Capítulo 10 - Insegurança com Beakyul
Deixei o globo de vidro dentro da caixa e a guardei dentro do armário, atrás de uma pilha de suéteres que eu havia roubado de meu pai. Quando abri o presente na frente de Park, o parque de diversões pareceu reluzente e belo, com a claridade se refletindo nos arames como um arco-íris. Sozinho no quarto, porém, ele parecia assombrado. Uma colônia de férias perfeita para espíritos desencarnados. E eu não estava completamente convencido de que não havia uma câmera lá dentro.
Depois de trocar a roupa por uma camiseta e calça de pijamas, liguei para Hoseok.
— E aí? — disse ele. — Como foi? Obviamente, ele não matou você. O que já é um bom começo.
— Jogamos sinuca.
— Você odeia sinuca.
— Ele me ensinou algumas técnicas. Agora que eu sei o que estou fazendo não é tão ruim assim.
— Aposto que ele poderia lhe ensinar algumas técnicas em outras áreas.
— Hum.
Normalmente seu comentário me deixaria corado, mas eu estava pensativo.
— Sei que já disse isso antes, mas Park não me inspira uma sensação profunda de conforto. — disse ele. — Ainda tenho pesadelos com o cara da máscara de esquiador. Em um dos meus pesadelos, ele arrancava a máscara. Adivinha quem estava lá? Park. Pessoalmente, eu acho que você deveria tratá-lo como se fosse um revólver carregado. Porque tem alguma coisa de anormal nele.
Era exatamente isso que eu queria falar.
— O que poderia provocar uma cicatriz com o formato de um V de cabeça para baixo nas costas de alguém?
Houve um momento de silêncio.
— Bizarro. — disse com espanto. — Você o viu pelado? O que aconteceu? Foi na casa dele? No carro? Em seu quarto?
— Eu não o vi pelado! Foi meio que por acidente.
— Claro. Eu já ouvi essa desculpa antes.
— Ele tinha uma cicatriz enorme com a forma de um V de cabeça para baixo. Não é um pouco esquisito?
— Claro que é esquisito. Mas estamos falando de Park. Ele tem alguns parafusos soltos. Vou chutar… Briga de gangues? Cicatriz de cadeia? Marcas de atropelamento?
Metade do meu cérebro acompanhava a conversa com Hoseok, mas a outra divagava. Minhas lembranças me levaram na noite em que Park me desafiou a andar o Arcanjo. Revi as pinturas assustadoras e bizarras nas laterais dos carros. Lembrei das bestas com chifres arrancando as asas do anjo. Lembrei da marca escura em formato de V de cabeça para baixo no lugar em que costumavam ficar as asas.
Quase deixei o celular cair.
— D-desculpe. O que foi? — perguntei ao perceber que a conversa não estava mais indo para frente.
— O que. Aconteceu. Depois? — falou pausadamente. — Terra chamando Jungkook. Preciso dos detalhes. Estou morrendo de curiosidade.
— Ele entrou em uma briga e rasgou a camisa. Fim de história. Nada além disso.
Hobi inspirou profundamente.
— Era sobre isso que eu estava falando. Vocês dois saem juntos… e ele entra em uma briga? Qual é o problema dele? Talvez seja mais um animal do que humano.
Dentro da minha cabeça, alternava a visão das cicatrizes do anjo da pintura e as de Park. Ambas tinham cor escuras, ambas iam das escápulas até os rins e ambas desenhavam uma curva enquanto viajavam por suas costas. Disse para mim mesmo que havia a possibilidade de que fosse apenas uma coincidência que as pinturas descrevessem perfeitamente as cicatrizes de Park. Brigas de gangues, cicatrizes de cadeia… Infelizmente todas as desculpas pareciam mentiras. Era como se a verdade estivesse na minha cara, mas eu não tivesse coragem de encará-la.
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Anjo {Jikook}
FanfictionUm mocinho em perigo. Uma situação misteriosa. Um anjo caído. Uma escolha crucial.