O depois ^^

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Realmente eu não estava me sentindo bem, dentro da sala de aula, fiquei tonta e parecia estar vendo aquele olhar em todo o canto, eu abaixei a cabeça no meu caderno, fiquei em silêncio, apenas lembrando de tudo que eu vi, olhei para a janela e tive a impressão de ver uma sombra no outro telhado me olhando, levei um susto. 

— Yonus? Você está prestando atenção? — pergunta meu professor. 

— Desculpe professor, estou meio distraída hoje — respondi. 

— Não se esqueça que as provas de fim de ano estão próximas — disse o professor. 

— Ok professor prometo que vou me esforçar — respondi. 

Terminando a aula, peguei meu caderno e sai com passos acelerados pelo corredor, fui até o banheiro, me olhei no espelho e joguei água no meu rosto, pensando comigo mesma. 

" Você só pode estar ficando louca, não existe essas coisas, como um homem poderia ser tão forte e veloz? Afinal, isso é coisa da minha imaginação "

Olho fixamente para o espelho, de repente aquele olhar aparece na minha frente, caio para trás assustada. 

— Meu Deus! Porque eu estou vendo essas coisas? 

Saio rapidamente do banheiro, vou até o refeitório, pego um lanche e me sento sozinha num canto. Quando ouço sirenes de polícia na frente da faculdade. Eu já imaginei que era por causa dos três moleques que tentaram me agarrar. Calmamente fui até a frente da faculdade e observei a movimentação de várias pessoas naquele lugar, eu perguntei a um homem. 

— Ei, o que houve? Por que essa movimentação? 

— Um garoto foi morto ali — me respondeu. 

— O que? — digo em pânico. 

— Calma moça — diz ele. 

— Mas como aconteceu isso? — perguntei. 

— Bom. Pelo que sei parece que foi assassinado, tinha muito sangue no local e estava com um grave ferimento no pescoço — me disse. 

— Ai meu Deus. — disse assustada. 

Sai correndo pela rua, enquanto escorriam lágrimas dos meus olhos, entrei numa lanchonete e fiquei ali sentada, pensando em tudo que eu pensei ter visto, mas eu não tinha certeza que era realmente uma pessoa normal, mas eu só sei que não era comum, era muito diferente do que qualquer outra pessoa. A atendente se aproximou de mim e disse. 

— Ei moça tá tudo bem com você? 

— Uhum — respondi tremendo. 

— Não parece estar bem — disse desconfiada. 

— Posso te fazer uma pergunta — disse eu. 

— claro — diz ela. 

— Você acredita em algo sobrenatural? Tipo, pessoas com forças sobre humanas e agilidade? — perguntei. 

— O que? Moça, olha o que está dizendo. Está drogada? — disse ela. 

— Olha pra mim pareço estar drogada? — perguntei brava. 

— Desculpa moça — disse ela. 

— Tudo bem, estou indo — respondi. 

Sai da lanchonete, com as mãos no bolso, andando olhando para todos os lados, com medo de presenciar aquilo de novo. Paro na frente de uma vitrine vejo meu reflexo, colocando as mãos no vidro penso. 

" O que estou fazendo? Vou acabar ficando paranóica "

Fiquei olhando as pessoas passando por mim e eu queria segurar uma e dizer, eu vi uma coisa fora da realidade, mas quem irá acreditar numa louca.

Voltando para casa, olhando cada canto da rua, eu estava com uma sensação estranha, que poderia dar de cara com aquele homem novamente. Mas eu não sei se eu fico com medo dele ou apenas eu o tenha como meu anjo da guarda, pois foi ele que me salvou naquela noite que eu jamais irei esquecer. Depois de uma semana, eu continuei frequentando a faculdade e tentando fazer o possível para esquecer aquela noite, mas sempre que eu via uma pessoa me olhando dava impressão de ser aquele homem. Estava eu dentro do meu quarto olhando para o teto quando minha mãe me chamou. 

— Yonus! Não vai para a faculdade hoje? — pergunta ela. 

