O acordo

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Como era esperado de sua personalidade, Aika questiona sem rodeios, deixando Nathaniel um pouco atônito e brevemente sem palavras. Esperava poder conversar um pouco mais antes de finalmente chegar ao assunto de seu interesse, mas agora não havia como fugir. - Bom, senhorita, primeiramente gostaria de poder contar com a sua discrição, pois o que pretendo lhe contar é algo que, de certa forma, eu não espero que caia nos tablóides e sites de fofocas. Eu não sei se sabe, mas sou viúvo e minha falecida esposa era uma plebéia. Isso nunca importou para mim, mas aparentemente importa a todo o parlamento de Mônaco. Minha filha é considerada metade plebéia, por isso em minha falta, não poderá assumir e ainda ficará sob a guarda de um irmão, que por motivos particulares, eu não confio. Tudo isso todos já sabem, o quê não sabem é que eu pretendo me casar novamente, mas já estou velho demais para embarcar em um romance adolescente, além do mais, tenho pressa. Qualquer guerra pode ser a última guerra, há rumores de rebeliões, eu não quero que minha filha fique desamparada e a única forma de garantir isso é tendo um filho homem de linhagem totalmente real para que assuma o reino quando necessário. A senhorita, diferente das outras moças que aqui estão, não parece estar a procura de um grande amor e é por isso que eu me atrevo a lhe fazer uma proposta de casamento indecente. Se de fato foi sincera comigo na cozinha, eu posso oferecer tudo o que deseja, conforto, liberdade, filhos. Podemos ter quartos separados para que tenha privacidade e nos vermos apenas quando necessário. Eu sei que é uma proposta ridícula e eu peço desculpas se de alguma forma tiver lhe ofendido, mas entenda que é apenas uma tentativa desesperada de um pai zeloso e um rei que teme por seu povo. A princesa escutou em silêncio todo o desenrolar da história, embora soubesse que a rainha havia falecido pouco depois de dar a luz a filha do casal, jamais passou pela cabeça da morena que a princesa não era aceita para ser a futura regente do reino.

- Realmente não estou a procura de um grande amor, sequer acredito em sua existência, mas sus proposta em muito me agrada. Porém, vamos por partes, majestade. Se bem me recordo, em nossa breve conversa, vossa majestade deixou transparecer que a futura mãe de seu herdeiro não teria contato com a criança e bem me lembro de deixar claro que não sou uma encubadora. Se chegarmos a um consenso, eu iria criar nosso filho ou nossos. Qual será a forma que essa criança será gerada? Deixo claro que não vejo problemas em inseminação artificial caso isso torne tudo mais aceitável para você. Quanto aos quartos, precisarei de uma ala do castelo apenas para mim. Você terá concubinas? Não acho a proposta ridícula, apenas necessita de alguns ajustes! Aika se perguntava se o rei aceitaria um casamento "aberto", claro que tudo muito discreto.
Nathaniel esperava uma reação negativa ou ao menos surpresa de Aika, porém o que recebeu foi uma fria e calma análise de toda a situação. Ele escuta claramente as indagações da princesa, se pondo imediatamente a respondê-la. - De fato, pensei que pudesse convencê-la a deixar a criança comigo. Aqui ela receberia toda a educação, amor e segurança que precisa, mas se fizer questão, não vejo problemas em morar conosco, minha única condição é que trate minha filha da mesma forma que tratará o filho que gerará em seu ventre, pois perder a mãe sem ao menos conhecer, ter um pai que nem sempre pode lhe dar atenção, além de lhe dar com todas as responsabilidades de uma princesa, já era mais do que deveria suportar para sua idade. Sobre a concepção, hoje temos métodos muito modernos, não faremos nada que lhe deixe desconfortável, pode confiar em mim. Não preciso dizer que terá a ala que deseja e quanto as amantes, não se preocupe, não tenho intenção de me envolver com ninguém. Sei que não acredita no amor senhorita, mas quando se tem a oportunidade de amar verdadeiramente alguém e principalmente quando se perde esse amor, como aconteceu comigo, não há nada e nem ninguém que possa ocupar o vazio imenso deixado pela pessoa amada. Olívia é meu único amor e assim será até os últimos dias da minha vida. Porém, eu entendo perfeitamente que a senhorita não tem culpa da minha tragédia, nem merece viver um destino amargo só porque eu escolhi assim, deste modo, se aceitar se casar comigo, contanto que seja discreta, poderá ter quem lhe interessar. Nathaniel não estava feliz com o que disse, matrimônio para ele sempre foi algo sagrado e infidelidade não era algo que aprovava, todavia não gostaria de ser injusto com Aika, sabendo que já lhe pedia muito em lhe oferecer um casamento falso.

- Comigo a criança também receberia educação, amor e segurança, então não abro mão disso. Quanto a princesa, o que pediu é o mínino esperado de alguém que se casa com uma pessoa que já que tem filhos e por algum motivo, eu simpatizei com Olivia. Mas creio que uma psicóloga seria de grande utilidade nessa aproximação e claro, para que ela se acostume com a ideia. Falaremos mais sobre a concepção futuramente. Não me entenda mal, mas você não me parece o tipo de homem que dormiria com alguém e no outro dia viveria normalmente. Não que eu ache que você se apaixonaria por mim ou algo do tipo, mas acredito que você ficaria sem jeito! Se tratando de mim, nada contra métodos convencionais, faria sem problemas, mas não quero um clima estranho entre nós! Olha majestade, você vivenciou o lado bom do amor, ao contrário de mim, então não o procuro e nem espero ele de você, apenas não quero me privar de certas necessidades que acredito que um casamento desperte após ser consumado. Discrição é meu segundo nome! Claro que teremos um contrato com cláusulas nele, entre elas poderá incluir um viagem por ano à Coréia, onde você irá me acompanhar e fingir ser o homem mais apaixonado do mundo. Sabe como é, venho de uma família de românticos incuráveis e deixar omma decepcionada com um casamento falso, está longe do aceitável... Se tiver de acordo com minhas exigências, acredito que temos muito a ganhar com esse matrimônio.

Nathaniel sorriu com a forma que Aika falava, era engraçado como tudo para ela parecia tão simples. - Nossos advogados podem cuidar do acordo nupcial e não se preocupe, pois tenho total controle sob meus sentimentos, neste caso, da ausência deles. Enfatizou ele. - Então já conheceu Olívia? Fico feliz, de fato ela é uma criança adorável, todos dizem que é impossível não amá-la, mas quem sou eu para dizer? Sorriu com orgulho. - Então, isso significa que aceita meu pedido de casamento?

A Princesa de GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora