Epílogo - part II

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Hee hee.

Whoo whoo.

Hee hee.

Whoo whoo.

Quando tinha dezesseis anos, o time feminino de volei da minha escola estava empatado no Campeonato Estadual. No último jogo, estávamos perdendo por um ponto, faltando três segundos para terminar o jogo. Adivinha para quem eles passaram a bola? Quem conseguiu marcar o ponto que faltava?

Isso mesmo, eu consegui. Porque até mesmo naquela época, eu era uma pedra. Firme no gatilho. Não fico estressada. Medo? Pânico? Isso é coisa de perdedores.

E não sou uma perdedora.

Então, por que as minhas mãos estão tremendo como se fosse um paciente com doença de Parkinson sem medicação?

Alguém já te disse que você faz muitas perguntas?

Estou pálida, enquanto seguro a mão de Cheryl, bem forte.

Jason estava no volante e eu estou com Cheryl no banco de passageiros, ela sentada em uma toalha, aplicando todas aquelas técnicas de respirações que aqueles porcarias de instrutores hippies de Lamaze nos ensinaram.

Hee hee.

Whoo whoo.

Hee hee.

Whoo whoo.

Em seguida, no segundo gemido, ela grita:

- Ah não!

Jason da uma brecada com o carro e quase batemos em um maldito orelhão.

- Puta Merda, Cher! - ele exclama assustado.

- O quê! Qual o problema? - perguntei preocupada.

- Esqueci dos pirulitos de maçã verde!

- Do quê?

Ela fala agitada, cheia de decepção.

- Os pirulitos de maçã verde. Betty disse que eles eram a única coisa que saciava sua sede quando ela estava no trabalho de parto da Lexi. Ia comprar alguns esta tarde, mas esqueci. Jay-Jay você pode parar em algum lugar para comprar?

- Okay, okay.

Tudo bem. Parece que o bom senso de Cheryl e de Jason deran tchau, então sou eu quem terá que ser a voz da razão. O que é um pouco assustador, considerando que estou presa por um fio aqui.

- Não, não podemos parar em porra alguma para comprar alguns! Está louca?

Os olhos castanhos enormes da Cheryl imediatamente ficam cheios de lágrimas. E me sinto como a criatura mais idiota do mundo.

- Por favor, Tee? Só quero que tudo seja perfeito... e se eu quiser um pirulito durante o parto, e aí você ou o Jason sai para comprar um e aí tenho os bebês enquanto um de vocês estiver fora? Vão perder tudo - lágrimas escorrem por suas bochechas como dois riozinhos. - Não conseguiria suportar se você perdesse.

- Toni, vamos ou não caralho? - Jason estava mais nervoso que eu, e isso era perigoso, ele estava no volante.

Aí, Deus.

Por favor, tomara que não sejam duas meninas. Pelo amor de Deus, não deixe ser duas garotas. Durante todo este tempo, estive rezando por bebês saudáveis sem especificar um sexo.

Até agora.

Porque se eu tiver duas filhas e as lágrimas delas me dominarem igual às da Cheryl? Estarei totalmente ferrada.

- Ok, Cheryl. Tudo bem, babe. Não chore. Jason pare em algum lugar que venda pirulito de maçã verde.

Ela funga e sorri.

The Mistake - ChoniOnde histórias criam vida. Descubra agora