7: A Aproximação do Neteyam Sully;

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Era cedo quando sua mãe o acordou. O que Rotxo disse era verdade, Ao'nung o ensinaria o possível novamente, auxiliando em sua recuperação para que fosse capaz de voltar a caçar dentro e talvez fora do recife.

Quando sua mãe disse que Ronal colocaria um de seus filhos como seu guia novamente, pensou que seria Tsireya, a garota paciente e sem julgamentos, quando foi confirmado que seria Ao'nung ele sentiu-se levemente decepcionado. O garoto não era um professor ruim, ele só era demais, sem paciência, pavio curto e principalmente provocador; "Uma criança faria melhor!", "Enquanto você apanha para a água, os bebês riem da sua cara!", "Os fetos mergulham melhor que você!" e coisas do tipo.

Quando viu o garoto ensinando as crianças um pequeno sentimento de inveja passou por seu corpo, ele era tão diferente com elas, como se fosse um tratamento de ouro. Repetia com um sorriso no rosto, não se incomodava com pausas ou piadas ruins, claro que tudo isso era porque elas tinham metade de sua idade, mas era tão injusto querer um pouco de acolhimento?

Tsireya era uma professora incrível, excepcional longe de seu irmão, a garota perdia totalmente o foco quando Lo'ak e sua cauda expressiva estava presente. Ela ficava em uma espécie de transe, se perdia nas palavras. Neteyam acha surpreendente o fato de uma menina tão bonita como ela se interessar pelo rato do seu irmão.

Tinha se arrumado rápido para o treinamento com o filho mais velho, estava entusiasmado para poder voltar à ativa, queria parar de sentir dor ao nadar, queria poder voltar a segurar sua respiração por mais tempo.

Depois daquela corrida com seu irmão, ele sentiu uma dor desgastante nas pernas, como se ele nunca tivesse feito nada parecido com aquilo. Sua mãe o xingou levemente, falou que tinha que pegar leve com qualquer treinamento ou brincadeira que fizesse. Lo'ak o xingou muito mais, em algum momento os irmãos trocaram de lado, toda vez que Neteyam vai fazer qualquer coisa mais "arriscada" seu irmão mais novo corta sua ideia.

Enquanto caminhava em volta do marui, o sol comia a sua pele, ele quase se queimou em uma tarde. Ao'nung ainda estava se arrumando, o garoto continuava desacostumado com o horário cedo que acordava. Mentiria se dissesse que não amaldiçoou Neteyam por acordar tão cedo, estava desconfiado que fosse sete da manhã, era uma hora de sono perdida.

"Bom dia, Ao'nung!" A voz soou baixa fora do marui.

"Dia." Disse enquanto colocava seu acessório, seus dedos embolavam e seus olhos mal se mantinham abertos, ele tinha dormido tarde na última noite.

Neteyam percebendo a dificuldade do menino se aproximou, sem falar nada deu um leve tapa na mão do metkayina e começou a amarrar fortemente em seu bíceps. Uma das primeiras coisas que aprendeu quando veio para as ilhas era como eles amarravam seus pertences, ele não poderia sonhar em perder algum dos seus.

Ao'nung sentiu um pequeno choque de realidade passando por sua espinha (ele culparia o sono e não sua falta de atenção). Merda, ele iria ensinar o Neteyam, o cara que ele mal anda conversando direito, o garoto que ele não consegue manter um diálogo por muito tempo. Suas orelhas achataram com a lembrança.

"Você parece cansado, não quer dormir mais um pouco?"

"Eu só preciso de um pouco de água fria, e eu não conseguiria dormir de novo."

"Hm, entendi."

Um silêncio não muito confortável se iniciou. Ao'nung saiu rapidamente do marui, parando uma vez para ver se o omatikaya o seguia; ele estava tão aéreo que mal entedia como iria ensinar o amigo, começava por onde? Como ele vai conversar com ele?

"O que você quer fazer primeiro?"

"Respiração seria menos cansativo... mas vai por onde você preferir!"

Viver; Neteyam e Ao'nungOnde histórias criam vida. Descubra agora