08.

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— Você vai me seguir em absolutamente todos os lugares que eu for? — Newt questionou Thomas que caminhava ao seu lado na trilha para a sala de aula.

— Mais ou menos, ficaria constrangido de te ver ir ao banheiro. — Zombou apenas pelo direito de irritar o loiro. — E você vai descobrir com o tempo que eu sou legal!

— Meio que não estava aqui para me matar? — Ele parou de supetão e só neste momento percebeu que alguns alunos passavam olhando confusos o garoto que conversava... com o nada. 

Teoricamente. — O moreno sorriu, continuando a andar quando Newt começou a acelerar o passo envergonhado até chegar ao seu destino.

Não tinha algo contra Thomas especificamente, mas depois de três horas sendo seguido por uma alma penada e faladeira, tinha saudade do silêncio.

Sentou-se em uma das cadeiras e tomou logo um bom gole de café, depois de um dia dormindo não haviam desculpas para faltar a aula daquela tarde. Brevemente perdeu o mais baixo de vista e soltou um longo suspiro, aquilo era loucura.

Alby: Sonya me contou sobre ontem,
queria saber se você está bem...

Alby: Podemos fazer algo juntos hoje a noite,
talvez ir ao cinema :)

As notificações brilharam na tela do celular que estava logo ao lado de seu caderno. As mensagens não lhe deram nenhum efeito positivo, era péssimo não poder conversar com ninguém a respeito dos eventos daquela manhã, seria esquisito demais até para sua irmã.

— Estão juntos a quanto tempo? — A voz surgiu ao seu lado, sentado com as pernas cruzadas sob a mesa.

Newt teve que disfarçar o susto na hora, queria silenciar sua voz do exterior para que apenas Thomas pudesse ouvir e xinga-lo de todos os nomes possíveis.

Dois anos. — Respondeu baixo na tentativa de que ninguém mais escutasse. — Por que?

— Curiosidade. — Ele deu de ombros, apoiando os braços para trás.

A cabeça do garoto loiro latejava, já havia tomado duas aspirinas e ainda assim parecia carregar um globo terrestre sob a nuca.

Entrou no banheiro rapidamente e logo se deparou com Thomas repousado sob a pia, apenas o observando. Ele anotaria em sua agenda que se sobrevivesse, iria valorizar mais seus momentos sozinho.

— Essa dor de cabeça infernal tem algo a ver com sua adorável presença? — Largou a mochila no chão após checar as cabines vazias. — E você disse que não ia me seguir no banheiro!

— Quando precisar fazer suas coisas, só avisar que eu saio. — Respondeu como se nada fosse. — E sobre a dor de cabeça, talvez... mas nunca aconteceu comigo nas outras vezes.

O loiro ignorou parte da resposta (sobre o banheiro) e ficou em silêncio por um tempo, jogou a água fria da pia contra o rosto e a nuca, buscando algum alívio.

Depois de certo tempo observando-se no espelho, sentou sob o móvel, um pouco distante do outro. Agarrou seu sanduíche que estava guardado e começou a comer, provavelmente não comia em um banheiro desde o ensino fundamental, quando ele sofria bullying.

— Você vai querer lanchar aqui mesmo? — Ele arqueou a sobrancelha.

— Se eu ficar no corredor e me verem falando sozinho outra vez, acho que nem mesmo as leis antimanicomiais dos últimos quarenta anos vão impedir de me mandarem pra uma clínica. — Seu tom era irônico, mas não ríspido.

my sweet fallen angel | newtmasOnde histórias criam vida. Descubra agora