Capítulo 5. Arcanjo

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Capítulo 5 - Arcanjo

Voltei atordoado para a mesa de totó. Beakyul estava curvado sobre ela com o rosto concentrado, demonstrando competitividade. Hoseok dava gritinhos e ria. Kwan continuava desaparecido.

Meu amigo tirou os olhos do jogo.

— E ai? O que aconteceu? O que o Park falou?

— Nada. Disse para ele não encher nosso saco. Ele foi embora. — minha voz estava inexpressiva.

— Ele não parecia estar furioso quando foi embora. — disse Beakyul. — O que falou para ele parece ter funcionado.

— Que pena. — disse Hobi. — Estava esperando que a noite tivesse emoção.

— Estamos prontos para jogar? Estou ficando com vontade de comer a pizza que vou ganhar. — disse Beakyul.

— Claro, se Kwan resolver voltar. — argumentou Hobi. — Estou começando a achar que ele não vai com a nossa cara. Fica sumindo. Isso seria uma indireta?

— Está brincando? Ele adora vocês. — soou entusiasmado demais. — Ele só demora a ficar à vontade com gente nova. Vou procurá-lo. Não saiam daqui.

— Sabe que vou matar você, não sabe? — falei assim que Hobi e eu ficamos sozinhos.

Ele ergueu as mãos e deu um passo para trás.

— Estava lhe fazendo um favor. Beakyul está doido por você. Depois que você saiu, contei a ele que tem três caras te ligando todas as noites. Devia ter visto a cara dele. Mal conteve o ciúmes. — gargalhou.

Grunhi.

— É a lei da oferta e da procura — disse ele. — Quem ia imaginar que fazer economia podia ser útil?

Olhei para a porta do fliperama.

— Preciso de alguma coisa.

— Você precisa de Beakyul.

— Não. Preciso de açúcar. Muita açúcar. Preciso de algodão-doce.

O que eu precisava mesmo era de uma borracha grande o suficiente para apagar todas as evidências da presença de Park em minha vida. Particularmente, daquele negócio de falar dentro da minha cabeça. Tremi. Como ele fazia aquilo? E por que eu? A menos… Que eu tivesse imaginado aquilo. Como havia imaginado ter atropelado alguém com o Verdinho.

— Bem que eu também gostaria. — disse Hobi. — Vi um vendedor perto da entrada do parque, quando entramos. Vou ficar aqui para os meninos não acharem que a gente fugiu e você providencia o algodão-doce. 

Lá fora, refiz o caminho até a entrada, mas, quando encontrei o vendedor de algodão-doce, distrai-me com algo que estava pouco a frente. O Arcanjo aparecia em cima da copa das árvores. Uma fileira de carros deslizou rapidamente sobre os trilhos iluminados e então mergulhou fora de vista. Fiquei pensando por que Park queria encontrar comigo. Senti uma pontada no estômago, e provavelmente deveria ter levado isso em consideração, mas, apesar de minhas boas intenções, peguei-me seguindo em frente, rumo ao Arcanjo.

Segui o fluxo da multidão, mantendo o olhar nos trilhos, que desenhavam círculos no céu. O vento havia mudado de frio para gelado, mas não era isso que fazia eu me sentir cada vez mais desconfortável. A sensação voltara. Aquela sensação gelada, perturbadora, de que alguém estava me observando.

Disfarçadamente, olhei para os dois lados. Nada de anormal na minha visão periférica. Girei 180 graus. Um pouco mais atrás, diante de uma pequena fileira de árvores, uma figura encapuzada se virou e desapareceu na escuridão.

Anjo {Jikook}Onde histórias criam vida. Descubra agora