíram e foram para a cidade, Dazai estava com vontade de turistar naquele dia.

— Como é bom estar de férias.

— Não estamos de férias. – Ela negou, parando numa feirinha.

— Eu quero essa, compra pra mim? – Ele fez beicinho, ela não negou. – Bem, eu estou desde que cheguei aqui.

— Por que você é um preguiçoso. – Pagou ao feirante, esperando seu troco. – Como consegue relaxar sabendo que tá todo mundo trabalhando pra não morrer?

— Ah, querida, se eles precisassem de mim, me chamariam.

— O Kunikida te chama todo dia.

— Eu disse que chamariam, não que eu iria.

— Ô Cora. – O moço feira falou enquanto dava seu troco, conhecia ela desde o berço. – Seu namorado passou aqui e perguntou onde que cê tava.

— Meu namorado? – Pensou que ele havia confundido Chuuya com Dazai.

— Um pálido menina, de cabelo escuro, deve ser irmão desse daí.

Julgou ser Ranpo.

— Ah, fala pra ele que eu vou passar o dia no sítio do tio Assis.

— Certinho então, ‘té mais!

— Até, tio!

— Já disse que amo você falando em português? É tão bom!

— Espero que goste também quando eu e o Chuuya falarmos mal de você em português.

— Não me diga que está ensinando pra ele.

— Não estou. – Eles foram até um bar, sentaram na mesa onde outrora Chuuya implorava para Coralina largar Dazai. – Ele sabe espanhol, só isso.

— Eu fico bêbado fácil. Só pra você saber.

— Eu sei. – Pediu algo leve. – Ou você acha que a mágica da bebida que te levava do chão pra cama?

— Querida? Era você? – A caricata surpresa dele fez Cora esboçar um sorriso. – Como posso agradecer por todos esses anos de serviço?

A lingua de Coralina coçou um pouco, censurando o que ela realmente queria dizer.

— Me pague mais cafés.

Dessa forma, eles passaram o resto do dia, visitando as casinhas mais antigas da cidade, indo no único restaurante e comendo comida local, ajudando a retirar os preparos do São João e somente quando o céu estava laranja eles retornaram pra casa.

— Eles ainda estão fora. – Dazai informou.

— Chama—se esforço, você devia aprender com eles.

— Você é tão linda que eu vou fingir que nem disse isso. Vou fazer mais café, que tal um banho?

— Esse tanto de cafeína vai te matar.

— É a intenção— Piscou vendo ela subir as escadas.

Cora ligou a luz do quarto já tirando a rasteirinha e se sentou na penteadeira que jazia ali, começando a tirar a maquiagem do rosto.

— Coralina, quanto tempo. – Havia algo metálico em sua garganta, e uma mão contra seu ombro, apesar disso Cora estava irradiando felicidade.

Ela estava sentindo aquele toque, frio e macio, contra seu ombro, estava ouvindo muito profundamente a voz melodiosa do outro, depois de um dia tão apático ela estava sentindo todas aquelas emoções novamente. E como era bom.

— Fedya! – Ela sorriu tanto que as bochechas doeram. – Então era você meu amável e anêmico namorado?

#𝟎𝟏 mondays╰☼╮𝐎𝐒𝐀𝐌𝐔 𝐃𝐀𝐙𝐀𝐈Onde histórias criam vida. Descubra agora