13- Tenho medo

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REGULUS BLACK

  Havia voltado da minha casa a apenas algumas horas, e confesso que dessa vez voltei bem mais exausto do que das outras vezes. Não era apenas exaustão física, era exaustão mental também. Aquela tinha sido a visita mais difícil que eu já tinha feito, e talvez tenha sido pelo fato dos meus pais estarem me odiando agora, e como eles gritaram comigo, a forma que colocaram toda culpa em Sirius, mesmo ele não tendo nenhum envolvimento. Na verdade, isso não acontece por influencia.

Ou talvez eu esteja exausto pelas inúmeras vezes que pensei em me afastar de James.

Eu gosto dele, mas não sabia se ele se sentia da mesma forma. Ele nunca disse em palavras, e eu acho que talvez não valha a pena perder o meu tempo com um amor não correspondido. Havia brigado com os meus pais por ele, mesmo sem saber se gosta de mim dessa forma, e por mais que ele demonstrasse isso, como naquele jogo idiota, eu ainda me sentia receoso.

James é o garoto mais incrível que eu já conheci, e ter meu coração partido por ele seria uma honra, mas talvez também fosse uma grande perda de tempo. Estou com medo. Não sei o que fazer.

    Desde que retornei a Hogwarts, não fiquei na parte de dentro do castelo, sequer estava com cabeça para conversar com alguém, por isso fiquei no pátio da frente, fitando o jardim sendo iluminado por uma quantidade de luz muito baixa.

Estava escorado em uma pilastra, deslizando as mãos por meus braços para me aquecer do frio. Eu certamente deveria ter trago algo para me aquecer se sabia que pretendia ficar aqui por tanto tempo. Talvez não tivesse voltado ainda por medo. Sabia que se James soubesse que eu já estava de volta, iria querer passar a noite comigo, e eu não estava pronto para agir diferente com ele, na verdade eu nem sabia se queria realmente tratá-lo de outra forma.

── Toma...── levei um pequeno susto ao ouvir a voz, me virando apenas para ver James me entregando o suéter com seu nome e as cores da sua casa. ── Pega isso ou vai acabar congelando ── continuou.

── Obrigado ── inicialmente iria negar, mas era noite, e estava frio.

Tomei o tecido das suas mãos, e o vesti. Definitivamente não combinava comigo, mas ao menos iria me aquecer.

Voltei meu olhar para James, e ele sorria. E que droga de sorriso lindo. Aquele maldito sorriso dificultava tudo.

── Quer andar um pouco? ── sugeriu. ── Quero falar de uma coisa com você ──

Suas palavras haviam me deixado nervoso. Talvez ele quisesse dizer que não gosta de mim, e que será melhor se formos apenas amigos. Seria horrível se ele voltasse a me ver apenas como o irmão do seu melhor amigo, ou como o garoto patético da sonserina. Palavras ditas por ele no seu primeiro dia de aula.

── Claro, também preciso te dizer algo ── Proferi.

Seguimos calados ao que saímos do pátio e entramos no jardim extenso. Ambos pareciam nervosos demais para darem início a tal diálogo. E então, quando eu estava prestes a finalmente falar, ele foi mais rápido.

── Conseguiu lidar com os seus pais? ── foi sua primeira pergunta.

Respirei fundo, e tentei manter a calma. Aquele parecia ser o assunto mais sensível do momento.

── Contei para eles que gosto de garotos ── eu disse, atraindo o olhar do garoto moreno. ── Foi horrível, James...──

── Estou aqui para te ouvir, Reg ── ele respondeu.

── Eles me disseram coisas que nunca imaginei ouvir, e aparentemente agora eu também sou uma decepção para eles ── eu ri, mas era um riso de dor.

James se aproximou, e lentamente entrelaçou nossas mãos, ato esse que me fez parar, consequentemente fazendo ele parar também.

── Nunca vai ser uma decepção para mim, Black ── sua voz estava baixa, mas audível. ── Mas se quiser esquecer tudo isso e fingir ser quem não é, saiba que está livre. Está livre de mim ── e agora sua voz soou magoada.

Estava na hora de eu decidir se queria continuar ao lado dele ou sumir, e fingir que nós nunca acontecemos. Eu precisava decidir, mas a minha mente estava um completo caos. E então, sua mão chegou no meu rosto, e de repente eu estava olhando em seus olhos, através das lentes do seu óculos.

Me lembrei da loucura que fiz com Sirius ontem a noite, e lembrei porquê eu tinha feito. A resposta estava na minha frente. Literalmente na minha frente.

── Não...eu não quero ter que fingir que não penso em você todos os dias ── respondi a ele, vendo o sorriso nascer em seus lábios. ── Não quero fingir que não fico ansioso esperando pelo momento que vai invadir o meu dormitório e colocar meus colegas para fora, porque quer ficar apenas comigo ──

── Que bom, porque eu também não quero isso ── e seus braços se cruzaram atrás do meu pescoço quando ele me puxou para um abraço.

  Eu com certeza não queria me afastar dele.

  Quando rompemos o abraço, eu o levei para onde ia na maioria das noites, antes de começarmos nos ver. Era um canto um pouco afastado do castelo, onde dava a vista perfeita para uma noite estrelada como aquela.

Nos deitamos lado a lado, e ficamos a observar as estrelas. Ele ainda segurava a minha mão, e vez ou outra eu pegava ele me olhando, mas sempre desviava o olhar quando eu virava o rosto para ele. Ridiculamente bobo.

Um lindo bobo.

── Eu não quero ter que fingir que somos apenas amigos quando te vejo pelos corredores ou no grande salão ── começou, assim de repente. ── Não quero não poder segurar sua mão na frente de todos ──

──... O que? ── eu não estava entendendo, mas ele apenas continuou.

── Eu gosto de você, Regulus. Eu estou apaixonado por você. Foram pra você todos aqueles gols defendidos nas partidas de quadribol ── eu tentei segurar um sorriso expansivo que insistiu em aparecer nos meus lábios. ── Você é a minha parte favorita do dia ── agora eu estava com os olhos lacrimejando. ── Aceita namorar comigo, Black? ──

Estava sem reação. Aquela foi a pergunta que eu mais quis ouvir, e eu simplesmente não conseguia reagir.

── S-sim... Sim, eu aceito! ── e nós nos beijamos. Diferente das outras vezes, esse foi um beijo calmo, talvez o mais calmo que já demos.

Minha mão acariciava seu rosto, e ele sorria entre o beijo. Eu finalmente tinha aquilo como oficialmente meu.

Quando nos afastamos, ele olhou no fundo dos meus olhos, e isso foi o bastante para que meu coração espancasse meu peito. Ele levantou nossas mãos que estavam juntas, e deixou um breve selar na minha.

Eu podia me acostumar com isso.

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