8- Yoongi and Sorn

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Sorn.

O ônibus pararia a qualquer momento e tanto eu quanto Yoongi sabíamos disso, a estrada estava escura e os faróis meio danificados não ajudavam a iluminar quase nada a nossa frente, de alguma forma eu havia decorado bem aquele caminho e essa era a última vez que passaríamos por ali, estávamos livres finalmente.

— Veja se não esquecemos nada lá. — Proferi para Yoongi enquanto desligava os pobres motores daquele ônibus, abri a porta já pronta para sair, mas assim que olhei para Yoongi no fundo do ônibus percebi que não sairíamos daquele inferno tão cedo. — O que foi? Vamos logo, Yoongi, precisamos ir, as meninas devem estar nos esperando.

— Um... Um bebê. — Ele balbuciou em choque olhando fixamente para o banco do ônibus. — Sorn, tem a porra de um bebê aqui!

— Nem fodendo, Yoongi. — Murmurei caminhando até aonde ele estava olhando, dei um passo para trás em choque ao ver realmente um recém-nascido ali, dormindo tão tranquilamente. Estávamos fodidos. — E agora, meu Deus?

— A gente não pode deixar ele aqui. Vamos levar ele com a gente!

— Espera... O que? 'Tá maluco?!

— Vai deixar um bebê aqui, Sorn?! Passando fome e frio? Vamos levar ele para a vila conosco e lá vemos o que iremos fazer!

— Ok, mas primeiramente, você está segurando ele errado. — O empurrei para o lado cobrindo a criança novamente e tendo todo o cuidado necessário assim que o peguei. — Só não chore, por favor, pequeno.

— Vamos.

Com cuidado caminhei atrás de Yoongi protegendo a criança em meus braços mas assim que entramos no caminho da trilha vimos dois seguranças com... Roseanne e Miyeon nos braços, ambos sendo guiados por Youngchul, meu coração parando na boca assim que o pequeno bebê começou a murmurar em meus braços, andei o mais rápido possível para longe dali, apertando ainda mais a criança contra o meu corpo e pedindo para que ele ficasse quieto e quando isso aconteceu vi Yoongi andando de um lado para o outro com as mãos na cabeça, assim que olhei para o hospital vi que nada ali estava pegando fogo... O plano tinha dado errado.

— Não, não, não! E agora?! — Yoongi perguntou desesperado. — E agora?! Miyeon e Roseanne foram pegas! O que vamos fazer?

— O mais óbvio não? Entrar lá e tirá-las de lá!

— A gente tem a porra de um bebê nos braços, Sorn!

— A porra do bebê vai com a gente, Yoongi! Falei começando a ficar alterada. — E é culpa dele ter nascido e depois abandonado?! Iremos entrar lá, matar quem for necessário, tirar as duas de lá e depois iremos para a vila, você me entendeu?

— Isso não vai dar certo, Sorn. — Eu parei na frente dele segurando o seu ombro com uma das mãos livres e assim que Yoongi me encarou não demorei em dar um tapa em seu rosto.

— Você não é medroso, você é o cara mais corajoso que eu conheço, e a gente vai conseguir.

— É! A gente vai conseguir! — Sorri assim que ele começou a andar em direção ao hospital mas murmurei assim que ele eu meia volta roendo as suas unhas me olhando completamente aflito.

— Vamos logo! — Falei empurrando o seu corpo até a parte de trás do hospital.

— Como a gente vai subir isso aqui com uma criança junto, porra?!

Pensei durante um tempo, olhando em volta pela longa escuridão que era aquela floresta, apontei para o lenço jogado atrás de uma árvore, Yoongi me ajudou a enrolar aquele pano em meu corpo deixando a criança o mais preso possível em mim, Yoongi me deu alguns puxões apenas para ter certeza e assim começamos a escalar aquele pequeno cano de ferro até o duto de ventilação que dava no quarto de Rosé, conseguia escutar de longe barulhos do hospital e o meu estômago embrulhou em imaginar o que aconteceria caso não tirássemos Miyeon e Roseanne a tempo.

