Palidez e café da manhã

80 9 3
                                    

- Isabella on -

- Mama, encontrei a chave caída no chão perto do seu escritório.

- Obrigada, querido.

A chave estava nas mãos dele, como pode ser? O plano era claro, eu ia deixar a minha chave fácil de ser pega e a criança que havia descobrido o segredo iria pega-la sem hesitar, mas aparentemente a criança que a pegou era a que já sabia...

O rager da porta ecoou pelo comodo.

- Ray... - Só disse seu nome, mas era o suficiente para entender que eu estava mandando ele voltar - Quero que você saiba que se estiver encobrindo alguém, eu vou descobrir.

- Mama, não há razões para eu fazer isso, você sabe. - Havia razões sim.

- Espero que eu possa confiar em você. - Todo cuidado é pouco, Isabella - Meu cão de guarda.

•••

Acordei com o sol batendo em meu rosto, já havia passado horas desde o incidente.


- Por que ele fez isso? - Sussurro o pensamento que estava martelando na minha mente desde ontem.

Olho para o lado e vejo todos na cama, mas uma pessoa em específico me chama a atenção: Ray. Ele estava tão sereno dormindo e seu rosto estava relaxado, diferentemente de ontem, que estava contorcido de preocupação.

Reuni forças para me levantar, desde alguns dias atrás isso tem sido uma tarefa difícil. Pensar que Conny estava...

- Levantem, se não vamos perder o café da manhã - A voz de Emma ecoou pelo quarto.

Mas para mim já não era a mesma. Uma voz que antes era alegre, agora me soa com melancolia. Por que ela estava tão feliz? Todos os irmãos "adotados" morreram. Por que você está tão feliz?!

Emma está parada na minha frente e eu estou sentada na cama, e sem perceber uma careta de desgosto se forma no meu rosto. Há um olhar de confusão em seu rosto.

Volto a consciência.

- Emma, eu...

- Marci, tá tudo bem?

- Eu preciso de um tempo!

Me levanto bruscamente e vou para a porta, antes de sair olho discretamente para Ray. Ele estava sentado na cama com os cabelos todos bagunçados, havia acabado de acordar, me lembrei instantaneamente do... do... do beijo.

- Droga. - Saio rapidamente e me isolo no banheiro.

Meus pensamentos toman conta de mim.

Nada faz sentido! O Ray tirou a chave de mim, tirou a possibilidade de eu revelar a verdade para todos. Mas o que ele disse... "Acha que ninguém viu aquela sua putaria de pegar a chave escondida". Isso significa que Isabella soube, eu poderia estar morta agora. Hugh... ele estava me protegendo. Eu preciso achar um jeito mais seguro de contar tudo, Emma e Norman não podem simplesmente não saber.

Me perco na minha dissociação e quando presto atenção na vida novamente me vejo na mesa de café da manhã.

- Pensar sempre é bom, Marci - Diz Ray, ele está sentado na minha frente comendo um pão com os movimentos mais lentos possíveis - e a prova de que você está fazendo isso é que você está perdida neles.

Droga! ele percebeu. Pensa, Marci. Põe essa cabecinha pra funcionar.

Já sei! Como eu não pensei nisso antes?! É a coisa mais obvia e que eu deveria ter feito desde o início.

Levanto o meu olhar com determinação e Ray faz uma expressão de susto. Ele para de mastigar o pão imediatamente e me encara quarendo dizer: Se controla, Marci! Estamos na frente de todos.

Um olhar de confusão se instalou no rosto de Norman, ele era inteligente o suficiente para saber que estava acontecendo algo.

Não, não. Não!! Outra idéia de girico não!!

Pensa Ray com urgência.

Nunca vi ele tão pálido na minha vida.

Promessas Nunca se Cumprem - Ray x LeitoraOnde histórias criam vida. Descubra agora