Enfim, noivos

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- Ótimo! Ao que tudo indica, temos um acordo. E sim, conheci Olívia em meu primeiro dia no castelo e hoje pela manhã, ela me pegou fugindo para o estábulo, pareceu se divertir com a situação e não acreditou que eu era uma princesa. Essa parte foi bem engraçada, por sinal! A dança estava chegando ao fim, então a princesa acenou positivamente com a cabeça.

- Estamos noivos! Claro que para minha família e todo resto, ainda não. Temos que fingir que nos apaixonamos ou não vão acreditar. Então, se tiver uma programação em mente, seria eternamente grata, pois no que depender de mim, estaremos praticando arco e flecha, artes marciais, corrida a cavalo! Nada romântico!
Nathaniel sabia que Aika tinha razão, deveriam fingir estar apaixonados ou levantariam suspeitas de todos e o casamento poderia se tornar inválido. Ele sorriu ao ouvir sua interação com Olívia e no fim, já arquitetava em sua mente tudo que deveriam fazer, como passeios de barco no lago e piqueniques aos fins de semana. Nathaniel tinha muitos destinos, pois eram os destinos que costumava ir com Jenna. - Não se preocupe! Todos acreditarão que fomos tomados por uma arrebatadora e súbita paixão! Sorriu com ironia.
A dança chega ao fim e Aika percebe que estava próxima demais do rei, tendo toda a atenção do salão para ambos. Ela sorri para o homem, o que causa estranheza em sua mãe, já que Aika nunca sorria para estranhos. - Alteza! Nathaniel segurou sua mão, onde depositou um beijo rápido, inclinando-se para cumprimentá-la.

- Majestade! Ela faz uma breve reverência, se afastando lentamente, deixando alguns olhares irritados para trás. A imperatriz não tardou em alcançar a filha, curiosa sobre essa interação nada singela. Era evidente que todos os olhares se voltaram para o mais novo casal, em especial, para Aika. "Por que ela?" Muitas senhoritas se questionavam, até os homens que já conheciam Aika e consequentemente sua fama, ficaram surpresos em alguém ter conseguido lhe tirar para dançar. A princesa de gelo finalmente parecia ter sido lapidada por alguém, ao menos era isso que todos estavam pensando e exatamente o que eles gostariam que todos pensassem.

Era nítido a animação da imperatriz coreana, embora para ela fosse estranho ver sua filha mais velha, mesmo que minimamente interessada por outro homem após anos, era também reconfortante.

- Omma viu, querida! Disse ela a princesa empurrando delicadamente o ombro da filha com o seu. - O rei de Mônaco! Você nunca decepciona. Eu pesquisei sobre ele, me parece um ótimo rapaz, então... Aika ficava feliz pelo entusiasmo da mãe, mas a oito anos atrás presenciou o mesmo acontecimento e seis meses depois estava na chuva, em prantos. A princesa apenas ignorou a matriarca e se retirou rumo a sacada em busca da ar fresco e solidão. Por algum motivo, se imaginar em um vestido de noiva, lhe causava um aperto no peito.
Um voz gutural se volta a ela. - Bailes são um porre, não acha?

Ela concordou sem dar atenção. - Sempre venho pela comida e pela bebida. O homem então riu saindo das sombras e tomando o lugar ao lado da princesa, a luz permitia ver com clareza o rapaz alto, de cabelos encaracolados, ombros largos e olhos cor de mel, poderia ser confundido com cobre líquido. Com um sorriso ladino ele lhe estendeu a mão, apertando- a com suavidade, mas firmeza.

- Prazer! Sou o príncipe Rudá do Brasil e você é...?

- Aika da Coréia.

- Acho que estou assistindo televisão errado, sempre achei que seus nomes eram Sei ji alguma coisa, Monga-you alguma coisa, Aika não é meio fora de mão?

- Fora de mão?

- Não condiz com o lugar.

- Compreendo, mas se eu me apresentar por meu nome de nascença, provavelmente metade do salão ainda estaria tentando pronunciá-lo. Rudá fez então um sinal positivo com a cabeça, ficando em silêncio por breves segundos.

- Então, Aika da Coréia, está perdida? Ou se perguntando se mais um pouco de pó de arroz vai atrair seu príncipe ideal? Como aqueles "mauricinhos" lá dentro que, se sujar a roupa, é capaz de ligar para a mamãe chorando. O homem passou pela princesa, se juntado a ela, porém escorado de costas no parapeito. - Acho que não! Você parece mais... Insana, seria a palavra certa, do tipo que ri na cara do perigo?

- Nem um, nem outro! Mas se eu fosse você, tentava essa pose de bad boy com outra... Vai que dá certo, Rudá do Brasil! Ao deixar suas últimas palavras, Aika se afastou, mas havia deixado o homem intrigado a ponto dele seguí-la. A princesa trocou um breve olhar de concordância com o rei de Mônaco do outro lado do salão, mas foi interrompida pelo brasileiro, que se prontificou a sua frente, lhe estendendo a mão.

- Não me negaria o prazer de uma dança, não é, princesa?

- Na verdade, negaria até duas alteza. Se me der licença!

Rudá gostou da moça e isso era nítido. O brasileiro nunca quis nada que fosse fácil em sua vida, mas por algum motivo, Aika lhe parecia um desafio maior do que os já enfrentados com outras mulheres. Isso fez com que ele não tirasse os olhos da princesa, que estava cada vez mais próxima dos seus. Claro que a cena gerou burburinho e até risos de quem o viu ser dispensado, mas ele não se importava, apenas acenou para seu conselheiro. - Quero que descubra mais sobre essa mulher... Aika da Coréia!

Rudá de Bragança era herdeiro da coroa brasileira, sua família ascendeu com a queda do presidencialismo, após diversos casos de corrupção no congresso. Seu nome, de origem Tupi-Guarani significava "Deus do amor". Significado esse que Rudá levava muito a sério. Era um namorador nato, boêmio e conquistador. Ainda não sentia o peso da coroa em sua cabeça, pois seu pai era rei, mas representava o país em compromissos oficiais e havia ido a Mônaco para acompanhar sua prima, Maria Rita, a procura de um noivo como muitas jovens altezas da sua idade.

A Princesa de GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora