Mergulho

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Na manhã seguinte, quando Neteyam acordou, Lo'ak já estava terminando a primeira refeição do dia, comendo desesperado o ensopado de peixe enquanto era advertido pela mãe.

— Se você se engasgar com alguma espinha, eu arrancarei ela com uma faca! — Neytiri parecia furiosa pelo modo descuidado que o filho comida. Ela estava terminando uma trança em Tuk com a ajuda de Kiri. Jake não estava lá.

— Bom dia, mãe. Eu vejo você — Neteyam a cumprimentou com a voz rouca, ainda saindo do transe do sono.

— Bom dia, querido. Se Lo'ak tiver deixado, ainda tem algum ensopado para você. Coma bem para não se cansar rápido 

O irmão mais velho se aproximou da grande panela de barro perto do fogo, utilizando uma colher de madeira para pegar um pouco da comida. Assim que ia começando a colocar, seu irmão mais novo se levantou, agitado.

— Tchau mãe, tchau mano, tchau manas — Ele se estava perto da entrada, quase deixando a tenda, quando sua mãe chamou sua atenção

— Espere! Você levará a pequena Tuk hoje. Ontem Kiri ficou o dia inteiro com ela.

— Mas mãe, não, por favor. Pede pro Teyam.

— Já disse! Está na hora de você começar a cuidar da sua irmã. Amanhã será a vez dele — A voz dela parecia séria. Lo'ak bufou, contrariado, mas levou a irmã caçula nos braços em direção ao mar.

— E vocês dois, cuidado. Fiquem de olho no desmiolado do seu irmão. Tenho a impressão que Tuk é quem terá que cuidar dele — A matriarca pediu, emitindo um sorriso no final da frase.

Kiri e Neteyam assentiram, saindo do marui em seguida. Antes do mais velho ir procurar pelo seu professor, a garota o desejou boa sorte com um sorriso sarcástico: "Você vai precisar"

O Sully mais velho caminhou até onde eles haviam marcado. Ele se perguntava se, por algum motivo, o Metkayina estaria de bom humor hoje e torcia para que pelo menos não o tratasse mal como no dia anterior.

Entretanto, ao chegar até lá, não havia ninguém. Ele respirou fundo, sentando-se sobre as passarelas de corda, sob a sombra de uma tenda. De lá ele via seus irmãos já na água, brincando e se exercitando. Até a Tuk estava dando uma gargalhada sorridente nos braços de Tsireya.

Ele esperou durante aproximadamente 30 minutos, mexendo seus pés na superfície da água e brincando com alguns peixinhos. Estava se perguntando se ele apareceria, até que perdeu completamente a paciência. Se levantou bufando e já indo procurar algo minimamente produtivo pra fazer, quando virou-se e esbarrou, por acidente, naquele que havia sido designado a o treinar. 

Aonung pareceu surpreso pelo esbarrão. No impacto, ele acabou quase derrubando uma coisa que levava cuidadosamente, mas conseguiu, graças a uma boa destreza, segurá-la antes de cair na água.

— Ei, você tá doido? Quase me derrubou aqui! — O garoto exclamou, se recuperando do choque.

— Como assim cara, onde você tava? Eu tô te esperando aqui há um tempão — Neteyam tentou disfarçar o constrangimento pelo impacto colocando alguma rispidez na voz.

— Desculpa, cara — Aonung parecia realmente culpado. Suas orelhas abaixaram e ele desviou o olhar — Antes de vir aqui, encontrar você, eu pensei em procurar isso aqui. Imaginei que você pudesse gostar, mas acabei demorando demais. 

O garoto de pele azulada olhou para aquilo que o outro carregava em mãos. Era um tipo de pedra ou marisco, mas parecia fechada, como se fossem duas metades de uma concha unidas. Era escura e rugosa, e o tamanho era aproximadamente o de uma palma.

Perdido no seu Azul│Aonung X Neteyam │Onde histórias criam vida. Descubra agora