Fui correndo pelo grande gramado e depois de alguns passos eu já consegui ver os portões. Sempre fui mais alta que as outras crianças, menos Ray e Don, minhas pernas são cumpridas o suficiente para que se eu de uma corrida com passadas bem largas podia atravessas quilômetros de uma forma bem rápida, mas obviamente que eu não consigo fazer isso pois exige demais do físico que eu não tenho, mas nesse momento era uma questão de honra, então eu tinha que conseguir.
Estava parada na frente do portão, meus pés já tinham tocado a parte de concreto. Que sensação estranha que sinto, mas ignoro. Vou adentrando com passos cautelosos e silenciosos. Visualizo um caminhão, nunca vi um antes só li descrições em livros, procurei imagens deles em livros infantis, mas nunca achei, então fiz um desenho em um passado distante, mas são bem diferentes do que eu imaginei. Paro ao lado dele.
Procuro com o olhar se tem alguém ao redor e não vejo ninguém, então começo a caminhar ao redor do caminhão.Uma caçamba. Deve ter alguém ai dentro. Penso comigo mesma.
Então puxo a cortina na esperança de encontra alguém, mas o que encontrei foi algo... foi alguém... morto...- A Conny está... - Digo o mais baixo possível e sentindo as lágrimas escorrem pelo meu rosto. - Não... - Sinto a minha voz tremula.
Largo o coelho no chão e levo a minhas mãos a boca.
- Eu não posso acreditar - Digo ainda em negação.
Ainda em estado de choque eu dou passos para trás até ouvir barulhos então sem pensar duas vezes eu me escondo de baixo do automóvel.
- Essa tá muito fraca. Você não pode enviar os de alta qualidade agora não? - Diz uma voz que claramente não era humana.
Estava escondida de baixo do caminhão com a mão na boca e suando frio, Dois pés que obviamente não eram humanos se posicionaram do lado do caminhão, tinham garras pretas enormes e apenas quatro dedos igualmente grandes. Levantei a cabeça um pouco e vi... Era monstros, ou talvez demônios. Usavam uma mascara demoníaca e dava apenas para ver seus dois olhos verticalmente posicionados.
- Cale-se, inerte. Sabe que esses tem que ser cultivados com cautela. - Uma voz que se parecia com a outra disse.
Haviam dois. Rastejei mais um pouco para ver se consegui ver o outro, mas vi outra coisa, na verdade uma humana. Uma humana que eu conhecia, a humana que havia me criado desde que eu me entendo por gente.
Não a mama não. Estava começando a entrar em desespero e a minha respiração começou a ficar mais forte, estava tentando ser o mais silenciosa possível.
- Vou tentar ser mais rápida quanto aos de alta qualidade. - Diz Isabella.
De repente seu olhar frio e sem vida vira para mim com uma ferocidade que eu quase gritei, mas não eram a mim se seu olhos queriam caçar, era o coelho do lado da caçamba.
Estou tentando ficar calma enquanto os demônios se afastam.
Ela começa a andar com passos frios e decididos até o coelho e se abaixa para pegar. E fica parada lá até começar a se mover para uma luz que vinha,provavelmente, de uma sala.
- Eu não posso pegar nem um dedinho? - Diz uma das criaturas em um tom tristonho.
- Não - Diz a outra criatura.
Tento relaxar meus músculos. Acredite, o pior já passou. Agora eu tenho que sair daqui.
Eu não acredito que isso tá acontecendo... Como ela pode?!
Tento levantar meu corpo para engatinhar e eu acabo batendo no fundo do caminhão fazendo com que eu empurre o caminhão um pouco.
Foi um movimento bem leve acho que ninguém percebeu, porém um cano de combustível se solta e começa a vazar gasolina de uma foma incompreensivelmente rápida fazendo com que a poça fique grande e visível, e sujando meus sapatos.
Não me sinto segura e tenho a impressão de que um deles está vindo para cá.
Agora não tem volta. Dou um embalo para frente me levantando e corro com tudo fazendo com que minhas costas raspem no para-choque do canhão rasgando de leve a minha blusa.
Corro como se não houvesse amanhã. Se antes era questão de de honra, agora é questão de sobrevivência. Não posso parrar, não posso olhar para trás, a casa está quase ali. Fico repetindo essas frases na minha cabeça até perder o folego e ser obrigada a parar.
Me jogo na grama e sinto cada parte do meu corpo arder, as costas com o machucado, a panturrilha com a exaustão. Tudo está tão confuso conturbado e por mais irônico que seja, meus pensamentos não me deixam pensar.
Sinto lágrimas escorrerem no meu rosto e o grito que antes tive que segurar veio com tudo na minha garganta, quase como um vômito.
A grama está tão fria e o sereno esta fazendo meu corpo ficar molhado.
Preciso me recompor e chegar na casa antes da mama, pode parecer egoísta, mas não quero ter o mesmo destino que Conny. Preciso estar bem, para que as crianças não percebam, para que a mama não perceba.°°°
Ui, ui, ui, hein. Parece que Marci descobriu tudo.
Será que o fato da Conny ter esquecido coelinho foi um acidente mesmo?
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Promessas Nunca se Cumprem - Ray x Leitora
FanfictionNessa história você incorpora Marci, mais uma das irmãs mais velhas do casarão de Grace Field. Após Conny esquecer seu coelhinho você vai tentar devolve-lo e volta com uma perspectiva diferente das coisas que viveu. Agora se encontra em um dilema de...