Já passava das 8 da noite. O céu ainda tampado por nuvens expressas deixava aquela noite com um tom obscuro. Munido da lanterna Joréu foi até o canil, amarrou Thor em uma coleira, jogou uma picareta nas costas e partiu rumo a cratera. Thor era um cachorro virá lata de porte grande, de cor marrom escuro, de pé colocaria as patas sobre os ombros de um homem. Cachorro amarrado fica mais bravo dizia Seu Virgulino. O animal só era solto pra ajudar a caçar algum tatu que volta e meia aparecia pela fazenda.
A decisão de levar o cão amarrado foi sábia, assim como imaginou Joréu o animal não queria chegar perto da cratera. Latia ferozmente e empacava olhando nos olhos do dono como se quisesse alertá-lo de algo. Joréu insistiu, puxou o cão com força para que este o acompanhasse até dentro do buraco. O rapaz não fazia ideia do que tinha ali, nem se era seguro se aproximar. Será que pode ser venenoso? Apontou a lanterna bem para o ponto mais fundo do buraco, havia um ponto tão preto a luz da lanterna parecia ser engolida, Joréu estava ainda a uns 5 metros da pedra, se é que aquilo era mesmo uma pedra, parecia perfeitamente redonda demais pra ser natural. Metade do objeto estava enterrado, e as bordas do chão em contato com a pedra parecia estar brilhando. O cachorro agora estava quieto e também encarrava o ponto, Joréu encurtou a corrente que segurava o animal e o empurrou sutilmente em direção a coisa.
- Pega Thor.
O cão se aproximou devagar cheirando o chão, parou a um metro da coisa e travou.
Joréu sabia que tinha algo de errado com o animal, parecia petrificado ou talvez tentando não se mover para não ser visto por algo. Chamou por ele duas vez.
O animal deu um latido estrondoso que Joréu escorregou no chão inclinado da borda da cratera.
-vem cá garoto.
O animal latia ainda travado, quase que parecia conseguir se mover somente do pescoço pra cima. Os latidos tinha um espaço de tempo cada vez menores e em pouco tempo já nem pareciam mais com latidos de um cão. O animal agora gemia e Joréu tremia sem entender. Thor gritava um grunhido agonizante como se estivesse sentindo uma dor horrível apesar de estar de pé. Joréu deu um passo a frente até alcançar a corrente para puxar o animal sem encostar nele. Pôs toda a força para arrastar o cachorro que continuava a urrar, o animal voltou a se mexer, de um jeito nada natural, requebrava e se contorcia como um contorcionista de circo, virava o pescoço para a esquerda e a direita, esquerda e direita, em dado momento parecia fazer isso várias vezes por segundo enquanto uivava freneticamente até que num estalo parou.
Joréu não conseguia processar o que tinha vista puxou o animal agora com mais facilidade até a boca da cratera e pôs a mão em seu corpo. A coluna estava quebrada.
- que merda é essa?
Olhou novamente para o cachorro que pegará para criar ainda filhote e agora tinha morrido aos berros como se tivesse sido queimado vivo e com os ossos internos moídos.
Pegou a picareta no chão decido a martelar aquele ponto preto no fundo do buraco e ver o que acontece. Quando jogou o objeto pesado nas costas, olhou para baixo e travou.
A filha do vizinho o encarava lá do fundo. Com o pescoço quebrado sua cabeça pendia para o lado e apesar da distância Joréu pode notar a língua esbugalhada do mesmo modo como morrera.
Três segundos foram tempo o suficiente para Joréu saber que aquilo não era uma mera alucinação. Virou-se para fugir mas tropeçou no corpo do cachorro e caiu de cara no chão, enquanto tentava se levantar sentiu falta de ar, algo estava apertando lhe o pescoço, tateou com as mãos instintivamente e sentiu uma corda enforcando lhe. Lembrou-se imediatamente do bilhete que o cadáver da menina segurava: ele iria pagar pelo que tinha feito com ela.
Em desespero para se livrar daquela corda começou a arranhar o próprio pescoço quando de repente sentiu uma mão tocar-lhe o rosto.
- Filho.
A voz do pai lhe trouxe de volta o ar. Não havia corda envolta do pescoço, embora sangrava devido a suas próprias unhas.
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Noites Nubladas
TerrorQuando um meteorito caiu em uma pequena cidade no norte de Minas Gerais, moradores locais começaram a presenciar acontecimentos macabros.