11- Mas eu sei que eu nunca vou conseguir

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SIRIUS BLACK

  Estava me sentindo cansado, e sequer havia feito qualquer esforço para estar me sentindo assim. Ouvir a minha mãe falar por horas era cansativo, e ela não falava coisas boas, apenas abria a boca para me repreender por algo, ou para ofender os meus amigos.

Reg e o meu pai também não estavam mais aguentando, e sinceramente? A única coisa boa que essa mulher fez foi me colocar no mundo, ou nem isso, porque preferia não ter nascido a ter que aguentá-la. Walburga fala coisas desnecessárias na maioria das vezes que abre a boca, e às vezes tudo que tenho vontade é lançar um feitiço silenciador para não ouvi-la. Fiz isso nas últimas férias. Eu estava em meu quarto e ela não parava de falar, então apenas ignorei a regra que proíbe os alunos usarem magia fora da escola.

   Estar em casa não era ruim. Era horrível. A pior sensação do mundo era entrar naquela casa. Era enorme, e isso é fato, mas nem toda mordomia preenchia a falta de afeto. Nada amenizava o peso das brigas que ali aconteciam. Nenhum dinheiro era curativo para os machucados que já consegui aqui. Por esse motivo e muitos outros, optava por não sair do meu quarto sempre que estava em casa.

── Desça para o jantar, Sirius ── ouvi Walburga dizer, enquanto eu subia as escadas, em direção ao meu quarto.

Não a respondi, apenas continuei.

Meu quarto era o único lugar suportável da casa inteira. Haviam fotos dos meus amigos espalhadas pelas paredes, troféus e medalhas de jogos de quadribol, e algumas coisas que lembravam a minha essência.

    Na hora do jantar, eu desci para comer com aqueles que era obrigado a chamar de família. Todos já estavam na mesa, e para o meu azar, uma visita inesperada, sentada exatamente onde eu costumo me sentar. Era a minha querida prima, não tão querida; Bellatrix. Sua irmã Narcisa também estava presente, e ao seu lado, Lucius. Olhar para aqueles três me dava ânsia de vômito.

── Bella, é um grande prazer te ver ── ao que eu caminhava até onde ela estava. ── Eu estava morrendo de saudade ── todos pareciam acreditar em minha palavras, menos ela e Regulus.

── Não sabia que havia desistido de Hogwarts para vir estudar teatro no mundo dos trouxas ── ela respondeu, olhando diretamente para mim. ── Sei que me odeia, Sirius ──

── Odeio mesmo ── sorri, me inclinando para perto dela. ── Agora sai do meu lugar ──

Eu certamente esperava mais do que apenas sua compreensão. Ela se levantou e foi se sentar ao lado da irmã, que parecia ser o foco daquele jantar.

── Sirius, por favor se comporte, temos um assunto importante a tratar ── Walburga disse, e eu revirei os olhos, me sentando.

Nada foi dito durante os primeiros dez minutos de jantar. Todos comiam em silêncio, e eu era o único que ainda não tinha tocado no prato de comida. Estava sem fome, e com certeza sem vontade de estar sentado naquela mesa, com aquelas pessoas. Todos agindo como uma linda família feliz.

Patéticos.

── Narcisa irá se juntar ao elo de casamento com Lucius ── A mulher mais velha disse, atraindo a atenção de todos na mesa.

── Esse é o assunto tão importante que fez você tirar a gente de Hogwarts? ── perguntei, a olhando diretamente. ── O que isso nos diz respeito? A vida é dela ──

── Sirius...── foi Orion a dizer.

── Quero que estejam presentes, é uma ocasião importante para mim ── Narcisa disse. ── E vocês são minha família ── não consegui segurar o riso.

── Somos mesmo? Não foi isso que pareceu todas as vezes que mentiu seu sobrenome por vergonha ── me inclinei para frente, apoiando meus cotovelos na mesa. ── Não nos considera família, está fazendo isso apenas para se passar por boa garota, mas todos sabemos que você nos odeia tanto quanto essa daí ── apontei para Bellatrix. ── E o Malfoy então, me azara toda vez que estou com o Potter ──

O de cabelo branco gelo me lançou um olhar mortal ao ouvir a última frase.

── Não gosta desse sobrenome, Lúcio? ── perguntei, sorrindo. ── Potter. Potter. Potter... ── repeti várias vezes.

── SIRIUS BLACK, JÁ CHEGA! ── minha mãe bradou, batendo as mãos contra a madeira da mesa quando se levantou. ── Vai para o seu quarto, agora! ──

── Será um grande prazer, Walburga ── me levantei, dando a volta na mesa para subir as escadas. ── Aproveitem o jantar ──

E então voltei para o meu quarto, e me joguei na cama. Quanto tempo ainda faltava para eu retornar a Hogwarts? Não estava mais aguentando ficar naquela casa.

  Meus olhos estavam vidrados no teto do quarto quando a porta foi aberta, e por um instante meu corpo gelou, mas era apenas o meu irmão, que se deitou ao meu lado.

── Foi corajoso da sua parte dizer todas aquelas coisas ── começou, e eu me virei para olhar para ele. ── Também achei desnecessário terem nos trago para cá apenas para dizerem que Narcisa irá se casar ── proferiu. ── Já escolheram até o nome do filho. Draco... ──

── Tenho certeza de que será tão insuportável quanto os pais ── e nós dois rimos.

E depois de um tempo em silêncio, Reg se pronunciou.

── Contei para eles, Six...── ele disse baixinho, como se fosse um segredo. ── Contei que sou gay ── confessou.

E enquanto meus olhos se iluminaram, os dele se encheram de lágrimas. Me sentei rapidamente quando ele fez o mesmo, e segurei suas mãos.

── Eles não reagiram bem, não é mesmo? ── perguntei, e ele assentiu.

── Disseram que eu estava mentindo, e que apenas comecei com isso depois que ficamos próximos ── sua voz estava baixa. Saindo arrastada. ── E quando eu falei do James... ── e ele começou a chorar.

Cheguei mais perto e o abracei, deixando com que molhasse minha camisa enquanto eu afagava seus fios de cabelo.

── Eu não devia, Six. Não devia ter falado do Potter ── disse com a voz abafada. ── O que eles farão? Eu sou péssimo ──

── Não se desespere, vamos proteger o James. Eles não vão poder chegar perto dele enquanto estiver em Hogwarts ── tentei amenizar, mas também estava com medo.

Se os meus pais reagiram assim com Regulus, que era o seu protegido, não gosto de pensar o que fariam comigo.

Quando o que estava em meus braços se acalmou, eu enxuguei as suas lágrimas.

── Vamos sair...── eu disse decidido. ── Amanhã estamos indo embora, então vamos sair hoje. E eu já sei para onde vamos ──

── Six, tem certeza de que é uma boa ideia? ── ele estava receoso, e eu também estaria se fosse ele. Aquela era a primeira vez que ele iria desobedecer nossos pais.

── Tenho total certeza de que é uma ótima ideia ── garanti, me levantando e o puxando para que fizesse o mesmo.

Puxei o elástico que prendia meu cabelo, e voltei a soltá-lo, trocando também a camisa que eu estava, e colocando uma de manga comprida.

── Confia em mim, Reg? ── perguntei.

── Confio

Ótimo. Não deveria.

Iria levar meu irmão para a melhor noite da vida dele.

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Desculpem se tiver faltando alguma letra ou palavra, é que meu wattpad tá com homofobi@.

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