— Não sei mãe, hoje não tenho prova — respondi. 

— Mas vai ficar em casa o dia todo? — diz ela. 

— Acho que vou — respondi calma .

— Poderia ir comigo até a clínica, me ajudar com os pets, cães, gatos, coelhos etc. — disse ela. 

— Ok mãe! Eu preciso me distrair mesmo — respondi. 

Eram 18 horas eu coloquei meu casaco, tranquei o portão da minha casa e entrei no carro com minha mãe, e seguimos até a clínica veterinária . No entanto eu estava ainda muito abalada com a morte daquele garoto, era um nojento, mas ainda assim eu me senti péssima por isso, olhando para fora do carro, enquanto minha mãe dirige para a clínica, observando os pássaros voando, as pessoas andando pela rua, refletindo sobre o mundo, e se realmente existir uma existência oculta camuflada nas sombras, uma existência muito além da nossa imaginação, se realmente existir isso. Aquele homem veio de lá. Minha mãe olhou para mim e disse. 

— Estou te achando diferente, filha — diz ela. 

— Porque mãe? — perguntei. 

— Quer me contar alguma coisa? — pergunta ela. 

— Ah! Na verdade sim, mas eu não sei como dizer isso, na verdade nem sei se devo lhe dizer isso, entende? — disse eu. 

— Não filha! Não entendi o que está querendo dizer, desde a morte daquele menino na frente da sua faculdade, você não é mais a mesma — diz ela desconfiada. 

— Claro né mãe! Uma morte bem onde eu sempre vou, não seria surpresa eu estar abalada — digo. 

— Ok filha! Mas se você quiser realmente me dizer outra coisa, saiba que eu vou te ouvir — diz ela. 

— Tudo bem! Eu vou pensar em como te dizer isso, mas não se preocupe mãe, não é nada de mais, na verdade é coisa da minha cabeça, espero — disse eu. 

Passou alguns minutos e chegamos até a clínica da minha mãe, estava muito ansiosa pra lidar com os animais, pois eu sou completamente apaixonada por eles, vamos entrando, minha mãe vai na minha frente me mostrando as coisas que tinha no local, depois de alguns passos cheguei num lugar, tinha vários animais que minha mãe tinha que cuidar, cães, gatos, coelhos, hamsters e até serpentes e tartarugas. Fiquei apaixonada pelo lugar, realmente me veio na cabeça que eu deveria ser veterinária, mas também minhas aulas de medicina eram minha grande paixão, eu sempre achei magnífico e misterioso o corpo humano, e eu tinha muita vontade de salvar vidas, talvez por isso escolhi a medicina. Minha mãe diz. 

— Yonus se quer realmente ser veterinária, vou te mostrar o que fazemos para ajudar os animais, primeiro você precisa ter muito amor e dedicação aos animais, porque senão a coisa não funciona, você precisa realmente amar esses animais — disse ela. 

— Entendi mãe, mas eu também adoraria ser médica, eu ainda estou com muitas dúvidas sobre isso, afinal de qualquer forma as duas profissões são lindas — respondi. 

— Verdade filha, você poderá ser uma médica brilhante e maravilhosa ou também uma veterinária muito carinhosa com os animais — disse minha mãe. 

Logo depois, peguei um gato machucado, e fiquei brincando com ele, percebi que realmente o amor das pessoas salva os animais, mesmo machucado ele brincava comigo todo esperto. Minha mãe olhando a cena inusitada diz. 

— Realmente você leva jeito pra isso Yonus, você tem o necessário para cuidar desses animais — diz ela. 

— Obrigado — respondi. 

Fiquei observando minha mãe tratando de alguns animais, e me imaginei futuramente ali no lugar dela, sendo uma grande veterinária também. Foi quando eu tive uma sensação estranha ao olhar para fora, não sabia o que era, mas parecia me atrair de uma forma tentadora e convidativa.

INSTINTO ^^Onde histórias criam vida. Descubra agora