Capítulo 15 - Eu não acredito

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Já lambeu o chão do banheiro masculino do estádio dos Yankees? Eu também não. Mas agora sei qual é o gosto. Isso mesmo, estamos de ressaca. É um inferno. Esqueça os escravos. Se o exército conseguisse desencadear este sentimento? Haveria paz mundial.

Estou no consultório da ginecologista da minha mãe. Heather e Tabitha vieram também para dar apoio moral. Está nos vendo ali? Sentadas uma ao lado da outra nas cadeiras, como três alunas malcriadas, esperando do lado de fora da sala do diretor. Tabitha está usando óculos de sol, apesar de estarmos na parte de dentro, lendo um panfleto sobre o novo Viagra feminino. Heather está dormindo, de boca aberta, com a cabeça caída para frente e encostada na parede atrás de nós. Minha mãe também está aqui, dando uma olhada numa revista, sem ao menos ler uma palavra. Estou apenas sentada, me esforçando para não olhar aqueles quadros de bebês recém-nascidos, cobrindo as paredes.

Heather ronca bem alto e Tabitha soca ela na costela com o cotovelo. Ela acorda gaguejando:

- Blitz das bananas de macacos em bolhas!

Olhamos para ela, questionando.

Então Heather percebe onde está.

- Desculpa. Tive um pesadelo - ela encosta a cabeça para trás na parede de novo e fecha os olhos. - Sinto como se estivesse com gases - Tabitha e eu acenamos juntas. Heather jura com seriedade - Nunca mais beberei novamente. Estou falando sério.

Sua prima zomba:

- Já ouvi isso antes.

- Estou falando sério desta vez. Não tomo mais álcool. Daqui para frente, será apenas maconha.

Claro, isso faz muito sentido.

Já que estamos esperando, vamos parar um pouco para refletir sobre um dos mais sagrados rituais de passagem de uma mulher: o exame ginecológico. É extremamente bizarro. Sabe, durante toda nossa adolescência, todo mundo fala para nós, garotas, ficarmos puras. Manter nossas pernas fechadas, nossos joelhos juntos. Então completamos dezoito anos. Temos que ir para um consultório e nos encontrar com um médico que, levando em conta as estatísticas, deve estar na meia-idade. Depois temos que nos despir - ficamos completamente nuas. E deixá-lo nos sentir. Colocar um dedo em nós. Um completo estranho. Ah, e tem a melhor parte: a conversa. Sim, ele conversa com você durante o exame. Como vai a escola? Hoje está chovendo pra caramba, né? Sua mãe tá bem? Tudo isso para tentar te distrair do fato de que ele está totalmente dentro da sua vagina.

O quão estranho é?

E vocês, homens, aí fora, não fiquem fazendo drama e choramingando sobre os horrores do exame de próstata. Nada se compara a isso. Um dedinho na bunda pode ser até um pouco agradável. Pelo menos vocês não têm que levantar as pernas em uma geringonça que, originalmente, era para ser um aparelho de tortura medieval. As mulheres, com certeza, ficaram com o pior, pra variar.

Uma enfermeira de roupa azul chama meu nome. Minha mãe e eu nos levantamos e entramos na primeira sala de exames à esquerda. Tiro as roupas e coloco o avental de plástico rosa, abrindo a parte da frente, lógico.

É pra te ver melhor, Chapeuzinho Vermelho.

Sento na maca, o revestimento de papel rasgando embaixo de mim. Minha mãe fica em pé ao meu lado, esfregando meu braço para mostrar que está ali. E aí o médico entra. Presta atenção. Barba branca. Bochechas fofinhas. Óculos arredondados. Dê a ele um chapéu vermelho e ele poderia dirigir o último carro alegórico da parada de Ação de Graças.

Tenho que ir adiante com o Papai Noel? Está brincando? O Natal nunca mais será o mesmo.

- Oi, Cheryl Blossom. Sou o doutor Joan Bordello, a médica da sua mãe, está de férias...

The Mistake - ChoniOnde histórias criam vida. Descubra agora