2- Me mostrar para você

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REMUS LUPIN

  O dia seguinte depois de uma noite de lua cheia é sempre pior. As memórias começam a tomar conta da minha mente, e a vergonha me invade. Eu me torno um verdadeiro monstro, capaz de machucar aqueles que querem apenas me ajudar. Não consigo me olhar no espelho, porque tenho nojo do que vejo. Essas cicatrizes horríveis fazem eu me sentir sujo.

Eu estava começando a conseguir me controlar um pouco, mas ontem parece ter sido pior do que os outros dias. Eu queria que Pads pudesse estar lá, acho que me sentiria menos raivoso, talvez.

Nunca sei quando está acabando. Eu sempre apago depois de me destransformar, e acordo aqui na minha cama. Padfoot normalmente também sempre está aqui, em sua forma animaga, mas me surpreendi ao ver que ele não estava, e que todas as outras camas do dormitório estavam vazias também.

Grunhi de dor ao me sentar na cama, puxando o lençol que cobria meu corpo nu junto a mim. E de repente, toda minha atenção foi voltada para a porta do banheiro do dormitório, revelando um Sirius apenas com uma toalha em volta da cintura, e os fios de cabelo longos e negros molhados.

── Moony, você acordou! ── disse animado, se aproximando da cama. ── Como está se sentindo? ──

── Um pouco mais machucado do que a última vez ── no momento da minha fala, puxei um pouco o lençol para ver os ferimentos que pareciam já terem sido tratados. ── Foi você? ──

── Sempre sou eu ── respondeu.

── Sabe que não precisa fazer isso por mim, eu posso me virar, Sirius ── me levantei da cama, e quase esqueci que eu tinha que trazer o lençol comigo. Agarrei o pano fortemente contra o meu corpo, ação essa que arrancou uma risada do meu amigo.

── Eu gosto de cuidar de você, Remy ── continuou, seguindo para a frente do espelho ao lado da sua cama. ── E não se preocupe, sou respeitoso ao ponto de não ter olhado seus países baixos ── senti meu rosto corar. ── Mas se quiser me mostrar, um dia...── e antes que ele falasse mais alguma coisa, corri para o banheiro.

Nunca tinha pensado que os meus amigos me vêem nu. Normalmente eu acordo de roupa, mas sei que não é assim logo que destransformo. Sirius disse que não viu, mas é sempre ele que me ajuda com os ferimentos, só que se não é ele a me vestir, então é o James e o Peter? Merlin, isso é ainda pior.

Fiquei enjoado ao pensar demais nisso, então segui para uma das cabines, onde tomei um banho demorado, apenas para que desse tempo de Sirius não estar mais no quarto quando eu saísse.

Não foi o que aconteceu.

Quando eu saí ele estava deitado em sua cama, brincando de equilibrar a escova de cabelo no ar com o Wingardium leviosa, mas a escova caiu no seu rosto quando ele foi prestar atenção em mim, o que me arrancou um riso.

── Espero que o meu lindo rosto não tenha ficado deformado ── se levantou rapidamente para olhar no espelho, mas se sentou tão rápido quando levantou, colocando ambas as mãos na cabeça.

Minha expressão caiu para preocupação, e eu fui rápido até a sua cama.

── Pad? Você tá bem? ── me sentei ao seu lado. ── Sirius, olha pra mim! É melhor você se deitar ── proferi.

E então ouvi sua risada. O desgraçado é bom.

Desferi um tapa em seu braço como punição.

── Sério, Sirius Black, qual sua idade? Cinco anos? ── me levantei e voltei para o meu lado no dormitório. ── Nossa, eu te odeio muito ──

Constelações | WOLFSTAROnde histórias criam vida. Descubra agora