Dei um chute na grade que dava acesso ao quarto de Roseanne, descendo devagar e ajudando Yoongi a descer também, observei a pequena criança que ainda dormia com a cabeça descansada em meu peito, abri a porta devagar assentindo para Yoongi alegando que não tinha ninguém lá no momento, mas nós dois congelamos assim que escutamos os gritos do andar de baixo... Era... Porra, era Roseanne.

Trancamos a porta do quarto novamente, meu instinto me fazendo abraçar o pequeno corpinho do bebê, achando que dessa forma ele não escutaria aqueles gritos horriveis.

— A gente precisa ajudar ela, Sorn! — Yoongi estava desesperado e aquilo me deixava sem conseguir pensar direito no que fazer. — Pelo amor de Deus, Sorn, a gente tem que ajudar as duas!

— E-eu sei! Eu sei, Yoongi, merda!

Mesmo lutando contra o meu lado mais protetor, coloquei o pequeno na cama, o deixando mais confortável possível, mais uma vez supliquei para que ele não chorasse e depois de ter a certeza que ficaria bem, segurei o pulso de Yoongi e juntos corremos pelo o corredor.

— Espera, a gente não pode chegar de mãos vazias! Eles são duas vezes maiores que a gente!

Os gritos de Rosé agora eram acompanhados pelos os de Miyeon fazendo meu coração se apertar cada vez mais, Yoongi me entregou uma velha tábua de madeira que havia arrancado do chão em alguma parte solta e assim que me sentia mais segura, descemos as escadas correndo, seguindo os gritos, aqueles gritos... Eram da sala que faziam, que colocavam em ação a merda daquele projeto... O projeto vinte e dois.

— Não... — Sussurrei, meus olhos começando a se encherem de lágrimas. — Não, não, não!

— Ah, merda! — Yoongi esbravejou assim que paramos na porta daquela sala, os gritos faziam minha cabeça doer, porém, a raiva de Yoongi foi mais forte do que tudo, e depois de tentar duas vezes, me juntei a ele chutando as portas duplas de madeiras reforçadas.

Me joguei em cima do segurança gritando assim que a tábua de madeira acertou o seu rosto, fui derrubada no chão e senti um soco em meu rosto, mas não me impediu de dar chutes aonde os meus pés alcançavam. Eu ainda podia escutar os choros de Roseanne e Miyeon e acho que isso foi o que me deu mais força para acabar com a vida daquele homem nojento. Tateando pelo chão conforme ele me sufocava, consegui achar um pequeno mas afiado bisturi que assim que o firmei em minha mão, fechei meus olhos enfiando o objeto em sua garganta repetidas vezes sentindo o seu sangue quente em meu rosto.

Assim que ele me soltou, empurrei o seu corpo mole e sem vida para o lado, me levantando e vendo que Yoongi estava desacordado juntamente ao outro segurança, olhei para Rosé e Miyeon, correndo até um pequeno armário e com as mãos trêmulas arranquei jalecos dali enrolando o corpo nu de ambas.

— Está... E-Está... Vai se foder, nada está bem agora! — Gritei caminhando até Yoongi. — Seu viado! Acorda, por favor acorda, minha duplinha... — Balancei seu corpo desesperadamente afastando alguns fios de cabelo de sua testa. — ACORDA, POR FAVOR! — Seus olhos se abriram assim que balancei pela última vez, cai pra trás, respirando fundo várias vezes tentando controlar a minha respiração falha. Olhei novamente para as duas garotas e a minha única reação foi abraçá-las, seus corpos estavam trêmula e elas ainda choravam copiosamente.

Se a gente tivesse chegado antes...

— M-Meu pai... — Roseanne sussurrou, quase em um murmúrio agarrando a minha camiseta, a ergui em meus braços e Yoongi fez o mesmo com Miyeon, agora teríamos que fazer o caminho de volta, sem que Youngchul nos visse.

— Pronto? — Perguntei para Yoongi.

— Estou logo atrás de você, loirinha.

1996 - Never Look Back (Chaelisa Ver. G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora