14- Sou tão patético

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REMUS LUPIN

   Quando acordei naquela manhã, era bem mais cedo que eu estava acostumado. Fiquei quase trinta minutos criando coragem para tirar aquele que estava deitado sob meu peito, em sua forma animaga, e quando finalmente consegui, deixei um beijinho no pelo do cachorro preto, que ainda dormia tranquilamente.

Me sentei na beirada da cama, e os meus pés tocaram o chão gelado. Era uma manhã fria, podia-se notar pelo quarto não estar tão claro, como em uma manhã de sol. Me levantei e caminhei até a grande janela do dormitório, abrindo minimamente a cortina para não incomodar aqueles que ainda dormiam. Meus olhos brilharam quando viram a neve branquinha caindo do lado de fora, cobrindo tudo que era material.

Sempre fui completamente apaixonado por essa época do ano. O frio, as roupas, o clima. Era uma combinação perfeita, e isso deixava o meu humor perfeito. Sirius e James odiavam, por não conseguirem jogar quadribol, e eu apenas ria deles, enquanto passava as tardes com roupas aconchegantes, comendo chocolates e cercado de livros. Tudo isso significava também que o natal estava chegando, que é sem dúvidas, a minha época favorita do ano inteiro. As decorações, as comidas. Não tem como não gostar.

  Meus dedos tocavam o vidro embaçado da janela, quando senti braços rodearem a minha cintura, e logo um beijinho em meu rosto. Sorri tímido ao notar ser Sirius, que ultimamente está demonstrando bem mais carinho do que quando éramos apenas amigos, sem beijos, e sem...

Bom. Eu não tinha do que reclamar, sempre tive que lidar com um Sirius completamente diferente do que as pessoas estão acostumadas a ver. Um Sirius forte, que está sempre feliz, se gabando de tudo -talvez essa parte eu deva manter-, mas o Sirius que eu vejo é outro, e eu gosto disso. Desse Pad. O meu Pad.

── Caiu da cama? ── perguntei, abraçando os seus braços que estavam em minha cintura.

── Meu corpo sentiu sua falta, então eu acordei ── sussurrou manhoso.

── Que cachorrinho mais carente ── eu disse, mas no fundo achei fofo. ── Pad, para. Isso faz cócegas ── acompanhado de um riso, quando senti sua respiração no meu pescoço.

── Não reclamou ontem a noite ── disse com a voz mais firme, me deixando completamente envergonhado. ── Muito pelo contrário, você parecia gostar muito quando eu beijei o seu pescoço assim...── quando senti seus lábios próximos da minha pele, eu me afastei, virando de frente para ele.

── Se controle, Padfoot! O dormitório não é só nosso ── o repreendi, e ele fez os olhinhos de cachorro, enquanto se aproximava de novo.

── Só...um beijinho, pro meu dia ser feliz ── foi um breve selar apenas.

── Agora vai tomar banho ── ao que eu caminhava de volta para a cama, na intenção de arrumá-la. ── Vou acordar Wormtail e Prongs ── prossegui.

── Mas, Moon...

── Seu cabelo está fedendo ── era mentira, mas apenas algo envolvendo seu cabelo ou promessas de beijo o faria ir para o banheiro tão rápido daquela forma. O cabelo de Pad nunca estava fedendo, afinal, como poderia? Ela cuida do cabelo melhor do que da saúde mental.

    Uma hora depois, estávamos nós quatro adentrando pelas portas do grande salão. Eu e Peter estávamos animados, já James e Sirius pareciam terem sido acertados pela maldição da tortura. Ambos desanimados, andando sem pressa, por isso foi necessário que eu agarrasse no braço dos dois, ou não chegaríamos na mesa nunca.

Os joguei no banco, e me sentei entre Pad e Prongs. O cheiro do café da manhã está maravilhoso.

── Bom dia, meninos! ── cumprimentou a ruiva, que se sentou em nossa frente, do outro lado da mesa.

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