Quando o rei Mattia e rainha Andrea descobriram que teriam seu primeiro filho, a alegria invadiu os portões do palácio italiano. Depois, a felicidade dobrou ao saber que a rainha não apenas carregava em seu ventre um bebê, mas sim dois, duas meninas: Celeste e Celine. As gêmeas nasceram fortes e saudáveis e até mesmo o rei Mattia, que desejava um menino, se rendeu aos encantos das pequenas princesas. Não muito longe dali, uma das empregadas do palácio também havia dado a luz recentemente, mas diferente da rainha, seu único bebê não sobreviveu a primeira noite. Anastácia era seu nome e foi designada a cuidar das bebês de Andrea logo após o nascimento, por também ter um filho. A rainha não tinha conhecimento da recente perda da funcionária, pois isso não importava para ela. Aquilo que Anastácia julgou como indiferença, somado a dor da perda e ao contato frequente com as meninas que tinham a idade de seu filho falecido, em uma madrugada, Anastácia decidiu ir embora, mas levando consigo uma das gêmeas. Ela achava injusto que a rainha tivesse duas filhas, logo ela que sempre teve tudo que desejou, enquanto a pobre empregada havia perdido seu único filho.
Ao amanhecer, a dor da perda foi sentida por todos no reino, até o mais humilde mendigo conhecia a história da princesa perdida. Os reis a procuraram por todos os cantos do mundo, mas ela ainda não havia sido registrada e encontrá-la seria como procurar agulha em palheiro. Anastácia também desapareceu, mudou seu nome, de país e registrou a bebê como sua filha. A princesa Celine Giordano passou a se chamar Jenna Moutner, estudava em casa, tinha poucos amigos, trabalhava como feirante em um bairro modesto em Mônaco próximo ao castelo. A princesa só se tornou um pouco mais conhecida quando conheceu o rei Nathaniel, que passeava pelas ruas para conhecer e ouvir os problemas enfrentados pela população mais carente. Jenna e Nathaniel se apaixonaram instantaneamente, não demorou muito para que fosse pedida em casamento. É claro que Anastácia, agora Catarine, fora contra. Não queria os olhares do mundo em sua filha, pois assim poderiam reconhecê-la. Porém a velha feirante já estava doente e não poderia evitar o matrimônio, Nathaniel arcou com todos os custos do tratamento da futura sogra, mas ainda sim nada a salvou da morte. Nathaniel jamais poderia permitir que Jenna ficasse desamparada, casou-se de imediato com a plebéia, dando a ela todos os direitos de uma legítima rainha. O parlamento foi unanimamente contrário a união, mas já estava feito quando descobriram. Jenna era humilde, piedosa e inteligente, sempre aconselhava Nathaniel a agir com empatia e responsabilidade, todos os civis a respeitavam e amavam, mas o parlamento nunca a reconheceu como rainha. Jenna não se importava com isso, para ela, ter sua família e seu povo bem, era tudo que importava. Nathaniel, por outro lado, sempre travava discussões com seus ministros, forçando-os a aceitar Jenna e tratá-la com as honras que julgava merecer. Foi assim até o dia de sua morte. Agora, Nathaniel teme que a história se repita com sua filha, como é possível prever.
A história se tornou lenda, pois a princesa nunca foi encontrada e sumiu antes de ser apresentada oficialmente ao povo. Andrea e Mattia decidiram mandar Celeste para um internato no exterior, pois temiam que a exposição a colocasse em risco, não sabiam onde estava Anastácia e por isso, nada a impediria de voltar e levar consigo a segunda gêmea também. A gêmea que restou, só voltou para casa quando jovem para se casar com Enrico, tenente governante de Malta, unificando os dois países em um único reino.
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A Princesa de Gelo
Historical FictionTodo mundo tem o poder de marcar a vida de outra pessoa. Algumas mais que outras. Certas pessoas deixam marcas tão profundas que são capazes de mudar o curso de uma vida inteira. Ele trancou seu coração após perder a esposa, dedicando-se apenas aos...