(Prólogo)

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Lalisa se via na sala antiga da sua casa. Os gritos agonizantes estavam presos em sua memória e os seus sentidos a alertavam disso.

Conseguia ver a imagem de sua mãe e seu pai banhados em sangue. Homens com marcaras pretas olhavam para ela. Pareciam ter um físico bom e eram altos. Um deles tinha os olhos azuis, um tom tão claro como o da água em alguma ilha paradisíaca.

- O que fazemos com ela? - perguntou um deles enquanto apontava para um criança amedrontada e encolhida no canto.

- Deixa ela ai, eles eram nossas alvos. - respondeu com uma voz grossa. A voz era perfeitamente audível para a Manoban. Tudo o que os cinco homens fizeram foi fugir em seguida, sem deixar qualquer rastro.

O choro da garotinha se intensificava e à medida a morena ia acordando. Num sobressalto, ficou sentada em cima do colchão fofinho. A respiração estava irregular e forte, com a visão turva olhava em direção à parede cinzenta com alguns quadros à sua frente.

- Merda! - manifestou, passando as mãos frias pela cara de forma raivosa. Tinha sonhado outra vez com aquela memória que a atormentava constante, mas que servia como força diária.

Tirando o celular de carregar, ligou a tela e o brilho no máximo quase a deixou a cega. De uma forma exagerada, como sempre, a morena grunhiu em raiva. Ainda agora tinha acordado e já estava irritada.

Eram 07:56 da manhã. Afastou os lençóis que a tapavam com uma força exagerada e seguiu em direção ao banheiro. Talvez um banho quente a acalmasse.

Relaxando o corpo enquanto a água quente escorria por ele, observou alguns cortes e hematomas espalhados pelo seus corpo branco. Felizmente, a maioria já estava sarando.

Assim que terminou, passou uma pomada pelas feridas aparentes com mais cuidado e calma. Escolheu uma roupa totalmente preta - uma calça larga, tshirt, moletom e óculos - do seu enorme closet e vestiu.

O seu café não era muito diferente todos os dias. Uma torrada e café com leite era a sua escolha praticamente todos os dias e ficava sempre satisfeita.

Já com os tenis e o casaco especialmente para andar de moto em mãos, seguiu em direção à sua garagem subterrânea, escolhendo a sua Yahama MT-09. Deu partida assim que colocou o capacete.

A Manoban morava um pouco afastada civilização de Naju, numa casa moderna em tons de cinza, preto e branco. Parecia uma casa sem vida, sem conforto, mas a morena gostava dela, apesar de passar o tempo todo fora da mesma.

Num cruzamento perto da entrada da pequena cidade, sentiu o seu relógio vibrar, vendo o nome de quem lhe estava importunando.

- Fala. - atendeu enquanto tinha tempo.

- Bom dia para você também, Lali. - disse uma mulher com uma voz animada, o que fez a garota mais nova revirar os olhos.

- O que você quer, Rose? Não acordei de bom humor.

- E quando você acorda? - ouviu um resmungo baixo. - Iria perguntar se você estava vindo para cá mas consigo diferenciar a qualidade do microfone quando você está na moto ou no celular. Só quero que chegue o mais rápido possível, tenho algo importante para você. - a motoqueira concordou e a chamada foi encerrada.

Contornando os carros com habilidade, seguia em direção ao prédio da agência. Ele era alto e luxuoso, coberto de janelas que refletiam a paisagem ao redor.

Entrando no estacionamento subterrâneo, avistou uma figura de cabelos curtos e pretos saindo de um carro aparentemente caro. Sorriu quando percebeu quem era.

- Esperando por mim? - perguntou convencida. A outra garota sorriu e abanou a cabeça, retirando as mãos dos bolsos para abraçar a morena.

- Tava com saudade de você, por incrível que pareça. - admitiu, quebrando o abraço .- O que você está fazendo aqui? Voltou de uma missão faz pouco tempo. - com um ar mais sério, seguiu em direção ao elevador de portas cinzentas, conseguindo ver o seu reflexo.

Olhos d'Água | Jenlisa.Onde histórias criam vida. Descubra agora