Apagando o Fogo

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Ao meio dia Joréu e o pai ainda tentavam apagar o fogo que se alastram pela Brachiaria seca e que devorava o pasto. Seria mais fácil se o vizinho estivesse ali pra ajudar, mas o senhor Geraldo e sua esposa que eram muito próximos ao seu Virgulino se mudou logo após a morte do filha no mês passado. Meia dúzia de curiosos estiveram ali pra ver o que caiu do céu mas tudo o que dava pra ver era um enorme buraco rodeado de fogo que somado ao calor do dia não se tornava nada agradável.
Findada a preocupação de Seu Virgulino de que o fogo pudesse chegar a mata, eles desceram o pasto de volta para casa, não sem antes Joréu pudesse dar uma nova olhada na cratera. O Jovem abandonou os estudos após concluir o fundamental, não sabia muito sobre as coisas que poderiam cair do céu. Meteoro certamente era a palavra conhecida, mas ao se aproximar do buraco notou lá no fundo enterrada pela metade uma pedra preta como carvão. Aquilo era um meteoro? Não sabia com certeza. Mas era um pouco maior do que uma bola de basquete e pelo que dava pra ver acima do solo era perfeitamente esférica.
A cratera formada ainda parecia quente  subia um vapor que incomodava mas já estava bem melhor do que de manhã. Joréu olhou o formato da cratera, a parte mais íngreme e difícil de descer devia tem um metro e meio, o resto descia uniformemente até a pedra esférica. Resolveu descer até lá.
Quando pulou no buraco ouviu um som que era ao mesmo tempo estritamente e agudo incomodar seus ouvidos. Ao descer mais próximo a pedra sentiu uma vibração no ar, o calor emitido pela cratera se intensificou, e o ar parecia estar mais pesado, como se estivesse caminhando na água. Desistiu de encostar na pedra e quando virou pra trás sentiu as vistas escurecerem, teve de firmar bem os pés para não cair pra trás e quando tentou olhar pra cima viu uma mancha. Era o contorno do corpo pendurado em sua porta. Joréu baixou a cabeça e sentiu as pernas bambearem a ponto de ter que usar as mãos para se apoiar.
- pra que você desceu aí menino?
Joréu olhou para cima novamente colocando as mãos sobre a cabeça para cobrir a luz forte do sol e viu  a silhueta de seu pai. Seu trauma de semanas atrás o havia enganado.
- Isso ainda está quente você vai se queimar aí. – disso o velho dando a mão de apoio para o único filho vivo.

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