0: O Sangue Do Neteyam Sully;

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Vou deixar os avisos aqui, vai ser rápido prometo!

NÃO É ANGST, prometo que só esse capitulo vai ser um sofrimento, eu planejo algo bem adorável para compensar meu último trabalho.

As minhas introduções costumam ser curtas, os capítulos vão ser maiores.

Boa leitura! :)


"Eu tomei um tiro!" Disse assim que conseguiu ter forças para deixar a cabeça fora da água.

Lo'ak e Spider vieram em sua direção com rostos desesperados, a dor que estava sentindo era intensa, a água segurava um pouco de seu sangue, mas grande parte estava tingindo o mar. A ardência de sua pele o fez chorar, não tinha forças para manter o seu corpo parado, engolia água a cada sibilar de dor.

Não enxergava direito, ouviu a voz de Tsireya e os gritos de Lo'ak por ajuda, escutou ele chamando o seu pai e rezando para Eywa que sobrevivesse. Neteyam não tinha dúvidas que estava morrendo, era tão injusto ele morrer agora.

Não poderia dizer que viveu, talvez tenha existido por longos dezoito anos, correndo com seus irmãos pela floresta, se adaptando a vida marinha com os Metkayinas e fazendo o seu melhor para ser o filho que não causa problema. Não adiantou de nada, todo o seu esforço escorria de sua pele e causava uma dor insuportável. Neteyam nunca desejou tanto poder dormir.

Via algumas luzes, olhou seu provável último eclipse, conseguia brevemente ver sua família a sua volta, era tudo tão confuso, foi tão rápido. A poucos minutos estava salvando seu irmão macaco de continuar preso ao povo do céu, estava com Lo'ak vendo sua mentira sobre saber atirar, agora mal conseguia dizer onde seu corpo estava apoiado.

Escutava o mar baixo, o som do navio e a voz de seu pai implorando que ele ficasse consciente. Sua mãe estava aqui também, não conseguia entender o que estavam falando, era tudo rápido demais.

Viu uma tonalidade diferente, seus olhos estavam cheios de lágrimas, ele nunca sentiu tanta dor na sua vida. Viu um verde característico dos Metkayinas, foi carregado até um Ilu uma segunda vez. Escutou seu pai falando sobre "coração forte" para a sua mãe. Neteyam se sentiu feliz por ter conseguido reconhecer seu rosto no meio do embaçar.

Não diria que estava feliz em morrer, sentir seu irmão desesperado e escutar palavras de conforto não estavam no plano de hoje. Morrer como um forte guerreiro era algo que sempre desejou, mas não agora, logo quando as coisas estavam se ajustando.

Seus últimos meses foram turbulentos, era ensinado sobre uma cultura totalmente contraria da sua, seus métodos de caça foram sua parte favorita. Nas últimas semanas teve que lidar com Lo'ak e o Payakan que provou ser um tulkun incrível, mas teve seus momentos de paz, sua mente estava incrivelmente vazia antes de toda essa situação.

Se morresse agora não se perdoaria, salvar seus irmãos foi reconfortante, era bom saber que estavam bem, todavia Neteyam não tinha feito nada que queria. Não bebeu até passar mal como seus colegas, não fez o evento de maior idade, não se interessou em ninguém ou desabafou sobre amores para sua mãe. Neteyam se privou de tudo, era um adolescente com poucas experiencias, poucos amigos e muitos deveres.

Não conseguiria descansar em paz sabendo que não descansou em vida, não era justo. Ele precisa sobreviver.

Neteyam usou suas forças para pedir a Eywa uma segunda chance, ele precisa viver a vida que merece, ele precisa viver um amor adolescente, ter uma família, ver Tuk crescer e acima de tudo ser feliz.

Era necessário estar vivo.  

Viver; Neteyam e Ao'nungOnde histórias criam vida. Descubra agora