Recomeçando...

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Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança, com fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.

Atenção: Este capítulo pode conter gatilhos.

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Pov: Maraisa

Foram cinco anos de sofrimento, até que eu consegui deixar o medo de lado e criar coragem o suficiente para sair desse inferno. Assim que minha irmã foi para São Paulo eu me tornei prisioneira dele, eu não podia mais sair nem no portão, muito menos receber visitas, sendo constantemente ameaçada de que se eu tentasse pedir ajuda ou falasse com alguém eu nunca mais veria a minha filha. Um pouco antes de ir morar na cidade de São Paulo, Maiara veio falar comigo, e sem que ele percebesse ela me deu o seu número de telefone, justamente para quando eu precisasse e tomasse coragem para aceitar a ajuda que tantas vezes ela me ofereceu quando estava aqui, e que por medo e covardia eu não aceitei. De tanto olhar os números no pedaço de papel, eu acabei decorando todos os dígitos. A pouco mais de duas semanas eu consegui mandar um sms pra ela, como eu não tinha celular pois até isso eu era privada por ele, eu tive que esperar até que Adrien entrasse no banho, para pegar o celular dele, dando um sinal de vida para Maiara. Já faziam dois anos que não tinhamos contato uma com a outra, mas como nossa conversa tinha que ser rápida eu fui direto ao ponto, dizendo que havia resolvido por um fim nesse relacionamento, se é que ainda podemos chamar assim. Que tanto eu quanto a minha filha estávamos bem na medida do possível e que entraria em contato com ela em breve, implorando pra ela não responder a mensagem e ficar aguardando o meu retorno. Depois desse dia eu só consegui falar com ela mais umas três vezes, nesse período conseguimos elaborar um plano para que ela me ajudasse a sair daqui, Mai havia me dito que tentaria entrar em contato com uma amiga de infância que mora a dois quarteirão de onde eu residia, e se tudo desse certo, ela pediria para Yasmin me trazer um dinheiro para que minha filha e eu pudéssemos pegar um ônibus e seguir para São Paulo ao seu encontro. Passei os horários em que Adrien saia e chegava em casa, para que se caso Yasmin estivesse disposta a nos ajudar ela pudesse vir até aqui sem correr o risco de se encontrar com ele. Hoje eu tentaria mandar outra mensagem para ela, para saber se tudo tinha dado certo, espero que Yasmin tenha aceitado nos ajudar, ela se tornou uma das minhas últimas esperança de acabar com esse sofrimento.

— Boo, mamãe! — Maisa bateu as mãozinhas dentro da banheira rosa espalhando água para todo o lodo, me despertando dos meus pensamentos.

— Não faz assim filha, você molhou a mãe. — passei as mãos na blusa retirando os respingos de água.

— "Dicupa", mamãe. — ela me olhou com uma carinha sapeca.

— Está bem meu amor. — dei um beijinho na ponta do seu nariz fazendo a criança sorrir.

— Hora de sair, vem? — Chamei por ela, pegando sua toalha das princesas.

— Não mamãe, "dexa" mais "poquinho". — ela pediu fazendo um bico enorme.

— Já faz tempo que você está aí filha, vai ficar toda enrugadinha. — Depois do banho ela sempre me pedia para brincar na banheira com seus bichinhos, vez ou outra eu deixava, já que sempre era uma luta retirá-la da água.

Com muito sacrifício consegui fazer com que ela saísse da banheira. Terminei de secar seus cabelos a vestido com o pijama de coelhinho que ela tando adorava, seguindo de mãos dadas com minha pequena até a cozinha, coloquei Maisa sentada á mesa que já estava posta, servindo o jantar para ela. Às horas passaram voando, o relógio já marcava quinze para sete daqui a poucos minutos ele estaria em casa, Adrien trabalha em uma loja de material de construção entrando às nove da manhã, saindo às seis da tarde, ele levava normalmente uns cinquenta e cinco minutos para chegar até em casa, Maisa e eu sempre jantávamos sozinhas, o que não fazia nenhuma diferença pra ele e muito menos para mim, na verdade, era um alívio não ter a sua presença. Terminei de comer ajudando a criança a terminar sua refeição, limpando a mesa colocando a louça na pia, levei Maisinha para a sala colocando em um desenho para entretê-la, regressando a cozinha para lavar a louça, vez ou outra eu olhava a criança que estava sentadinha no sofá agarrada com sua boneca da Mônica, com os olhinhos brilhando concentrada na televisão. Estava terminando de secar os pratos quando ouvi o barulho da porta se abrindo, Adrien logo entrou colocando a chave do carro em cima da mesinha de centro, dando um beijo na testa da filha seguindo até onde eu estava.

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